Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após cerimônia de formatura de 528 poli

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seg, 22/10/2001 - 15h22 | Do Portal do Governo

Reforço na PM

Alckmin: Eles concluíram um ano de estudos e de estágio. Então recebem hoje o seu diploma, a formatura. São mais 528 soldados de 2ª classe, policiais militares. E eles já estavam há um ano estudando. Oito meses de estudo e quatro meses de estágio. Desses 528, 431 só na cidade de São Paulo e 90 na Região Metropolitana.

Pergunta: Governador, o senhor acha que esse número é suficiente para diminuir a criminalidade na Grande São Paulo e na cidade?

Alckmin: É importante. Quando o governador Mário Covas assumiu, nós tínhamos 73 mil homens e mulheres na Polícia Militar e hoje chegamos a 84 mil PMs. São 11 mil a mais, o que representa um aumento de 15% do efetivo. Para a gente fazer com que esse efetivo cresça mais depressa, estamos abrindo concurso público para Agente Especial Penitenciário, que é o Guarda de Muralha. Vai proporcionar 4 mil empregos, o que possibilita que 4 mil policiais militares que estão fazendo guarda de muralha nas penitenciárias possam vir para as ruas, proteger a população, fazer repressão e, principalmente, prevenção.

Pergunta: Essa seria a grande importância de todos esses formandos agora na Polícia Militar?

Alckmin: É, a Polícia está mais bem equipada. Foram mais de 15 mil carros, viaturas zero quilômetro; informática; 50 mil coletes à prova de bala; integração da Polícia Civil com a Militar; uma grande ampliação do sistema penitenciário. Mas o mais importante é o soldado. E foi introduzido também no primeiro mandato do governador Mário Covas a obrigatoriedade do segundo grau. Então, o soldado tem que ter o segundo grau completo. E há uma prova de aptidão física também muito rigorosa.

Pergunta: O número de policiais deve aumentar até o fim do ano?

Alckmin:Eu acho que sim, esse é o nosso esforço. E para aumentar mais rapidamente, o melhor é o guarda de muralha. Porque você já tem 4 mil PMs que não estão nas ruas, eles estão nas penitenciárias. Se você conseguir colocar 4 mil agentes especiais penitenciários, você traz 4 mil PMs para as ruas.

Pergunta: Até o fim do ano teremos esses 4 mil?

Alckmin: Não, eu acho difícil. O ano já está praticamente acabando e tem de abrir concurso público.

Greve no Judiciário

Pergunta: Governador, o Governo vai manter alguma conversa com o Judiciário, já que com a greve tem tido alguns problemas em Centros de Detenção Provisória, delegacias, alguma coisa desse tipo?

Alckmin: Olha, a greve do Judiciário é de competência exclusiva do Judiciário. Seria até você estar fazendo uma interferência descabida num outro poder. Eu torço para que ela se resolva rapidamente. Porque a greve prejudica a população.

Orçamento 2002/Precatórios

Pergunta: Governador existe alguma novidade em relação à paralisação da tramitação do orçamento na Assembléia? O Governo paulista vai entrar com recurso, existe alguma novidade nesse sentido?

Alckmin: Nós estamos terminando os trabalhos na Procuradoria Geral do Estado e, quando estiverem concluídos, a gente divulga.

Pergunta: Governador, o senhor teme que esse fato possa ser usado pelo Supremo Tribunal Federal junto com a questão dos Precatórios. Pode prejudicar o Estado de São Paulo?

Alckmin: Acho que não. Não tem nenhuma relação um fato com o outro. Aliás, sobre precatório é sempre bom reiterar, porque a gente sempre ouve essa história de que São Paulo não está pagando precatório, nós vamos pagar esse ano entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões em precatórios. Esse é um fato recorde na história de São Paulo. Nunca se pagou mais de R$ 500 milhões. Isso é com grande sacrifício, mas estamos fazendo esse esforço.

Pergunta: De precatórios não-alimentares, não é?

Alckmin: Todos. Alimentar e não-alimentar. Da administração direta e indireta e autárquica. Quando a gente soma esse ano o exercício de 2001, o que o governo vai pagar de precatório, o alimentar e o não-alimentar, da administração direta e indireta, chegamos a um número recorde de mais de R$ 750 milhões.

Pergunta: Agora a decisão dos dois casos está no Supremo, não é governador? A cargo do ministro Marco Aurélio?

Alckmin: Em quais casos?

Pergunta: Essa questão dos precatórios e a questão da tramitação do orçamento.

Alckmin: Não. O que existe é o fato de que nós estamos correndo para poder pagar os precatórios. E pagando na ordem cronológica. São Paulo está concluindo o pagamento do ano de 1997 para poder já entrar no pagamento dos precatórios do ano de 1998. E o não-alimentar nós estamos em dia. Porque se pode pagar em dez anos e você paga um décimo por ano. Agora, não há nenhum Estado brasileiro, que eu saiba, aliás é fácil, é só entrar no site do Supremo Tribunal Federal e ver que São Paulo não é dos que está mais atrasado. Há Estados que estão na década de 80 ainda. Não chegaram no ano de 1990.

Pergunta: Quanto é de dinheiro que tem de alimentar? Que está atrasado?

Alckmin: Eu posso lhe dar depois números exatos.

Pergunta: Governador, amanhã há a informação de que o senhor vai para Brasília conversar com o ministro sobre as questões de precatório. É isso mesmo?

Alckmin: Não, não. Amanhã eu vou para Brasília para ter um encontro com a Bancada Federal de São Paulo, sobre o orçamento para 2002. Eu vou levar para a Bancada Federal de São Paulo as três prioridades do Estado para as chamadas emendas coletivas. Emenda Coletiva é aquela que é assinada pela bancada toda. A bancada tem direito a apresentar as Emendas Coletivas e nós vamos levar três prioridades do Estado de São Paulo.

Pergunta: Existe a possibilidade do senhor se encontrar com o ministro amanhã?

Alckmin: Não.

Pergunta: Quais são as prioridades governador?

Alckmin: Nós vamos fechar as prioridades agora à tarde. Mas provavelmente elas serão de três áreas: Segurança Pública, Saneamento Básico e Transporte Ferroviário.

Pergunta: Isso significa o quê? Pode se pedir mais dinheiro para o Governo Federal? É mais dinheiro para São Paulo?

Alckmin: É, exatamente. As emendas coletivas são para você colocar no orçamento mais recursos para o Estado de São Paulo.

Pergunta: Não é nenhuma justificativa com relação a esse entrave da Assembléia com o orçamento?

Alckmin: Não tem nenhuma relação. Aliás, no ano passado o governador Mário Covas já esteve lá levando essas emendas de São Paulo. Isso é uma tradição. Quando está chegando no final do prazo para apresentação das emendas, leva-se as três prioridades.

Reforço na PM

Pergunta: Governador, lá no começo da entrevista o senhor disse que não dava para precisar se até o final do ano os policiais já estarão nas ruas. Dá para fazer uma previsão?

Alckmin: Dá para precisar que até dezembro eles não estarão, pois não tem como fazer um concurso em 60 dias e eles irem trabalhar. Eu lhe dou depois um cronograma direitinho. Mas o fato é que nós estamos concluindo a preparação do edital do concurso público.

Orçamento 2002

Pergunta: Governador, o senhor teve uma reunião ontem à tarde com o secretário Fernando Dall’Acqua conversando sobre o orçamento em São Paulo. Já há alguns números bons ou não prévios desse mês de outubro?

Alckmin: Nós conversamos até a noite ontem sobre a questão orçamentária e financeira. O bom ritmo do primeiro semestre teve um arrefecimento, a gente percebe nos números claramente um desaquecimento da atividade econômica. Nós tivemos três fatos relevantes esse ano: a crise da Argentina, a crise de energia e o ataque terrorista ao Estados Unidos. Tudo isso repercute. Mas, por outro lado, acho que temos de aproveitar momentos difíceis como este para criar novas oportunidades. Acho que uma dessas oportunidades vai ser o turismo interno, setor terciário da economia, que é o setor de serviços e o que mais vai poder crescer, abrindo postos de trabalho e distribuindo renda. No setor de agronegócios, a cana-de-açúcar está bem, é o principal produto do PIB agrícola de São Paulo. O preço do suco de laranja está bom, é o segundo item da pauta de exportação do agronegócio do Estado de São Paulo. O preço da carne também está bem, é outro item importante de exportação. Então, eu acho que nós podemos ter ganhos positivos na área da agricultura, turismo e a indústria paulista é muito forte. Com a desvalorização do real, o produto brasileiro ficou mais competitivo. Nós podemos, como já está acontecendo, aumentar as exportações, o que é importante porque gera emprego aqui dentro.

Pergunta: Mas as preliminares de outubro já registram novamente uma queda na arrecadação?

Alckmin: A arrecadação caiu, mas nós temos experiência em fazer ajuste, em trabalhar com crise. Nós vamos encerrar o ano sem déficit público, com as contas públicas equilibradas. E mais: sem vender um ativo do Estado. Pela primeira vez não estamos vendendo nenhum ativo. A única privatização era a da Cesp Paraná, nós suspendemos a privatização em razão da crise de energia. O preço mínimo da Cesp era de R$ 1,8 bilhão.

Pergunta: Dá para prever de quanto vai ser essa queda?

Alckmin: Depois eu posso dar números mais precisos.