Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após abertura do Fórum de Debates Juven

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qui, 29/11/2001 - 18h02 | Do Portal do Governo

Repórter – (inaudível, sobre o Seminário)…

Alckmin – Esse seminário visa discutir com o jovem, debatendo temas que interessam a juventude, e isso vai ser feito no Estado todo. Eu disse na abertura que o Brasil é conhecido como um país jovem, pois tem poucas pessoas de idade e muitos jovens, um país de base demográfica larga. Hoje podemos dizer que é um país de jovens, nós vamos chegar ao pico, esse ano e no ano que vem, de jovens com 20 anos de idade, que foi a natalidade de 20 anos atrás.
Mas o importante é que seja um país para jovens, que dê oportunidade ao jovem, para que não acabe no desemprego, na violência. O seminário de hoje vai discutir a questão da inclusão social, oportunidade de emprego e educação. O segundo tema é o que você abordou, chama-se saúde e trata do problema de droga, dependência química. O terceiro é paz e violência, como a gente reduz a violência. Eu acho que o melhor trabalho que a gente pode fazer é estar perto da juventude, não só o Governo, mas também entidades do terceiro setor… até porque a gente aprende muito com eles e também muito esporte.

Nós vamos fazer 100 quadras poliesportivas junto ao CDHU, conjuntos habitacionais. Depois, a Nossa Caixa vai financiar o Clube Cidadão. São cinco mil atletas que vão ser selecionados entre os jovens. E depois um trabalho permanente educativo, musicalidade, Projeto Guri, Projeto Arquimedes, teatro, esporte, o que eles quiserem. Por exemplo, foi sugerido o festival de verão. Como tem o festival de inverno, fazer o de verão.
A Secretaria da Juventude não é uma construtora, é uma articuladora de políticas públicas importantes para a juventude.

Violência

Repórter – A gente tem agora o aumento de seqüestro e uma nova modalidade. Eles estão pedindo resgate para não seqüestrar. Como a polícia vai lidar com isso e com o aumento de seqestros?

Alckmin – A polícia já está trabalhando. O número de ontem (quarta-feira) é que nós temos 150 seqüestradores presos e dez mortos. Se for verificar, todo dia quase temos uma ação. Essas quadrilhas todas estão sendo presas e tem dezesseis seqüestradores em penitenciária de segurança máxima. Eu não tenho dúvida que isso vai reduzir.

Repórter – E essa nova modalidade, a polícia se assusta com essa criatividade ?

Alckmin – É prender, não tem outro caminho senão a prisão. Quem comete crime, ameaça a vida das pessoas, coloca em risco a vida das pessoas, tem que ir para a prisão. E mais, primeiro que seqüestro é crime gravíssimo e, segundo, que as pessoas devem ajudar. Para isso tem o Disque Denúncia (0800 156315).
Todo mundo que souber de alguma coisa, que tiver um indício de alguém correndo perigo, suspeita de crime, comunica a polícia. A ligação é gratuita, não precisa ser identificado e ajuda a polícia a trabalhar.

Repórter – Como o senhor vê a possível abertura de uma CPI dos boletins de ocorrência maquiados?

Alckmin – Não vejo nenhum problema. A orientação do Governo é de absoluta transparência. Nunca houve estatística de criminalidade no Estado. Se você quiser fazer um histórico, vai ver que só consegue de 97 para cá. Isso é orientação do próprio Governo. Nós temos 10 mil prisões por mês, fora outras ações. Se tiver um outro caso de algum erro, vai ser corrigido e punido.

Repórter – O senhor acha válido a abertura de uma CPI para isso?

Alckmin – – Não tem nenhum problema. Eu acho que a Secretaria da Segurança Pública já está tomando as providências necessárias, já está apurando. A CPI virou agora uma banalização. Na primeira denúncia já abre uma CPI, antes de se apurar o que é. Acho que isso é um desserviço ao processo democrático.

Carandiru

Repórter – O senhor falava ontem que a implosão do Carandiru pode encontrar resistência. Está marcada a primeira transferência de presos para o dia 1º de dezembro. O cronograma será mantido e que resistência é essa?

Alckmin – O cronograma está mantido e claro que há resistência, porque há inúmeros interesses em um complexo penitenciário de quase 10 mil presos, que é tudo que não é recomendável em termos de segurança e de tratamento digno das pessoas. Por isso, historicamente, nós estamos fazendo uma mudança importante, num trabalho conjunto com o Governo Federal, para o Brasil deixar de ter o que é um símbolo de falência do sistema penitenciário, para ter o modelo correto, de unidades menores, com 768 presos cada unidade, segurança, que é o primeiro item, não ter risco do preso escapar e os presos trabalharem. Cada três dias de trabalho reduz um dia de pena, isso é importante para a recuperação da pessoa e para a redução da pena. Todas as novas penitenciárias vão ter oficina para os presos trabalharem.

Repórter – Que resistência é essa e o que Governo vai fazer com isso?

Alckmin – A desativação já começou quando o Governo decidiu fazer as 11 penitenciárias simultaneamente. Nós estamos terminando a primeira fase, que é a fase das obras. A primeira vai ser entregue em Pacaembu e Valparaíso e depois gradativamente as outras novas. O importante é que, além dessas 11 que são exclusivamente para gerar 8.400 vagas e desativar a Casa de Detenção, ainda vão sobrar 1.000 vagas. Nós estamos fazendo simultaneamente os Centros de Ressocialização, as Alas de Progressão Penitenciária e os Centros de Detenção Provisória, que é para retirar excesso de presos em cadeias.

Repórter – A resistência é policial?

Alckmin – Acho que não é específica.

Repórter – Então de quem seria?

Alckmin – Você acha que todos os presos querem sair de lá?

Repórter – Mas isso não vai impedir?

Alckmin – Não, claro que não. Só estou dizendo que esse trabalho não é fácil. Mas nunca nada é fácil, tem que trabalhar duro.

Juros

Repórter – O senhor vai falar com o presidente FHC sobre a redução da taxa de juros? Ele vai estar amanhã em São Paulo, o senhor vai aproveitar?

Alckmin – Pode ser. Eu estou elaborando um documento e nós tivemos duas reuniões que se chamam Salas de Solução da Crise. Uma com o setor dos trabalhadores, com presidentes das centrais sindicais, preocupados com a situação do emprego e da atividade e econômica, até mais com o início do ano que vem, porque agora o 13º aquece a economia, depois pode haver uma redução do nível do emprego. E um encontro com o setor produtivo, indústrias, comércio, serviços, agricultura e todas elas pensando em desenvolvimento como caminho do emprego e geração de renda. Com a ativação da economia as pessoas têm qualidade de vida melhor, o Governo arrecada mais, presta melhores serviços, paga dívidas, você tem um círculo virtuoso. Eu acho que as dificuldades que o Brasil tinha estão sendo melhoradas, com o descolamento da questão argentina, queda do dólar, aumento das exportações. Nós estamos elaborando um documento e vou encaminhar ao presidente nesses dias.

Repórter – Então amanhã não é possível o encontro?

Alckmin – Amanhã ou na semana que vem…

Repórter – Então é possível reduzir as taxas de juros?

Alckmin – Nós estamos encaminhado o documento nesse sentido. Acho que é importante uma indicação no sentido de termos juros reais menores que possam ativar a economia gerando mais emprego. O importante é o indicativo, você sinalizar para o mercado as taxas menores. Esse é um monitoramento sintonia fina, tem momentos em que você tem que aumentar e nós temos que apoiar, porque a moeda tá correndo risco, o país está em dificuldade, esse é um instrumento importante.

PIB

Repórter – O IBGE divulgou que o PIB no terceiro trimestre subiu 2,56%, superando as expectativas dos analistas que previam no máximo 1,9% em relação ao ano passado. Queria que o senhor comentasse esses dados.

Alckmin – Eu acho que todos os indicadores, graças a Deus, são melhores. As dificuldades maiores estão sendo superadas. O que nos faz lembrar do saudoso presidente Juscelino Kubitschek, que dizia que ‘em relação ao Brasil os otimistas podem errar, mas que os pessimistas começam errando’. E nós podemos ajudar um pouquinho também.