Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após a cerimônia de inauguração da prim

Parte Final

ter, 11/12/2001 - 18h06 | Do Portal do Governo

Desativação do Carandiru

Repórter: Quando começa a desativação da Casa de Detenção do Carandiru?

Alckmin: Já está começando, porque remover 7.400 presos é uma operação de guerra. Então, já começou. Amanhã vamos inaugurar a primeira penitenciária, em Pacaembu. Depois será a de Valparaíso, Pracinha e Dracena. Das 11, quatro já serão entregues este mês e os presos já começam a ser transferidos. Depois as outras sete serão entregues no próximo ano. A rigor, já está começando a desativação.

Repórter: Então iniciou ontem a transferência, governador?

Alckmin: Sim, começou ontem.

Repórter: A implosão está confirmada para o dia 21 de abril?

Alckmin: Não, não tem uma data marcada ainda. Mas depois que saírem todos os presos, sim. Nós já estamos providenciando a licitação para fazer a implosão e o projeto do parque lá na Zona Norte, em Santana, está pronto. Na primeira fase serão 230 mil metros quadrados de área verde, de área livre e comum de uso da população.

Repórter: Quer dizer que já pode começar a construção desse parque, já no próximo ano, com desativação da Casa de Detenção?

Alckmin: Não. Gradativamente. Acabada a implosão, o parque já começa a ser implantado. Não é uma tarefa fácil, eu estive vendo, imagina a quantidade de caminhões para tirar entulho. Aquilo não é um Word Trade Center, mas é um prédio enorme. Vamos tirando o entulho e já implantando o parque com muita área verde, muita área de esportes. É um remanescente de Mata Atlântica preservada com 55 mil metros quadrados que serão incorporados. Para uma segunda etapa, que pretendemos fazer em seguida, é a desativação da Penitenciária do Estado e o Centro de Observação Criminológica. A Penitenciária do Estado é um prédio de Ramos de Azevedo que foi tombado e será preservado para a região.

Repórter: O prazo para a saída dos presos é 31 de março?

Alckmin: Sim, 31 de março, se não houver nenhum fato superveniente. Até lá, todos os presos estarão transferidos. E o importante é que as 11 novas penitenciárias terão oficinas, onde os presos irão trabalhar. De cada três dias de trabalho, será reduzido um dia de pena. Ontem inauguramos, em Taubaté, o 7º Centro de Detenção Provisória, com capacidade para mais de 700 presos. Com esse CDP será possível desativar a carceragem da Cadeia Pública de Taubaté e ajudar a aliviar as cadeias e distritos da região também.

Repórter: O que vai ficar funcionando no complexo do Carandiru com a implosão da Casa de Detenção?

Alckmin: A Penitenciária do Estado e o Centro de Observação Criminológica. O Complexo tem cerca de 10 mil presos. O que vamos desativar agora é só a Casa de Detenção, que tem 7.400 presos. Continuarão mais de 2.000 presos, que estão na Penitenciária do Estado e no Centro de Observação Criminológica e em outros pequenos anexos. Mas o complicado é mesmo a Casa de Detenção, cujo prédio está em péssima conservação, cozinha interditada pela Vigilância Sanitária. Nós estamos comprando quentinhas porque não se pode cozinhar lá dentro. Também uma condição muito ruim nas instalações elétricas e hidráulicas, o prédio está em calamidade. E essas 11 novas penitenciárias abrem 8.400 vagas. Com isso será possível desativar a Casa de Detenção, sobrando 1.000 vagas para atender outras unidades.

Repórter: Governador, há afirmações de que os presos que foram transferidos ontem são extremamente perigosos e competentes nos esquemas de fuga, principalmente do Carandiru. O senhor não teme que no Interior esse problema possa voltar a acontecer?

Alckmin: Olha, preso tentando fugir sempre vai ter. O que não pode é fugir. Precisa ter segurança. Quando nós anunciamos a desativação da Casa de Detenção, a primeira razão que colocamos foi a segurança. Porque uma penitenciária com 768 presos tem um sistema de segurança muito mais eficaz. Ontem, no CDP de Taubaté, inauguramos pela primeira vez um sistema de câmera de TV digital, colorida e de alta sensibilidade. Além disso, nas novas penitenciárias, embaixo do concreto do piso tem uma lâmina de aço para evitar a escavação de túneis. Então, o sistema de segurança está sendo aprimorado. Agora, a penitenciária de segurança máxima não está nessas 11.
Além dessas 11, nós temos uma única penitenciária de segurança máxima, que fica em Taubaté. Nós estamos fazendo mais uma do gênero em Presidente Bernardes. Também estamos fazendo para o sistema semi-fechado alas de progressão penitenciária e centros de ressocialização.

Repórter: Qual é o prazo para a remoção dos presos restantes, os que estão na Penitenciária do Estado e no COC?

Alckmin: Isso ainda não temos. Eu não posso assumir compromisso de mandato depois do meu. O nosso compromisso é até 31 de dezembro de 2002. Vamos desativar a Casa de Detenção, transferir todos os presos, inaugurar as 11 penitenciárias e implantar o parque. Se não der para implantar todo, ao menos em parte.

Prolongamento da Bandeirantes

Repórter: Governador, o senhor inaugura neste sábado um trecho da Bandeirantes, é isso?

Alckmin: No sábado vamos inaugurar o segundo trecho da Bandeirantes. O primeiro já foi entregue, entre Campinas a Santa Bárbara d´Oeste. Agora vamos inaugurar o segundo trecho, até Cordeirópolis. São mais 39 quilômetros de auto-estrada, sem qualquer centavo de dinheiro público, feito pela concessionária AutoBan. Terminado o prazo de concessão, tudo isso volta para o patrimônio do Estado. Não é privatização, é uma concessão por tempo determinado. Todo investimento feito volta para o Estado.

Retomada de obras do Metrô

Repórter: Governador, hoje na cerimônia foi destacado a luta da comunidade pela retomada das obras. Uma outra luta tão antiga é para a retomada da linha 2 do Metrô, que foi desviada para São Caetano. E, agora, com a extinção do Fura-Fila, o que o Governo está vendo sobre essa luta da comunidade?

Alckmin: É isso aí. A luta não acaba nunca. Se resolve um problema e depois tem outros. Acho que é fundamental ampliar o Metrô e rapidamente. Vamos entregar em 2002 a Linha 5, que é uma linha nova. Estamos buscando recursos do Banco Mundial para abrir a licitação da Linha 4, a chamada ‘Linha da Integração’. E aí temos duas linhas para continuar. Para isso estamos buscando recursos. Para a própria Linha 5, entre o Largo Treze até Santa Cruz e Chácara Klabin; e a Linha 2, que vem até esta região. Ela ficou um pouco discutível por causa do Fura-Fila mas, na realidade, o Fura-Fila não substitui o Metrô. Essa é uma obra contratada. Quando o Governo tiver recursos, ela será concluída.

Repórter: O senhor não pode adiantar se até o fim do mandato…

Alckmin: Eu acho difícil. Se tivermos mais recursos, vamos fazer.

Redução da taxa de juros

Repórter: O senhor vai se encontrar com o presidente Fernando Henrique na sexta-feira. Aquele documento sobre a redução da taxa de juros já está pronto?

Alckmin: Sim, está pronto. Só falta um acabamento final. Nós até preparamos três documentos, vamos fundi-los em um só. Pegar a assinatura da sociedade civil, nossos integrantes da Sala da Solução da Crise, as liderança sindicais e também o setor empresarial e vamos encaminhar ao presidente. Não sei se será na sexta-feira, mas na primeira oportunidade eu encaminho.

Repórter: Além desse compromisso em Cubatão, o senhor e ele se encontram em outro lugar. Tem alguma reunião prevista?

Alckmin: Não, só Cubatão. Eu vou antes. Vou a Santos liberar recursos do Dade para Santos e Guarujá, os últimos que estavam faltando. Depois a Cosipa e acabou.