Trechos da entrevista coletiva à imprensa do governador Geraldo Alckmin concedida nesta quarta-feira

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qua, 01/08/2001 - 18h00 | Do Portal do Governo

Bom Prato

Pergunta – Governador, o senhor começa a falar sobre alimentação, já com um sentido dúbio. Gororoba também é comida mal feita e de má qualidade.

Alckmin – Não. Não. É muito boa. Essa alimentação tem 1.600 calorias, controladas pelo Ital, Instituto de tecnologia de Alimentos, e hoje o cardápio é arroz, feijão, bife rolê, batata sotê, salada de alface, beterraba, pão, suco e sobremesa. E todos os dias, de segunda à sexta-feira. É o quinto restaurante aqui em São Paulo de um total de dez. E esse muito bem localizado, porque muitos trabalhadores e trabalhadoras vêm à Força Sindical para fazer cursos de qualificação profissional, para buscar emprego, pessoas que estão desempregadas ou estão subempregadas e que passam dificuldades para conseguir se alimentar bem. Elas vão ter uma alimentação de qualidade, em um ambiente adequado, com mesas e absoluto controle.

Pergunta – Quer dizer, a gororoba é boa?

Alckmin – A gororoba é muito boa.

Pergunta – Governador, falou-se muito em parceria, este é o caminho então: Governo do Estado mais sociedade civil em busca de novas melhorias para a população?

Alckmin – É, esse quinto restaurante, como os outros quatro, nenhum deles o gerenciamento é do Estado. O governo paga o subsídio. Custa R$ 2,50 cada refeição. O trabalhador, ou a trabalhadora, enfim, a pessoa paga R$ 1,00 e o Governo paga a diferença de R$ 1,50. Nos demais casos é uma parceria com entidades do terceiro setor. Aqui é o Centro Biopsicosocial Meu Guri, que é uma entidade do terceiro setor. Em Santo Amaro, na zona Leste, no Centro de São Paulo, em todos os locais também são com entidades da sociedade civil. E nos outros locais eles estão ampliando o atendimento, começando a fornecer também café da manhã. Aí não mais com subsídio do Estado, mas organizado por eles próprios.

Rodízio de água

Pergunta – Governador, quando começa o rodízio de água em São Paulo? O secretário Mendes Thame disse que a situação é crítica.

Alckmin – Não, não há ainda nenhuma definição. Se houver alguma necessidade de rodízio, o governo anuncia. Mas a presidência da Sabesp já anunciou que no mês de agosto não deve ocorrer. A população está colaborando, há uma redução do consumo de água. É claro que com esse calor enorme, acaba aumentando um pouco o consumo de água, ele é inversamente proporcional ao frio, quanto maior o frio, menos se consome água. Mas por enquanto não há nenhuma necessidade.

Pergunta – O secretário disse (inaudível)… poderia acontecer. Está nos jornais de hoje.

Alckmin – Se houver necessidade vai ser anunciado, mas eu tenho a impressão de que no mês de agosto, essa hipótese está totalmente afastada.

Pergunta – Por que o secretário está tão desesperado assim? Ele disse textualmente: ‘estamos no fio da navalha’.

Alckmin – Não, não há necessidade de fazer nenhuma declaração. Se houver necessidade, o próprio governo vai dizer: ‘olha a economia não foi suficiente’. Vai se estabelecer um mecanismo de rodízio. Essa hipótese hoje está afastada. Isso é controlado diariamente. Há um monitoramento permanente e, havendo necessidade, se fala. Mas em julho nós já dissemos que não iria haver nenhum risco de rodízio e no mês de agosto também.

Pergunta – Governador, o anúncio seria até o final de julho. No início de agosto seria feita uma nova avaliação. Essa avaliação já foi realizada. Em agosto não teremos problema de racionamento no Sistema Cantareira?

Alckmin – Exatamente. Houve uma avaliação já para o próximo mês, isso é avaliado permanentemente e essa hipótese está afastada. Se houver algum fato novo, alguma queda de reservatório, de nível de água muito grande, é evidente que a Sabesp e o governo vão tomar as providências o mais rápido possível. Mas essa hipótese hoje não está sendo cogitada. O importante é destacar a economia que está sendo feita e a participação das pessoas reduzindo o consumo de água sem prejudicar sua qualidade de vida.

Pergunta – A nova avaliação deve acontecer já no próximo mês?

Alckmin – É, mas a avaliação é permanente. Você vai monitorando diariamente.

Tony Blair

Pergunta – Governador, assim como a prefeita Marta Suplicy, o senhor também achou primeiro ministro Tony Blair charmoso?

Alckmin – Inteligente, aliás foi uma conversa muito proveitosa, porque a British Gas foi vencedora da licitação da Congas. Então, nós estamos em entendimento com o governo inglês e com a comunidade econômica européia para termos um centro tecnológico de gás aqui em São Paulo, para pesquisa, para desenvolvimento, novas tecnologias.
E todas as empresas do gás são européias: a British Gas é inglesa, a Shell é holandesa, a Agip é italiana, a Itaugas é italiana, a Gasespanha é espanhola, então essa é a primeira proposta. A segunda, foi a questão dos aeroportos. A Inglaterra tem uma empresa privada, chamada British Airport Autority, que no mundo todo administra aeroportos. E nós devemos fazer concessão por vinte anos do aeroporto de Ribeirão Preto, exigindo fortes investimentos: hotel, restaurante, centro de eventos, todo o complexo em torno do aeroporto de Ribeirão Preto. E parte da comitiva do primeiro ministro Tony Blair ficou em São Paulo, uma comitiva de empresários, e hoje foi a Ribeirão Preto para conhecer todo esse projeto, que eles estão interessados em participar da licitação.

Pergunta – Vai haver uma segunda reunião para discutir essa questão da privatização?

Alckmin – Não, já está acontecendo, hoje eles estão indo a Ribeirão Preto para conhecer.

Pergunta – (inaudível)

Alckmin – Pode ser comigo ou com o secretário dos Transportes.

Reajuste salarial da Polícia

Pergunta – Governador, a questão da polícia e desse desentendimento todo já virou novela?

Alckmin – Não, eu acho que está caminhando. Isso aí não é simples. O governo anunciou o aumento possível, reajuste, explicitou as razões, atendeu quem ganha menos, deu reajuste, estabeleceu piso superior a 33% de correção, tanto para a Polícia Civil quanto a Militar, estendeu a aposentados e pensionistas. Temos limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e estamos abertos para discutir outras propostas. De benefícios indiretos e outras maneiras de ajudar tanto a Polícia Civil, como a Militar e a Científica. Nós já conversamos com uma parte significativa da representação das polícias, estamos abertos para conversar com as outras e acho que podemos construir uma proposta boa.

Pergunta – (inaudível)

Alckmin – Na primeira reunião nós ouvimos todas as questões. Ouvimos, recolhemos e nós já tínhamos feito isso anteriormente… Vamos verificar o que é possível fazer sem mexer no reajuste, o que é possível avançar e voltaremos a conversar.

Pergunta – Os policiais estão evitando manter reunião com o secretário Marcos Vinicio Petrelluzzi. Como o senhor vê essa situação, porque o homem que deveria tratar dessa condição está sendo visto com maus olhos pela polícia?

Alckmin – Olha, sempre o secretário da área é quem deve cuidar da questão. Até porque, você tem três níveis de reivindicação: uma é índice de reajuste; a outra é benefício, seja habitação, saúde, indireto; e a terceira é carreira, é questão estrutural: olha determinada carreira está com problema, determinada carreira precisa ser aperfeiçoada.
Essas questões de carreira são questões técnicas, que precisam ser discutidas com o secretário da área, com o comandante geral da Polícia Militar, o delegado geral da polícia Civil, da Polícia Científica. Então são questões que as pessoas precisam entender que o radicalismo não ajuda. A gente constrói uma boa solução discutindo as propostas.