Unesp: Campus de Bauru desenvolve aço mais resistente

Novo material pode substituir, com vantagem, o ferro fundido

qua, 27/07/2005 - 15h50 | Do Portal do Governo

Estudo realizado na Faculdade de Engenharia (FE), campus de Bauru, resultou em um novo material para as indústrias de máquinas e motores, que tradicionalmente utilizam ferro fundido. Chamado de Aço Grafítico Fundido ao Nióbio, o material é obtido pela adição do elemento químico nióbio ao aço. Com essa medida, este torna-se mais resistente à tração, ao desgaste e à corrosão, dando maior durabilidade ao produto final.

A pesquisa foi desenvolvida pelo engenheiro mecânico Carlos Alberto Soufen, no Departamento de Engenharia da FE. Testes realizados por duas empresas do ramo de metalurgia, a KSB Bombas e a Villares Metals, comprovaram que o Aço Grafítico é mais dúctil – isto é, pode continuar sendo utilizado mesmo após alguma deformação – e resistente em relação a outras ligas. ‘A descoberta de um aço com melhores propriedades, se utilizado pela indústria automobilística, por exemplo, permitirá a fabricação de produtos duráveis com tamanhos reduzidos’, assinala o engenheiro.

A principal vantagem do novo material em relação aos aços tradicionais é que ele permite melhor fundibilidade e usinabilidade, ou seja, facilita a parte do processo de fabricação das peças em que se emprega o tratamento térmico. ‘O objetivo principal, com a melhora da fundibilidade e usinabilidade, é baratear as peças produzidas atualmente com outros tipos de aço. A princípio aumenta-se o custo do produto, se comparado àquele produzido a partir do ferro fundido nodular. Em contrapartida, obtém-se melhora nas propriedades mecânicas, como a resistência e tenacidade, além de melhorar o módulo de elasticidade em 15%’, destaca Soufen.

De acordo com o pesquisador, na prova de absorção de impacto, enquanto o ferro fundido suporta, no máximo, 16 joules, unidade de medida de energia absorvida ao impacto, o novo material chegou a 49 joules. No ensaio de tração, o ferro fundido obteve 2,3% de alongamento enquanto o Aço Grafítico chegou a 9%.

A pesquisa aponta que o volume atual das reservas brasileiras de nióbio é suficiente para atender a demanda mundial nos próximos dois séculos. ‘Isso justifica a pesquisa com este material, que vem sendo desenvolvida nos principais centros’, diz Soufen. A maior mina do País encontra-se em Araxá, MG. Além da cidade mineira, outra grande região produtora é o Sudoeste goiano, próximo ao pólo petroquímico do município de Catalão, GO.

Comunicação Unesp

F.C.