Unesp: Aluno de São José do Rio Preto cria computador de elevado desempenho por R$ 60 mil

Supermáquina, avaliada em mais de R$ 5 milhões, unifica 16 PCs de alta velocidade

sex, 07/03/2003 - 11h01 | Do Portal do Governo

Da Agência Imprensa Oficial


O quartanista João Câmera Junior, do curso de Matemática do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp de São José do Rio Preto, criou um supercomputador, avaliado em US$ 1,4 milhão, com apenas R$ 60 mil. O estudante tem 23 anos, é estagiário do Departamento de Física e trabalha com um grupo de pesquisadores.

A máquina é utilizada para descoberta de estruturas tridimensionais de proteínas associadas ao estudo e produção de medicamentos no combate a doenças como câncer, tuberculose e malária.

Para processar esses cálculos e modelos matemáticos, a Unesp adquiriu uma supermáquina da IBM, há seis anos, com o auxílio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, por US$ 1,4 milhão, equivalente a mais de R$ 5 milhões em fevereiro de 2003.

Com o aumento de demanda de trabalho nesta linha de pesquisa, houve a necessidade de mais supercomputadores. Câmera Junior, com a ajuda do professor do Ibilce, José Machado, realizou treinamento no Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos, no final de 2001. Naquela ocasião, pela primeira vez o aluno acompanhou a montagem de um supercomputador.

Supermáquina Pandora

A partir da tecnologia Cluster Beowulf, o estudante montou, em três semanas, um supercomputador que unifica 16 PCs de alta velocidade, com 40 gigabytes de disco cada, totalizando quase um terabyte de disco disponível – um trilhão de bytes. Com maior capacidade de memória e um processador 120 vezes mais rápido que outro computador, a supermáquina foi batizada como Pandora.

O nome é alusão à célebre caixa da mitologia grega. O interior desse recipiente possuía todos os males do mundo e também dois olhos verdes da esperança. ‘Pode-se tirar de um supercomputador coisas boas ou ruins. Nós vamos extrair apenas o que há de melhor.

Além de ser mais barato que o computador da IBM, o Pandora tem excelente capacidade de tráfego de dados e, em um ano de funcionamento, nunca travou,’ afirma Câmera Junior.

Após a divulgação da criação do supercomputador a baixo custo, o estudante está sendo muito requisitado. Para o próximo ano, está prevista uma viagem à China para mostrar o desenvolvimento de um supercomputador com R$ 60 mil. ‘Tenho certa facilidade com a máquina, mas também tive de ler muito para conseguir o que conquistei.’

Combater doenças

O computador de alto desempenho, como o Pandora, serve para descobrir as funções das proteínas identificadas no genoma, por meio do projeto Proteoma. Com base no conhecimento das estruturas de proteínas codificadas no genoma humano ou de parasitas, os pesquisadores serão capazes de desenvolver drogas que combatem determinadas doenças.

Entre algumas maneiras para se obter o modelo tridimensional de macromoléculas biológicas, está a simulação via bioinformática, por meio de cálculos matemáticos. Para se chegar à forma real de cada proteína, são usados milhares de modelos. Isto também exige sistema computacional que garanta confiabilidade no modelo tridimensional da proteína.

(Fonte: www.unesp.br)
(AM)