Parte I
Pergunta: Qual o balanço que o senhor faz do Disque-Denúncia?
Alckmin: Esta foi uma iniciativa de absoluto sucesso. Reuniu empresas cidadãs que têm dado uma contribuição enorme, sociedade civil organizada, através do Instituto São Paulo Contra a Violência, e o Governo, através das suas polícias Civil e Militar. Esse trabalho integrado possibilitou, em um ano, 182 mil telefonemas, com absoluto sigilo, absoluta reserva da identidade das pessoas, prisão de quase mil criminosos, salvando vidas, evitando fugas, recapturando fugitivos, apreendendo bens roubados, enfim, um trabalho importante. O bom é que essa iniciativa seja expandida para outras regiões de São Paulo, além da Grande São Paulo.
Pergunta: A idéia então é ampliar o Disque-Denúncia para o Interior, por exemplo?
Alckmin: Este é o ideal. E que a gente possa divulgar, que todo mundo tenha esse número 0800-156315 na cabeça, porque não há crime perfeito. A pessoa tendo uma informação, com sua identidade preservada, que imediatamente telefone para que a polícia possa agir com rapidez.
Pergunta: Com iniciativas como essa, o senhor vê uma divisão de responsabilidades entre Governo, comunidade e empresários na questão da segurança pública?
Alckmin: Esse é o grande caminho, não é? A questão da violência no mundo moderno extrapola as questões de Governo. O Governo é responsável pela Segurança Pública, mas o combate à violência tem que envolver todo cidadão e, principalmente, a sociedade civil e as empresas.
Pergunta: No orçamento do ano que vem o Governo vai investir mais dinheiro na segurança?
Alckmin: Nós vamos investir mais em Segurança Pública. O maior crescimento orçamentário para 2002 é a Segurança Pública, que será de 17%.
Pergunta: Quanto é isso em dinheiro, governador?
Alckmin: Isso vai dar em torno de R$ 5 bilhões no ano de 2002. Essa é a maior prioridade do Governo e o Disque-Denúncia é uma iniciativa da sociedade civil, mas que o Governo é parceiro e participará sim para que ele possa ser ampliado.
Pergunta: Governador, o senhor anunciou números importantes do Disque-Denúncia, um instrumento importante para a situação da Segurança Pública. Mesmo assim, um outro número preocupa as pessoas que moram em São Paulo, que é o de seqüestros. Hoje, há informações de sete seqüestros em andamento. Nas últimas 24 horas aconteceram cinco novos seq6uestros. O que o Governo pode fazer para diminuir esse número?
Alckmin: Eu acho que é importante até a gente colocar isso de maneira clara nos meios de comunicação. Na maioria desses casos os bandidos ou foram mortos no enfrentamento com a polícia ou estão sendo presos. E, dependendo do caso, em média serão 12 anos de prisão. Pode ser mais. Eu não tenho dúvida de que essas quadrilhas, esse crime organizado vai diminuir em questão de meses. Até porque a polícia está agindo firmemente. Grande parte já foi presa e outra parte morta em enfrentamento com a polícia, e vamos ter bons resultados até o final do ano.
Pergunta: O governador Mário Covas também admitiu que o problema da violência é o principal defeito, o calcanhar de Aquiles de seu Governo. Vários candidatos já apontam esta como a grande falha. O senhor teme que o PSDB, no próximo ano, tenha problemas na eleição?
Alckmin: Não. A questão da violência é o desafio do mundo moderno e nós não vivemos separados do restante. É um desafio que exige polícia preparada, equipada, integrada, polícia comunitária, novos modelos gerenciais, novos modelos tecnológicos e, principalmente, participação da sociedade. Se a sociedade participar, colaborar de maneira organizada, poderemos ter resultados muito melhores, que é o que estamos verificando nesta iniciativa.
Pergunta: O secretário da Segurança diz que o principal problema da polícia é comunicação entre as duas polícias, porque ela é análoga e teria que ser digital. Com esse dinheiro que será investido no próximo ano, a parte de comunicação será resolvida?
Alckmin: Essa parte é absolutamente prioritária e um desses programas é o Infocrim, que possibilita um trabalho de geo-referenciamento on-line. É você saber, nas grandes cidades, em cada bairro, o tipo de delito, quem está cometendo, qual a idade, qual o sexo, qual o tipo de atividade criminosa e ter os instrumentos necessários para uma ação mais eficaz da polícia.
