Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta terça-feira, dia 7, no

Parte I

ter, 07/08/2001 - 12h43 | Do Portal do Governo

Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta terça-feira, dia 7, no 1º Congresso de Comunicação no Serviço Público, no Centro de Convenções Rebouças

Parte I

Repórter – O senhor tem reunião à tarde com as polícias. O que vai haver de novo? Pode adiantar alguma coisa?

Alckmin – Nós tivemos duas reuniões bastante proveitosas onde explicamos o reajuste concedido. Os índices 6%, 8% e 10%, extensivos a aposentados e pensionistas, o piso de R$ 1.000,00, nas menores cidades de São Paulo, tanto para soldado quanto para o equivalente na Polícia Civil, e R$ 1.050,00, R$ 1.100,00 e R$ 1.150,00, no caso das grandes cidades. O piso para delegado, tenente, médico legista e perito foi para R$ 2.500,00, e explicamos as limitações do Governo. Limitações financeiras mesmo, de dinheiro, porque infelizmente estamos vivendo um momento difícil, porque há uma diminuição da economia no mundo inteiro, Japão, Europa, Estados Unidos, crise argentina, dólar/câmbio, crise energética…. Ontem, por exemplo, tivemos uma perda de R$ 47 milhões. Num dia! Quer dizer, a arrecadação foi R$ 47 milhões menor, o que mostra que o mês de agosto não vai ser bom como foi o primeiro semestre. Explicamos tudo isso e também a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece limites com gastos com o pessoal, que nesse ano é 50% da receita corrente líquida. Mas estamos à disposição para ouvir quais outros caminhos podemos seguir para melhorar. Recebi três reivindicações: a primeira, o índice. Claro que as entidades e lideranças querem um índice mais alto, que nós podemos estudar alguma coisinha para 2002. A segunda, benefícios indiretos tipo casa, enfim, alternativas nessa linha de financiamento de imóvel. E a terceira, problemas específicos de carreira, que precisam ser estudados.

Repórter – Fica mais fácil?

Alckmin – Nós vamos hoje novamente ouvir as entidades, o que elas sugerem e, dentro das limitações, verificar o que é possível fazer.

Repórter – O senhor está tranqüilo com relação a essa reunião?

Alckmin – Tranqüilo. Aliás, as duas reuniões anteriores foram boas. De bom nível.

Repórter – Governador, essa perda de arrecadação foi pela crise de energia ou também pela crise da Argentina, cambial?

Alckmin – O ICMS tem três grandes áreas de arrecadação. Os três setores mais importantes são o de combustível, telecomunicações e energia. Mas não foi uma queda específica. Nós até analisamos isso ontem à noite. Foi uma queda meio generalizada. Quer dizer, a economia que no primeiro semestre veio crescendo num ritmo mais intenso teve uma redução e, ontem, representou quase a arrecadação do mês. A gente arrecada R$ 1,7, R$ 1,8 bilhão e ontem eram R$ 800 milhões. Então, quase 40% da arrecadação do mês de agosto. Portanto, um dia decisivo em relação ao comportamento do mês.

Repórter – Se essa retração continuar o Governo pode rever seus investimentos do orçamento deste ano ou para o próximo ano mesmo?

Alckmin – Evidente, por quê? Pessoal, nós não vamos cortar. Se não tem como reduzir salário, quando você tem uma queda de arrecadação…Temos custeio que também tem limite, porque não se pode cortar remédio de hospital, gasolina para a Polícia. Então, onde você tem mais margem é exatamente nos investimentos. O que não é bom porque os investimentos são importantes para ampliar a infra-estrutura do Estado e melhorar o serviço público para a população.

Repórter – E já existe previsão de perda para a população?

Alckmin – Não. Nós tivemos um dado preocupante, um sinal amarelo. Vamos avaliar o comportamento daqui para frente.

Repórter – E qual a relação que a Assessoria de Comunicação tem com a cidadania, democracia e sociedade?

Alckmin – Acho que é fundamental, porque a democracia pressupõe informação. O governador Mário Covas dizia que a população, por exemplo, no processo eleitoral, o povo não erra. Acontece que, às vezes, ele não tem todas as informações. É fundamental no regime democrático você ter informações. Depois, do Governo. Você prestar contas à sociedade do que está sendo feito e interagir com a sociedade. Não é só falar, é ouvir. É você ter mecanismos modernos e os meios de comunicação são essenciais, ferramentas fundamentais, para haver essa interação com a sociedade. É a chamada ‘democracia participativa’, onde a sociedade civil organizada interage com o Governo. E você governando junto, interagindo, vai errar menos e vai acertar mais.

Repórter – Governador essa sugestão do Ministério da Justiça, da polícia ir cobrir greve de outros Estados ou de um determinado Estado, o senhor chegou a ver essa sugestão?

Alckmin – Olha, todo dia tem uma notícia diferente. Então, a gente prefere primeiro avaliar a proposta para depois se manifestar.

Repórter – Governador, o coordenador da arrecadação tributária, Clóvis Panzzarini, já tinha detectado uma alteração na trajetória da arrecadação. Agora com essa perda a tendência é continuar assim? Ontem, o senhor falava que o segundo semestre normalmente era melhor por causa do Natal, do 13º salário. A situação está se invertendo?

Alckmin – O primeiro semestre foi bom, a arrecadação se comportou bem e é nítido que houve crescimento da atividade econômica. No mês de julho, que já esperávamos um efeito da crise energética, do câmbio, dessa crise mundial, o efeito não foi drástico, não tão bom quanto junho, mas razoável. Agosto é que deu um sinal de preocupação.

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