Unesp: Campus de Bauru cria jornal que ajuda crianças de comunidades carentes a enfrentar seus probl

Além disso, há duas frentes de atuação: uma com os adultos e outra com os adolescentes

ter, 03/02/2004 - 12h04 | Do Portal do Governo

Do Portal da Unicamp

Os jovens do Conjunto Habitacional Fortunato Rocha Lima, em Bauru, ganharam mais um recurso para aprender cidadania: o jornal Jardim da Paz. Integrado às atividades do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências (FC), o jornal é produzido por professores e estudantes de Psicologia e Jornalismo do campus local da UNESP, educadores do Projeto Girassol – entidade que atende meninos e meninas de 7 a 12 anos do Fortunato – e jovens da própria comunidade, com o apoio do Colégio Fênix.

Executora do projeto, Cristina Fernandes, estudante do 4º ano de Jornalismo da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), afirma que o jornal busca a superação de problemas de aprendizagem escolar e auto-estima.

‘Quando a criança vê seu trabalho numa publicação que será distribuída no bairro e na cidade onde mora, começa a sentir-se valorizada e a superar traumas provocados por situações hostis’, afirma.

O psicólogo Celso Zonta, supervisor do estágio em Psicologia Social e Comunitária, coordenou em julho uma pesquisa sobre o bairro, que possui 2.800 habitantes. ‘Não há creches nem escolas suficientes para as crianças, e o posto de saúde mais próximo, além de ficar bem longe, não tem capacidade para atender todos’, desabafa.

Supervisora do estágio em Psicologia da Educação, a psicóloga Marisa Meira elogia o jornal: ‘As crianças do conjunto não têm outro espaço para expressar seus sentimentos nem realizar trabalhos em grupo, desenvolver uma visão crítica e outros conceitos’, conclui.

Pedro Celso Campos, jornalista responsável pelo jornal e professor do Departamento de Comunicação da Faac, argumenta que a mídia brasileira deveria ser o grande porta-voz dos excluídos. ‘Mas, infelizmente, só procura neles humilhações, para alimentar um noticiário escandaloso’, critica.

As atividades dos estagiários de Psicologia da Educação com as crianças do Projeto Girassol são duas: a Oficina de Direitos Humanos e o Conte um Conto, que ocupam editorias do jornal e cujas histórias dão margem para outras atividades – a última delas vai virar livro e peça de teatro.

Além disso, há duas frentes de atuação: uma com os adultos e outra com os adolescentes que já não têm mais idade para participar do projeto.

O interesse dos adultos surpreendeu. ‘Muitos ajudaram a distribuir o jornal, talvez porque também passaram a vê-lo como um meio onde podem contar suas histórias de vida, denunciar seus problemas e mobilizar a comunidade para resolvê-los’, afirma Cristina.

Mais informações podem ser obtidas no site www.unesp.br

V.C.