Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida após a cerimônia de nomeação

nd

qui, 08/11/2001 - 12h58 | Do Portal do Governo

Seguem trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin concedida nesta quinta-feira, dia 8, após a cerimônia de nomeação de novos policiais civis, no Palácio dos Bandeirantes:

Polícia / Segurança

Repórter: Governador, esses quase 650 policiais civis vão estar na rua efetivamente quando?

Alckmin: Eles foram nomeados, tomaram posse hoje, fazem agora quatro meses de Academia e imediatamente vão para a rua. A posse foi hoje, quatro meses na Academia de estudos e, em fevereiro, estarão já fazendo trabalho de rua.

Repórter: O senhor anunciou mais dois mil policiais para prestarem concurso público. Eu queria que o senhor comentasse um pouco isso.

Alckmin: Só hoje foram 646 policiais, entre agentes policiais e agentes de telecomunicações, tudo isso para a Polícia Civil. Nós já tínhamos nomeado esse ano 200 delegados e 800 investigadores. Nós vamos para quase 1.700 novos policiais civis. E autorizamos o concurso público. Já está sendo aberto o edital para 1.800 policiais civis e 600 para a Polícia Técnico-Científica. Teremos mais 2.400 policiais.

Repórter: O governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho, declarou hoje na Rádio Bandeirantes, que demitiu mil policiais por corrupção e que não conhece nenhum outro governador que tenha feito o mesmo. Ele disse que não está fazendo nenhuma comparação com São Paulo, mas apenas disse que está tudo bem lá no Rio com relação à Segurança. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Alckmin: Com relação ao Rio de Janeiro, nada a comentar. Com relação a São Paulo, isso para nós não é novidade. Esse trabalho de apuração, de depuração, tanto na Polícia Civil como na Militar, é rotina aqui em São Paulo. Aliás, eu posso até dar os números depois, mas são números elevados. Todos os casos de corrupção, de abuso, qualquer desvio do cumprimento da lei é punido. Isso é um esforço que se faz permanentemente.

Repórter: O senhor sempre está anunciando contratações de policiais, mudanças na segurança, e a segurança continua sendo um ponto fraco do seu governo. As pessoas reclamam muito da segurança. Por que acontece isso?

Alckmin: Segurança é o desafio hoje do mundo inteiro. Nós não somos uma ilha. Estamos dentro de um quadro de dificuldade mundial, especialmente nos países latino-americanos, com enormes diferenças de renda, sociais. O mundo que nós vivemos hoje tem causas múltiplas. Desde a banalização da vida, consumismo exacerbado, afastamento de princípios éticos e religiosos, desestruturação da família, enfim, há todo um caldo de cultura para aumentar a questão da violência. Mas a Segurança Pública, que é de responsabilidade do Estado, tem melhorado. Os indicadores todos são positivos. É só ver a eficiência da Polícia pelo número de presos. Nós tínhamos 55 mil presos e vamos chegar em dezembro com mais de 100 mil detentos, o que é um fato recorde. Um outro fato importante é que, de 1993 até o ano passado, todos os índices vieram crescendo, principalmente homicídio, 6% ao ano, um crescimento permanente. Parou de crescer. Alguns índices tiveram uma queda significativa, como o latrocínio, que é roubo seguido de morte, matar para roubar, isso caiu mais de 30%. Roubo e furto de automóvel tiveram queda superior a 15%, tanto é que as seguradoras estão diminuindo o valor do seguro. E o homicídio doloso na Capital começou a cair, mas em todo o Estado parou de crescer. E a curva mostra que deve haver uma queda. Os números não são bons. O que nós estamos mostrando é que os indicadores começam a melhorar. Vários índices… Reduziu a criminalidade… Em outros parou de crescer e isso vai ser resolvido com perseverança. É o que São Paulo está fazendo. Mais Polícia na rua. Polícia equipada, desde colete à prova de bala, viatura nova, helicóptero; ampliação do sistema penitenciário e prisão para quem cometer crime. O que não se pode é ter impunidade. Embora você tenha que construir uma penitenciária por mês, praticamente, nós vamos chegar a 100 mil presos no Estado de São Paulo. Esse é o caminho: prender quem comete crime para acabar com a impunidade e reverter esse quadro.

Repórter: Governador, um dos indicadores que vem crescendo se refere ao número de seqüestros. O que chama a atenção e preocupa a população é que não seqüestra-se mais pessoas com alto poder financeiro. Inclusive tivemos um caso que foi colocado nos jornais, de uma pessoa que foi seqüestrada andando a pé, após ir procurar trabalho na Avenida Paulista. Como coibir esse tipo de crime?

Alckmin: O crime vai mudando de lugar. Alguns crimes reduziram. Por exemplo, assalto a banco e caixa eletrônico. Vários tipos de crime reduziram e outros aumentaram. Houve um aumento no número de seqüestros. Eu acho importante a sua pergunta, porque houve uma banalização do seqüestro e um número enorme no crescimento. E é importante explicitar que quem comete seqüestro está cometendo um crime de extrema gravidade. Se nós formos verificar os casos de seqüestro, o que aconteceu com os seqüestradores? Ou estão presos e vão ficar muito tempo presos, porque é um crime gravíssimo; ou foram mortos no embate com a Polícia. Eu não tenho dúvida de que esses números vão ser revertidos. E esse trabalho você vê todo dia na imprensa: cativeiros foram estourados, pessoas seqüestradas foram libertadas, seqüestradores foram presos. Eu não tenho dúvida, em questão de meses essa curva muda.

Repórter: Mas dá para evitar esse tipo de banalização, como o senhor mesmo citou? Essa mudança de em vez de seqüestrar pessoas com alto poder aquisitivo…

Alckmin: Tanto dá para mudar que a Polícia está se especializando. Foram criadas delegacias anti-seqüestro aqui em São Paulo, em Campinas, em São José dos Campos e em Santos. É o trabalho integrado das polícias e o trabalho envolvendo novas tecnologias.

Repórter: Alguma recomendação especial para que esses casos não continuem acontecendo? Porque as pessoas estão com muito medo.

Alckmin: Eu acho que o Disque-Denúncia ajuda muito a Polícia. Eu acho que sempre que puder a gente deve divulgar. É o 0800-156315. Não há crime perfeito. As pessoas, tendo alguma suspeita… é um serviço reservado, mantém o anonimato das pessoas. Ligue para o Disque-Denúncia, ajude a Polícia, porque eu não tenho dúvida que em São Paulo os índices já estão melhorando e vão poder melhorar mais rapidamente ainda.

Repórter: O governador do Rio, Antony Garotinho, vez por outra faz comparações entre o desempenho da Segurança do Rio e de São Paulo. Para o senhor, qual é a motivação desse tipo de comparação?

Alckmin: Não sei. Ele é candidato e eu não sou. A minha tarefa não é fazer campanha. A minha tarefa é trabalhar. E trabalhar sério, todo dia estamos trabalhando em benefício do Estado e da população. Então, enquanto se fala, São Paulo faz. E faz como? Com ação policial, como hoje, com a contratação de mais 646 policiais e uma Polícia que trabalha.

Repórter: O senhor fala com tranqüilidade que a Polícia de São Paulo é melhor do que a do Rio?

Alckmin: Não, eu não vou fazer nenhuma questão comparativa. A Polícia de São Paulo é uma Polícia boa, que está melhorando. Aliás, é muito simples. É só ver o número de presos que o Estado de São Paulo tem, ver o número de presos de qualquer outro Estado do Brasil. Vai se ver proporcionalmente à população dos Estados a ação da Polícia paulista.

Repórter: Governador, o número de seqüestro no Rio de Janeiro diminuiu nos últimos tempos. Dados comprovados. O senhor aceitaria uma ajuda da Polícia carioca para combater esse tipo de crime aqui em São Paulo?

Alckmin: Não, não há nenhuma necessidade. A Polícia está trabalhando com seriedade e eficiência. Este é o caminho.

Orçamento

Repórter: Governador, só uma questão sobre o orçamento paulista. Agora o impasse do TJ foi resolvido com a Assembléia. O Governo vai tirar o pedido de cassação da liminar no STF ou mantém ainda?

Alckmin: Mantém. Não há nenhuma razão para retirar.