Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin em Washington

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qua, 14/11/2001 - 22h05 | Do Portal do Governo


Seguem trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta quarta-feira, dia 14, em Washington, no Estados Unidos:

Alckmin : …parte do financiamento de execução do Banco Mundial é o programa de microbacias. São mil e quinhentas microbacias, envolvendo mais de 4 milhões de hectares de terra, 600 municípios e 90 mil produtores rurais. E visa a recuperação do solo com terraciamento, curvas de nível, recuperação de áreas degradadas, melhor produtividade rural e melhor renda para o pequeno e médio produtor rural do Estado. Este projeto está começando, estamos com 3% dele executado, é um projeto de 124 milhões de dólares. Em ambos os casos, é de 55% de dinheiro do tesouro e 45% financiamento do Banco Mundial.

Outro projeto, que é o objeto maior da nossa vinda a Washington, é o financiamento de parte da linha 4 do Metrô. A cidade de São Paulo é uma das cidades mais motorizadas do mundo, com mais de 5 milhões de veículos, cada duas pessoas um veículo, e que tem muito pouco metrô. Nós temos 49 quilômetros de metrô, para uma cidade de 10,5 milhões de pessoas e a região metropolitana com 17,5 milhões de habitantes. É muito pouco metrô. E esse transporte individual preponderante, ele infarta a cidade, o trânsito não anda, a cidade perde investimento, perde emprego, cai a qualidade de vida, piora a segurança pública e o meio ambiente, qualidade do ar, por causa do monóxido de carbono de carro, caminhão, ônibus. Então, precisamos expandir rapidamente o metrô. A linha 4 do metrô, cujo projeto já está pronto, liga a Luz até Vila Sônia, até Taboão da Serra. É a chamada linha amarela, linha da integração, porque ela começa na Luz, que é linha norte-sul, linha 1, passa pela Praça da República, que é a linha 3, leste-oeste, integra com a linha 3, passa pelo Espigão da Paulista, que é a linha 2, do Hospital das Clínicas /Vila Madalena, desce a Rebouças, Pinheiros, Butantã, cruza Osasco/Jurubatuba, Marginal de Pinheiros, que é a futura linha 7 do metrô e vai terminar lá em Taboão da Serra, uma região carente, mais pobre. Então ela interliga 4 linhas de metrô, por isso chamada a linha da integração.

É o maior investimento no metrô de São Paulo, será 1,2 bilhão de dólares, 13 quilômetros de metrô, a maior parte em túneis, 11 estações, capacidade de transporte de 950 mil passageiros/dia.

Nós já publicamos a semana passada o decreto de utilidade pública, decretando de utilidade pública toda a área por onde vai passar o metrô, estações, faixas de metrô. Publicado o decreto de utilidade pública, nós solicitamos ontem ao Banco Mundial a possibilidade de aprovação ainda na reunião da diretoria do BIRD neste ano, na última reunião que é no mês de dezembro. Deveremos fazer a audiência pública semana que vem em São Paulo e pretendemos ainda este ano, mês que vem, publicar o edital de pré-qualificação.

Depois, o Banco Central encaminha ao Senado Federal para autorizar o empréstimo, e o senador Pedro Piva tem tido um empenho grande lá no Senado. São Paulo tem capacidade do endividamento. Licitada a obra, pretendemos contratá-la até abril do ano que vem. Ela será feita em duas fases: a primeira fase 950 milhões de dólares e a segunda fase 250, 300 milhões de dólares. E pela primeira vez terá participação da iniciativa privada. Terá recursos do Governo do Estado, Banco Mundial e JBIC, que é um órgão de financiamento do governo japonês, e também o setor privado. Hoje nós temos um encontro no BID e o principal objetivo desse encontro são dois projetos: um projeto é a linha 5 do metrô, nós estamos em obra terminando a linha 5 do metrô, ligando Capão Redondo até o Largo 13 em Santo Amaro.

Há quase 20 anos que o metrô de São Paulo não iniciava uma linha nova, só era feito extensão, prolongamento do que já existia. Quase 20 anos depois, se começa e se termina uma linha nova, é a linha 5 do metrô. Essa semana ainda estive lá, na vistoria, e já colocamos o trilho. São 9,8 km na nova linha do metrô. Começa no Capão Redondo, passa pelo Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi, Santo Amaro e Largo 13. Isto está em obra. Transportará no ano que vem 350 mil passageiros/dia. O que nós estamos solicitando ao BID são recursos para o prolongamento dessa linha. Nós queremos continuá-la até a estação Santa Cruz, que aí interliga com a linha Norte-Sul. Este investimento é em torno de 580 milhões de dólares, esse prolongamento, e nós teremos mais 450 mil passageiros/dia, chegando até a linha Norte-Sul. E pode dizer que ela representa o maior investimento da história do metrô, porque se nós somarmos a linha 4, com 1,2 bilhão de dólares, com o prolongamento da linha 5 – mais 600 milhões de dólares, nós estamos falando aí de quase 1,9 bilhão de dólares em investimentos de metrô. E se nós somarmos o que já está ficando pronto, nós estaremos falando de 1,8 milhão de passageiros por dia. O metrô transporta hoje em torno de 2,7 milhões de passageiros por dia, ou seja, quase 60% a mais do implemento de transporte do metrô, que é um transporte de alta capacidade e de qualidade.

No caso da integração centro, o financiamento aí é do Banco Mundial, aí estamos nos referindo a trem, onde São Paulo tem uma malha ferroviária relevante, 270 km de ferrovia de trem, e o que precisa é recuperar.

E tem um outro financiamento do BID, que eu destacaria, na área social, que chama-se Fábricas de Cultura. É um investimento de 20 milhões de dólares do BID, que é será implantado nas regiões mais violentas da capital e da região metropolitana. A idéia é levar rapidamente programas culturais, como o projeto Guri, ou seja, de incluir nos programas culturais 150 mil jovens, projeto Guri, orquestra, música, projeto Arquimedes, Universidade Livre de Música, Projeto Tom Jobim, ensino de música, artes cênicas, enfim, toda esta área cultural para as regiões mais violentas.

E temos em fase já de projeto já encaminhado, a segunda parte de modernização da secretaria da Fazenda, de informatização, que tem como foco o combate à sonegação, em especial, na área de bebida e combustível, especialmente álcool. É um projeto de informatização e de modernização, combate à sonegação, e implementação da Bolsa Eletrônica de Compras (BEC) que é um projeto de grande sucesso. Até o secretário da Fazenda foi convidado para voltar no começo do ano para fazer uma exposição no banco, que é a bolsa eletrônica de compra. Nós estamos comprando agora através de leilão eletrônico. Então, por exemplo, estamos comprando pneus para carro da polícia 20% mais barato, na medida que no leilão eletrônico você agregou 200% a mais de concorrência. Isso deu mais transparência e maior participação, e caiu 20% o preço. Queremos implementar mais a BEC, que está incluída na segunda fase de modernização da secretaria da Fazenda. E também toda a parte de pessoal, com a sua informatização, possibilidade de auditoria informatizada.

Esses são os programas. Nós ainda temos do BID dois projetos já aprovados que deverão ter início no começo do ano, que é o projeto de recuperação de rodovias, recuperação de rodovias, com 240 milhões de dólares. Recuperação e readequação. Há também o projeto de erradicação de cortiços. São 110 mil unidades habitacionais, 700 mil pessoas beneficiadas.

Repórter : Qual o valor do financiamento?

Alckmin : O Banco Mundial, no caso da linha 4, ele entra com 209 milhões de dólares e o JBIC com mais 209 milhões de dólares. Então dá 418 milhões de dólares em um projeto de 1,2 bilhão.

Repórter : E qual a posição do Banco Mundial em relação ao projeto?

Alckmin : O Banco mundial destacou alguns pontos importantes. Primeiro o enfrentamento da pobreza. Ou seja, absoluta prioridade a investimentos na área que tem importância social, atenda à população mais necessitada. E em São Paulo, quem anda de trem, quem anda de metrô são exatamente as famílias de renda menor. Então está dentro da prioridade do Banco, o enfoque do Banco que é a questão social.

A segunda questão destacada foi o ajuste fiscal feito pelo Estado. Quer dizer, o equilíbrio das contas públicas, a contra-partida do Governo rigorosamente em dia, o déficit público zero.

E terceiro a participação privada. Pela primeira vez, no caso da linha 4, nós teremos também participação do setor privado. Então este foi o enfoque mais importante. E o projeto, eu diria que já amadureceu. Ele não começou agora, ele já vem de anos de estudo e eu acho que agora nós chegamos à fase de aprovação do BIRD. Nós temos capacidade em investimento. Já tem pré-aprovação do governo federal e deve ser encaminhado para o Senado.

Repórter : Sobre a linha 5, governador…

Alckmin : A linha 5 é nova. A linha 4 já foi muito estudada pelo Banco Mundial e nós estamos na fase de aprovação por parte da diretoria do Banco. A linha 5 é pedido novo. Queremos prolongar a linha 5 porque o ganho na relação custo-benefício vai ser muito maior do que você fazer Capão Redondo-Santo Amaro e parar em Santo Amaro. Se você chegar à linha norte-sul, na estação Santa Cruz, o ganho é muito maior em termos de eficiência e custo-benefício, e esse é um pedido novo que o Banco vai apreciar. Estou otimista, porque foi o próprio BID que financiou Capão Redondo-Largo 13. Como eles já estão financiando e a obra está indo muito bem dentro do cronograma, eu vejo com boas expectativas chegarmos até a linha norte-sul.


Na noite desta quarta-feira, dia 14, o governador Geraldo Alckmin participou de um jantar oferecido pelo presidente do BID, Enrique Iglesias, em Washington.

Foto a – b – c – Governador Geraldo Alckmin participa de jantar oferecido pelo presidente do BID, Enrique Iglesias