Trechos da coletiva do governador Geraldo Alckmin após participação no XVII Encontro Estadual de Def

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sex, 09/11/2001 - 18h11 | Do Portal do Governo

Repórter – Governador, o senhor teve uma reunião com os empresários no Palácio dos Bandeirantes e, em seguida, recebeu o prefeito de São Bernardo do Campo. Imagino que para falar sobre a questão da Volkswagen. É possível que o Governo do Estado inverta esse quadro?

Alckmin – São duas questões. Com o prefeito de São Bernardo do Campo, Maurício Soares, falamos sobre a ampliação da Mercedes Benz. Nós iremos na próxima semana a São Bernardo. Vamos autorizar a construção de um piscinão, uma grande obra contra enchente que vai possibilitar a ampliação da fábrica da Mercedes Benz e uma nova fábrica de motores, inclusive para exportação. Conversamos sobre a questão da Volkswagen e eu disse a ele que iria determinar ao Barelli, secretário de Emprego e Relações do Trabalho, que fosse a São Bernardo – e ele está indo – conversar com o prefeito, com as lideranças sindicais e com a Volkswagen para buscar uma intermediação, uma alternativa para esse momento.

Já com o setor produtivo, Horácio Piva, da Fiesp, setor de comércio e serviços, o Alencar Burti e o Abraham Sjazmam, e agricultura, o Fábio Meirelles e Luiz Hafez, fazendo parte da Sala da Solução de Crise, foi muito boa a conversa. Quando a Assembléia Legislativa aprovou a lei que permitiu a abertura de capital da Nossa Caixa e a venda do excedente de 51% das ações e criação de subsidiárias integrais, esta mesma lei criou uma Agência de Fomento de Desenvolvimento do Estado de São Paulo. Então, nós vamos implantar a Agência, buscar recursos do BNDES, fazer que a Agência possa ser um instrumento de recursos do BNDES, para estabelecermos uma agência de Fomento para estimular o setor produtivo e estimular emprego. Além dessa conversa, falamos sobre questões específicas, Fapesp, financiamento de inovação tecnológica, em especial para o setor industrial, apoio maior ainda à pequena e micro empresa, questão tributária e algumas questões que dependem do Governo Federal. Acho que a queda do valor do dólar começa a abrir espaço para o Governo Federal reduzir a taxa de juros e, com isso, ativar mais a economia, abrir postos de trabalho, emprego, renda. Enfim, foi uma reunião proveitosa.

Repórter – Governador, e esses investimentos que estão sendo anunciados pela Segurança. Quando a população vai poder assistir mais policiais e mais viaturas nas ruas?

Alckmin – Esse é um trabalho permanente, é um esforço cotidiano. Só no dia de ontem, demos posse a 646 policiais civis. Agentes policiais e agentes de telecomunicação. Eles começam imediatamente a fazer a Academia e dentro de 120 dias estão nas ruas. Há 20 dias, demos posse a soldados da Polícia Militar. Mais de 500 policiais militares. No mês que vem, outro tanto. Estamos abrindo concurso público para os 4 mil agentes especiais penitenciários, os chamados guardas de muralha, para que o policial militar, cuja função principal é o policiamento ostensivo, preventivo e proteger a população, não precise ficar tomando conta de penitenciária. Já abrimos concurso público para 1.800 vagas de policiais civis e 600 de polícia técnico-científica. Então, é feito um trabalho permanente. Reaparelhamento da Polícia, abertura de concorrência pública para compra de colete à prova de bala, armamentos novos, pistola automática, novas viaturas e o aumento do Sistema Penitenciário. Ontem, chegamos a mais de 99 mil presos. Passou de 99 mil. Está havendo um acentuado aumento do número de prisões. Não é prender e soltar. É prender e manter preso. A Polícia está trabalhando com energia, com firmeza e precisa ter penitenciária.

Repórter – A greve da Justiça também atrapalhou. Manteve muita gente na cadeia.

Alckmin – Essa greve teve dois problemas. Primeiro, quem poderia sair da prisão acabou ficando mais tempo. E, o pior, quem deveria ir para a prisão, em alguns casos com ocorrência da prescrição daquele tempo mínimo que pode ser preso, acabou sendo liberado. Mas acho que está se resolvendo.

Repórter – O fim da greve alivia muito?

Alckmin – Muito. Acho que alivia para a população. Nós precisamos do serviço judiciário rápido.

Repórter – Governador, sobre a Instalação do Parlamento Jovem. Das 94 cadeiras, 58 ocupadas por meninas parlamentares. Como o senhor vê isso? Uma tendência? Como o senhor vê a mulher no Parlamento?

Alckmin – Acho que a juventude antecipou o que vai acontecer em todas as áreas das atividades humanas. Quando eu entrei na Faculdade de Medicina, e não faz tanto tempo, era raro você encontrar alguém de saia. Era uma faculdade machista. A atividade médica era de homem. Hoje, mais da metade das vagas nas universidades são das mulheres. Na magistratura, até há pouco tempo, não existia juíza, promotora, e no último concurso para o Ministério Público a maioria foi de mulheres. As mulheres são perseverantes, têm garra, sensibilidade, são fortes e é natural que em todas as atividades haja uma participação maior. Inclusive na atividade política. Acho que o Parlamento Jovem mostra o que vamos ter daqui para frente, o que é muito saudável. Muito positivo.

Repórter – O senhor está indo a Washington. Gostaria que detalhasse o que o senhor vai buscar e para onde vai exatamente.

Alckmin – Vou ficar três dias. Terça, quarta e quinta. Quinta é feriado aqui mas lá não é. Então, a gente aproveita um dia que aqui seria feriado e trabalha lá em Washington. Temos um encontro por dia. O primeiro é no Banco Mundial, no Bird, vamos tratar do financiamento da Linha 4 do Metrô, que é a chamada ‘linha da integração’. Ela começa na Luz vai até Vila Sônia, Taboão da Serra. Pela primeira vez, o metrô sai de São Paulo, vai para a Região Metropolitana. A primeira fase da Linha 4 custa um bilhão de dólares e nós esperamos que 40% disso, 400 milhões de dólares, seja de financiamento do Banco Mundial. Vamos acelerar a assinatura do contrato para poder publicar o edital de concorrência pública da obra o mais rápido possível. Na semana passada já assinamos o decreto de utilidade pública de toda a área ao longo da Linha 4 do metrô, que vai ser das mais importantes, porque vai integrar quase todas as linhas de metrô. No BID, Banco Interamericano de Desenvolvimento, são quatro os projetos: um, em andamento, que é a Linha 5 do metrô, que fica pronto o ano que vem, ligando Capão Redondo ao Largo 13, em Santo Amaro. Vai transportar 400 mil passageiros por dia. O segundo, é uma lei aprovada na Assembléia para recuperação de rodovias. São 120 milhões de dólares do Governo do Estado e 120 milhões de dólares do BID. Não só para recapeamento, mas para readequação. Vou dar um exemplo entre as várias obras: a SP-55. Ela sai de Ubatuba passa por Caraguatatuba, São Sebastião, Bertioga e vai até a Piaçaguera/Guarujá. Toda ela será recapeada, terá 3ª faixa, acostamento, obras de segurança, como passarela. E isso vai ser feito em muitas regiões do Estado. O outro financiamento é para a Fábrica de Cultura. É para expandir o Projeto Guri. Levar música e cultura para os jovens. E o outro é o programa de erradicação de cortiço, especialmente na região central da Capital, para reaproveitar prédios antigos para o pessoal morar. Terei também um encontro com empresários norte-americanos, principalmente de empresas que têm ligação com o Estado de São Paulo, dando um quadro paulista, um quadro brasileiro. E, na sexta-feira, estou de volta.

Repórter – Quem vai acompanhá-lo nessa viagem?

Alckmin – Os secretários envolvidos. O secretário da Fazenda, Fernando D’Allacqua, porque é a Secretaria que trabalha a questão dos empréstimos internacionais; o secretário dos Transporte Metropolitanos, Jurandyr Fernandes, por causa das obras do metrô; e o secretário da Cultura, Marcos Mendonça. Só os três secretários.

Repórter – O senhor recebeu os deputados da bancada do Governo, ontem à noite. O que foi discutido?

Alckmin – Foi uma conversa informal, uma avaliação do quadro político mais geral. A Assembléia tem dado apoio importante nos projetos de interesse do Estado, de interesse da população, e foi uma discussão mais geral. E eu dei um quadro macroeconômico do Estado. Eu brinquei com o pessoal que gostaria de ser governador de novo em 2011, porque só este ano nós pagamos de precatório não-alimentar R$ 550 milhões. Ou seja, o Governo vai pagar todos os precatórios pela Emenda constitucional nº 30 em 10 anos. No ano 2011, não haverá nenhum precatório, o passivo do Estado zerou e não se paga mais nada. O governador vai ser um felizardo. Agora, até lá, nós vamos ter que fazer um enorme sacrifício. No ano que vem vamos pagar R$ 660 milhões. Até lá, vamos suar a camisa pagando dívidas que não fizemos. Eu transmiti a eles também que estou confiante que o Congresso Nacional vai aprovar a liberação dos depósitos judiciais. O projeto já está tramitando, os líderes vão pedir regime de urgência e, se for votado até o mês que vem, nós vamos pagar os precatórios alimentares, que são os mais importantes. São salários, pessoal que ganhou na Justiça, gente que tem idade e está esperando, e vamos poder pagar mais de R$ 800 milhões de precatório alimentar.