Trechos da entrevista do governador Geraldo Alckmin após inauguração da Febem Pirituba

Parte final

sex, 08/02/2002 - 17h28 | Do Portal do Governo

Repórter – O senhor vem pedindo para o Governo Federal a diminuição da taxa de juros, já há algum tempo. Agora há pouco, o FMI voltou a recomendar a manutenção dessas taxas elevadas. Como o senhor avalia essa recomendação do FMI?

Alckmin – Essa é uma área em que não é proibido as pessoas defenderem suas posições. O FMI tem a sua. Nós achamos que, quando foi necessário, o Brasil elevou a taxa de juros e São Paulo defendeu essa posição, por considerar que naquele momento a moeda corria o risco de um ataque especulativo, e tínhamos de protegê-la. Hoje, os pressupostos macroeconômicos são muito melhores. Na verdade, o Brasil avançou muito: saiu de um déficit fiscal para um superávit primário e melhorou a balança comercial. Enfim, tivemos avanços importantes. Por isso, defendemos a redução dos juros. Está havendo um processo de retração da atividade econômica. A queda na taxa de juros, ainda que pequena, sinaliza para o mercado de forma importante.

Repórter – Que mensagem o senhor daria aos paulistanos hoje que se sentem fragilizados ou inseguros nas ruas de São Paulo e de Campinas?

Alckmin – De que essa é uma guerra e durante a qual o Governo não vai descansar. É dia e noite nessa guerra. A polícia está motivada, está todo mundo nas ruas fazendo blitz no combate à criminalidade. O Governo está tomando outras medidas, além daquelas que já tomou, e a população pode ajudar, e muito, ligando paraa o Disque Denúncia. Se você perceber na sua rua, no seu bairro, uma casa estranha, pessoas com comportamento estranho, ligue e ajude a Polícia a pegar os criminosos.

Repórter – O senhor se sente seguro em São Paulo hoje?

Alckmin – Eu não ando em carro blindado, confio na polícia. Acho que é uma guerra difícil. Tenho consciência do tamanho do desafio, mas é luta permanente. Nós não vamos descansar enquanto essa situação não melhorar. E temos de reconhecer que estamos avançando. Nesses últimos 10, 12 dias, foi uma vitória diária. Estamos avançando na investigação de crimes muito graves e estamos conseguindo prender quadrilhas importantíssimas.

Repórter – Por que essa motivação recente da Polícia, governador?

Alckmin – Não é recente. Um conjunto de medidas já vem sendo tomadas. Enviei no ano passado um projeto para a Assembléia Legislativa a respeito de um concurso para contratar 4.000 guardas de muralhas. Além disso, as novas penitenciárias e os centros de detenção provisória que estamos inaugurando começaram há algum tempo. Portanto, existem providências que começaram no ano passado e outras que estão se iniciando agora. É uma luta que não termina. E nós vamos diminuir os índices.

Repórter – O Governo paulista anunciou ontem que não existe mais nenhum seqüestro em andamento no Estado. E, agora, parece que o foco vai ser a solução do caso do prefeito Celso Daniel. Solucionado isso, esse empenho demonstrado pelo Polícia nas duas últimas semanas vai prosseguir?

Alckmin – Esse empenho é permanente, não tem descanso. Essa é uma luta permanente. Queremos mais polícia nas ruas para policiamento preventivo e ostensivo, por isso a contratação dos guardas de muralha e dos jovens. A outra tarefa é agirmos nas causas da violência. Por exemplo: como acabou o racionamento de luz, vamos iluminar feericamente todas as nossas cidades que estão na escuridão, porque isso ajuda na segurança. Também vamos fazer política públicas com os jovens. Ontem estive em Campinas, e, além do Disque Denúncia, o empresariado também está disposto a nos ajudar no programa Parceiros do Futuro, para abrirmos as escolas nas regiões mais violentas todos os fins de semana, proporcionando esporte, lazer e cultura. Também estão previstas parcerias com as prefeituras. Em Campinas, vamos fazer o CIC, Centro de Integração da Cidadania. Vamos colaborar com o Judiciário na área da informática, especialmente nesta questão da vídeo-conferência. Enfim, esse é um trabalho que, quanto mais unido, mais integrado, melhor o resultado.

Repórter – Governador, o senhor desfila na Leandro de Itaquera?

Alckmin – Não. Eu vou somente assistir. Minha agenda é trabalho.

Repórter – O senhor vai na abertura dos desfiles hoje à noite?

Alckmin – Não. Vou mais tarde.

Repórter – Governador, o senhor gostaria de fazer as pazes com o presidente?

Alckmin – Fazer as pazes por que?

Repórter – Teve um clima de desgaste entre o senhor e ele…

Alckmin – O presidente e eu falamos toda semana por telefone.

Repórter – Mas o senhor foi especialmente em Brasília para encontrá-lo?

Alckmin – Foi boa a conversa.