Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta quinta-feira, dia 21, após visita às obras do Rodoanel:
Rodoanel
Pergunta: O que o senhor achou do andamento das obras? Em quanto tempo será entregue?
Alckmin: O primeiro trecho a ser entregue são as obras na própria Régis Bittencourt. É uma nova ponte na Régis, no Embu, que vai possibilitar um acesso mais seguro à região. Em quinze dias a obra estará pronta. O próximo trecho do Rodoanel é o que liga a Régis Bittencourt à Raposo Tavares. São mais sete km, que serão entregues à população, no máximo, até o início de abril.
Celulares
Pergunta: Esta semana o senhor sancionou a Lei que disciplina o uso e a venda dos celulares pré-pagos em São Paulo. Ontem, no Bom Dia São Paulo o representante da Anatel não soube dizer como será solucionada a questão do pré-pago nos outros Estados. O senhor já tomou conhecimento desse problema?
Alckmin: Nós só podemos legislar dentro do Estado de São Paulo. Já temos o Rio de Janeiro, Santa Catarina e, acho, o Paraná. São Paulo é o 4o Estado. O ideal seria que essa regulamentação fosse feita pela Anatel para valer em todo o País. De agora em diante quem comprar o pré-pago já vai estar cadastrado. É só dar o nome, endereço, RG. Das quase seis milhões de pessoas que possuem o celular, 1,5 milhão delas já foram cadastradas. Tenho confiança em que a população vai aderir à campanha, pois vai estar colaborando com a segurança pública. O cadastramento não resolve todos os problemas. Contudo, é mais um instrumento para dificultar o crime.
Pergunta: A Anatel deve recorrer da decisão judicial sobre os bloqueadores de celulares. O senhor acha que vai ser difícil levar adiante a decisão?
Alckmin: Eu acho que a Anatel deveria regulamentar o pré-pago e também aprovar os bloqueadores. Esse é um problema que já está colocado há mais de um ano e cabe a ela buscar uma solução. Hoje a tecnologia é sofisticada e permite o uso de bloqueador.
Segurança Pública
Pergunta: Gostaria que o senhor fizesse uma avaliação da atuação da polícia com relação à investigação de casos envolvendo pessoas famosas e pessoas anônimas. Existe uma diferenciação?
Alckmin: A polícia trabalha em todos os casos. Tanto preventiva quanto ostensivamente, investigando todos os casos de homicídio. No caso de seqüestro, as pessoas atingidas têm maior poder aquisitivo.
Pergunta: Nós temos uma reportagem que mostra dois casos. Um em que a mãe espera há dois anos e seis meses uma reposta da polícia e outro de um músico assassinado na Vila Madalena há um ano e que até hoje o caso não teve solução.
Alckmin: Não há crime perfeito. Às vezes, existe uma demora maior para se descobrir os criminosos. Mas a polícia está trabalhando e está fazendo um bom trabalho. Cito um exemplo: houve um crime em Franco da Rocha no ano passado. No final do ano foram presos os criminosos e agora, os mandantes. A polícia está motivada e trabalhando muito. Tenho certeza de que os números da violência vão cair ainda mais. Só nas últimas 24 horas, foi preso em São Vicente um dos criminosos que atirou contra o Fórum local. Também foi preso um casal de seqüestradores, em Sorocaba, ligado a outros tipos de sequestro. Além disso, foi estourado um cativeiro, em Mauá, e liberada uma vítima.
Pergunta: Os prefeitos se reuniram ontem e vão pedir para o senhor acesso ao Infocrim. E disseram que, quando tiverem acesso ao Infocrim, vão querer discutir com a Secretaria de Segurança as prioridades de policiamento em cada município. O seu Governo tem abertura para isso?
Alckmin: As prefeituras podem ajudar muito. Por exemplo: colaborar com a guarda municipal integrada com a ação policial; e com iluminação pública, pois, com o término do racionamento de energia, é necessário iluminar feéricamente todas as cidades. Outros pontos: limpeza pública e ações sociais. Podemos desenvolver um trabalho de georeferenciamento, indentificando os bairros mais violentos, e as prefeituras podem ajudar na área social, com quadras de vôlei, basquete, futebol de salão, educação, cultura, esportes. Quanto mais integração houver, maior será a eficiência.
Pergunta: Eles vão ter acesso ao Infocrim?
Alckmin: Claro, qualquer pessoa tem acesso ao Infocrim. Quem entrar na internet, terá acesso a dados da criminalidade das 645 cidades do Estado.
Pergunta: O senhor agora pela manhã vai receber o prefeito de Santo André para novas noticias sobre o assassinato do prefeito Celso Daniel. O senhor acha que vai ter alguma coisa nova para mostrar para ele? O PT tem cobrado uma atuação mais rápida da polícia.
Alckmin: É raro ver em trinta dias uma ação com tanto rigor, tanta transparência e tanto empenho da polícia. Foram ouvidas mais de 90 testemunhas e elaborados 16 laudos periciais. Mas eu não falo sobe investigação; quem fala é a polícia.
Pergunta: Em entrevista ao Estadão, um agente penitenciário admitiu que uma minoria corrupta facilita a ação de facções como o PCC nos presídios. O que está sendo feito? como pode ser minimizada essa situação?
Alckmin: Demitir quem é corrupto. O ano passado foram demitidos 496 funcionários públicos da área da segurança. Se a conduta irregular é comprovada, o servidor é demitido.
Pergunta: Com relação aos policiais militares que o senhor pretende tirar das tarefas burocráticas e colocar nas ruas, quantos vão efetivamente trabalhar na Capital?
Alckmin: Esse número não está definido ainda. Mas amanhã já começam a trabalhar cerca de 290 soldados na Capital, Osasco e Guarulhos. Estamos aumentando o recrutamento de policiais militares. Na semana passada se formaram mais 240. Vamos também deslocar para as ruas o pessoal da área área administrativa. A prioridade é a Capital, Região Metropolitana de São Paulo, Região de Campinas e seu entorno, Baixada Santista, Jacareí e São José dos Campos.
Pergunta: A Associação de Defesa da Polícia Militar disse que esse número de seis mil policiais vai significar na prática um ou dois policiais a mais por bairro, porque tem um afastamento muito grande na polícia e também porque tem que atender o Interior.
Alckmin: Na realidade, eles serão distribuídos entre as áreas prioritárias e não por todo o Estado.Seis mil representam um número relevante. Temos um efetivo de 85 mil policiais militares; seis mil a mais significam quase 8% de aumento no efetivo. Além disso, há os quatro mil guardas de muralha, cujo concurso foi domingo passado. Tivemos 42 mil inscritos nesse concurso para Agente Especial Penitenciário e acredito que em quatro ou cinco meses o pessoal já esteja trabalhando. No caso dos jovens, a medida traz um duplo benefício, porque, ao mesmo tempo em que se libera o policial militar para a rua, está se dando oportunidade para o jovem, para que possa fazer o estágio, trabalhar, ganhar dois salários. A prioridade são os conscritos, aqueles que foram dispensados do serviço militar e que estão entre 18 e 23 anos. Mas mulheres também terão oportunidade.
Pergunta: Alguns deputados estaduais têm criticado o projeto que cria recompensa para quem dá informações sobre crimes. Qual a sua avaliação?
Alckmin: A Assembléia já aprovou e já é Lei. Eles podem ter votado contra, mas já é Lei.
Pergunta: O senhor acha que isso desestimula o Disque Denúncia, por exemplo?
Alckmin: Não. Acho que para alguns casos especiais é importante.
Pergunta: O senhor aprova esse projeto do senador Romeu Tuma que dá o direito à polícia civil de trabalhar no policiamento ostensivo?
Alckmin: Não é a Polícia Civil; é a Guarda Civil Metropolitana. Eu sou favorável. Acho importante termos, por meio convênios, a guarda municipal integrada com a polícia estadual.
Pergunta: No caso da recompensa, a pessoa que denunciou no caso do Washington Olivetto não deveria receber então?
Alckmin: Isso tem toda uma sistemática que deve ser observada: a pessoa se inscreve, recebe uma senha…
Juros
Pergunta: O Governo paulista está otimista com a queda na taxa de juros. Eu queria que o senhor fizesse uma avaliação do quanto isso pode ser positivo para o Governo.
Alckmin: A redução foi muito pequena, 0,25, mas é um indicativo importante, pois sinaliza uma tendência na queda de juros. Isso é muito bom, ajuda a reativar a economia.
Dengue
Pergunta: O que o senhor vai fazer junto com a prefeitura para que a dengue não chegue totalmente em São Paulo?
Alckmin: Matar Mosquito. É uma doença transmitida por vírus. São vários tipos de vírus, mas ele só contamina a pessoa se houver o hospedeiro intermediário, que é o mosquito. Quanto maior o calor e água parada, mais o mosquito se propaga. Por isso, é importante a população ajudar, cuidando para que no seu quintal, na sua casa, não tenha latinha, pneu, porta vasos, enfim, nada que possa ter água parada. Esse é um trabalho conjunto, que envolve também campanhas e uma ação eficaz contra o mosquito transmissor da doença.
