Trechos da coletiva do governador Alckmin concedida nesta segunda-feira, dia 17, após assinatura de

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seg, 17/12/2001 - 17h26 | Do Portal do Governo

Convênio

Repórter: Governador, o senhor comentou que este convênio vai gerar emprego e renda. De que forma?

Alckmin: São Paulo tem um portal, chamado Central Digital de Desenvolvimento, que tem sido extremamente procurado por empresários não só do País, mas do mundo todo. E o Itamaraty também tem um portal chamado Brasil Trade Net. Nós estamos fazendo um convênio para unir os dois portais, para possibilitar a investidores acessos on-line, rápidos, eficientes, proporcionando maior oportunidade de investimentos no Brasil, especialmente em São Paulo, gerando emprego e renda. A Internet é hoje um instrumento, uma ferramenta de grande poder em termos de informação. São dois portais muito bem sucedidos, muito bem conceituados, que se unem por meio deste convênio, neste trabalho.

Alca

Repórter: Governador, o senhor imagina que essas indefinições em relação às regras da Alca podem atrapalhar esse serviço que está sendo desenvolvido pelo Governo paulista dentro dessa agenda positiva?

Alckmin: Eu acho que a Alca é um objetivo a ser alcançado, mas que tem de ser feito de maneira gradual. O Brasil tem que preservar os seus interesses. Todos nós queremos uma economia global, onde se possa ter acesso aos mercados, mas onde não haja protecionismo. Nós não podemos ter uma área de livre comércio que seja em detrimento do produto e do produtor brasileiro. Esses são os cuidados que precisamos ter e são os cuidados que o Governo brasileiro está atento e trabalhando nesse sentido.

Repórter: O senhor fala sempre nos seus discursos, principalmente no Interior, que o agronegócio é um negócio de São Paulo. Com esse problema da Alca os produtos agrícolas são os que mais sofrerão. Como o senhor vê isso?

Alckmin: No caso de São Paulo, o primeiro produto agrícola é a cana-de-açúcar. Nós temos o maior canavial do mundo e esses produtos estão bem em termos de preço, tanto o açúcar quanto o álcool vivem um bom momento. O segundo é a laranja. Nós temos o maior pomar cítrico também mundial e também está com um bom preço. Houve uma recuperação importante e também caminha bem. O terceiro é a pecuária de corte, carne bovina. Nós somos hoje um importante exportador de carne bovina e isso se deve as boas condições fitossanitárias de São Paulo. Erradicamos a aftosa.
O setor de avicultura vive um momento mais difícil, sobretudo a produção de ovos. Nós somos grandes produtores de ovos do País. O setor de frango vive uma situação melhor. O setor de café enfrenta algumas dificuldades. Enfim, mas acho que estamos avançando bastante. O que precisamos é agregar valor. Para se ter uma idéia, a agropecuária sozinha em São Paulo representa 3% do produto interno paulista. Quando falamos de agronegócio isso passa de 3% para 39%, o que mostra a importância de se agregar valor. Ao invés de se vender soja, vender frango, vender porco. Ou seja, agregar valor e ter um conceito de agropecuária mais amplo, que é o conceito de agronegócio. E essa é a grande vocação de São Paulo. Nós temos agricultura aqui de tecnologia de ponta, uma indústria também sofisticada e esse setor pode se expandir bastante.

Balanço de Governo

Repórter: Governador, dá para fazer uma análise de como foi este ano para o Governo de São Paulo?

Alckmin: Nós estamos terminando um ano importante, primeiro porque concluímos o ano com um bom nível de investimento. Metrô, prolongamento da Bandeirantes entregue ontem, estamos tocando as obras do Rodoanel, entregamos vários hospitais, escolas, casas. Enfim, mantendo todo nível de investimento, que foi histórico para São Paulo. Segundo, déficit público zero. O Governo não gastou um centavo a mais do que arrecadou e, pela primeira vez em alguns anos, sem vender um ativo. Nós não vendemos nesse ano uma ação, uma propriedade do Estado. Então, ajuste fiscal puro. A única privatização prevista era da Cesp Paraná, que suspendemos em razão da crise de energia. Isso seria R$ 2 bilhões, aproximadamente. Ajuste fiscal puro, contas públicas equilibradas, diminuímos a carga tributária, reduzimos impostos.
No caso do ICMS, para renovação da frota de táxi, também para a pequena empresa e para vários produtos. Estamos com as contas rigorosamente em dia, pagamos 13% da receita corrente líquida da dívida, avançamos na questão dos precatórios. Eu também diria que foi um ano difícil, pois nós vivemos no mundo um ciclo de atividade econômica retraída. O Japão crescendo muito pouco, a Europa também crescendo pouco, os Estados Unidos em recessão. Nós vivemos nos ciclos econômicos mundiais um momento de retração da atividade econômica.
Enfrentamos crises duras, como a crise Argentina, que acaba afetando o Brasil, a crise de energia, o ataque terrorista nos Estados Unidos, vários fatores difíceis. Mas conseguimos terminar o ano razoavelmente bem. Com um crescimento, no caso do Brasil, superior a 2% do PIB, resistindo a todas essas dificuldades. Acho que em 2002, o começo do ano não vai ser fácil. Mas acho que a tendência ao longo do ano é melhorar e, em São Paulo, nós temos experiência em enfrentar crises sem mandar a conta para o contribuinte ou para o consumidor. Fazendo ajustes, buscando melhor eficiência nos gastos públicos e mantendo investimentos, que é o que interessa para melhorar a vida das pessoas.

Repórter: Dá para dizer o que o Estado cresceu neste ano e qual a expectativa para 2002 em termos de crescimento?

Alckmin: Nós tivemos um crescimento no Estado de São Paulo. O ICMS é um bom termômetro da atividade econômica do Estado, que é o imposto sobre circulação de mercadorias. Poderíamos ter crescido muito mais, não fossem essas crises todas, internas e externas. Mas demos um passo significativo, em torno de 9% relativamente ao ano anterior. A infra-estrutura de São Paulo se ampliou. O Estado tem uma boa infra-estrutura que foi ampliada em todas as áreas, energia, termoelétricas, hidroelétricas, como Porto Primavera, usinas de co-geração de energia através do bagaço de cana. Na área de transportes, novas estradas, vicinais, duplicação de rodovias, Rodoanel que está sendo concluído o primeiro trecho, recursos humanos, estamos fazendo uma forte ampliação do ensino universitário gratuito por meio da USP, Unesp e Unicamp, que cresciam em média 200 vagas no vestibular anualmente. Este ano aumentaram em 1.084 vagas. Esperamos chegar 2002 com mais 3.000 vagas. Uma boa recuperação do sistema Paula Souza e vamos fazer uma ampliação no sistema de Fatecs (as faculdades de tecnologia de São Paulo). Aliás, a primeira faculdade pública da Zona Leste está ficando pronta. Será a primeira na região para ensino gratuito e com qualidade.