Trechos da coletiva do governador Alckmin após lançamento nacional do Programa Esporte na Escola

Parte I

seg, 06/08/2001 - 16h06 | Do Portal do Governo

Uso de PABX de empresas por líderes do PCC

Repórter: Governador, o que se pode fazer com a nova denúncia de que líderes do PCC estão invadindo as centrais telefônicas particulares?

Alckmin: Essa é uma questão policial. A Polícia vai agir. O Governo vem, desde o começo, agindo com absoluta firmeza. Nós fomos os primeiros a tirar esses líderes do crime organizado do Carandiru, a mandar até para outros Estados. Enfrentamos firmemente a rebelião feita em 29 penitenciárias simultaneamente. O Governo tem agido com firmeza e vai continuar agindo nesse sentido.

Repórter: Agora, governador, enquanto isso os celulares continuam, especialmente na Casa de Detenção, e dessa vez são os empresários que estão pagando a conta, não é? Porque eles puxam uma linha de um PABX de empresa.

Alckmin: Essa é uma questão policial, que a Polícia vai trabalhar e vai prender. Aliás, a maioria das centrais telefônicas utilizada pelo crime organizado foi estourada. É uma questão tecnológica da Polícia agir para prendê-los e coibir esse tipo de coisa. Primeiro, o Governo não retroage um milímetro na disposição de desarticular essas organizações criminosas. Segundo, centrais telefônicas foram estouradas pela Polícia e dezenas de pessoas foram presas. Terceiro, nesses casos específicos a Polícia também vai agir de maneira específica e voltada a esse trabalho. Quarto, estão sendo testados os equipamentos para que nas unidades prisionais mesmo que entre algum celular inadvertidamente os celulares não funcionem. Esses equipamentos estão sendo testados, aprovados pela Anatel, o Governo vai adquiri-los.

Repórter: Mas isso ainda vai levar um tempo?

Alckmin: Acho que não demora muito. Na hora que o equipamento estiver aprovado, o Governo imediatamente vai comprá-lo. Se for preciso faremos concorrência, se não, compraremos diretamente.

Negociação com Policiais

Repórter: Governador, quanto à rodada de negociações com as entidades representantes dos policiais, em que ponto estão as discussões?

Alckmin: Nós tivemos dois encontros que eu considerei proveitosos e pude sentir das entidades representantes três linhas de reivindicação. Uma é o índice de reajuste. O Governo já concedeu um índice de 6%, 8% e 10%, fora o piso, que passou a ser de R$ 1.000 a R$ 2.500, o que significa para algumas categorias mais de 34% de reajuste, como no caso de delegado de quinta classe, do tenente iniciante, do médico legista e do perito, também no caso do soldado, que foi mais de 30%. Há uma outra reivindicação, que são benefícios indiretos e uma terceira, que são problemas específicos e pontuais de carreira. Nós estamos avaliando, o índice concedido é o nosso limite neste ano, em razão até da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas o Governo vai fazer um esforço sim para poder agregar, poder somar algum outro benefício para ajudar.

Repórter: Os reajustes podem ser escalonados a partir próximo ano?

Alckmin: Eles fizeram uma proposta, se não for possível neste ano, de se estabelecer índices para o ano 2002. Nós estamos estudando.

Repórter: Neste ano não será possível mais algum tipo de reajuste?

Alckmin: Não porque este ano, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a folha de pagamento não pode ultrapassar 50,7% da receita corrente líquida, e com o reajuste concedido a partir de 1º de agosto nós estamos praticamente no limite.

Repórter: Governador, para este ano, o que pode ser concedido para os policiais?

Alckmin: Benefícios indiretos, como ajuda na habitação. Quem está pagando aluguel ou morando em situação inadequada; isso representa mais de 20% do gasto da família.

Repórter: O senhor acha que essa oferta é capaz de evitar qualquer outro problema com a Polícia Civil ou Militar?

Alckmin: Eu acho que sim, porque as reuniões foram boas. O clima é de entendimento, eles compreenderam as limitações do Governo. Claro que quem reivindica pede mais, é evidente. Eles entenderam que o Governo tem limitações, mas que está havendo uma boa vontade e esforço de contemplar o máximo possível.

Fiscalização dos Perueiros Clandestinos

Repórter: E com relação ao perueiros. Houve um tempo em que o Governo do Estado dizia, por meio do secretário Petrelluzzi, que não havia como a Polícia atuar na fiscalização dos perueiros clandestinos, que não era caso do Governo do Estado, mas da Prefeitura. Hoje, o Governo considera esse caso como de polícia?

Alckmin: A posição do Governo não mudou. A questão do perueiro não é policial, é de transporte. Aliás, eu particularmente, acho que há espaço para a perua. Por que a população usa essas peruas? Porque presta um serviço e porque o transporte coletivo é ruim. Então, há espaço para a perua, que não é problema para solução da Polícia, isso é problema de política de transporte como alimentador do sistema troncal que deve ser com corredores de ônibus, metrô, trem, transporte de alta capacidade. Agora, vandalismo, depredação, esse tipo de coisa é com a Polícia e a Polícia vai agir.

Repórter: Governador, neste fim de semana a prefeita Marta Suplicy acabou tecendo comentários sobre a sua administração, dizendo que ela está fazendo o que pode com a questão dos perueiros, mas que o senhor tem que ter mais firmeza nesta questão. O que o senhor tem a comentar?

Alckmin: Não tenho nenhum comentário a fazer. A Polícia age na parte policial. A questão dos perueiros não é problema da Polícia, a perua é um sistema de transporte….

Repórter: A fiscalização, por exemplo…

Alckmin: A fiscalização não é problema da Polícia. Se o perueiro está legalizado ou não, se ele está na linha correta ou não, isso não é com a Polícia. Agora, a partir do momento que algumas pessoas passam a cometer ato de vandalismo, depredação do patrimônio público, pôr em risco a vida das pessoas, a Polícia vai agir com firmeza.

Repórter: Mas age depois da ação?

Alckmin: Não. O Governo, por exemplo, colocou à disposição da Prefeitura um contingente de policiais. Se achar que há necessidade de uma ação preventiva em algum lugar, a Polícia vai lá para agir preventivamente.

Repórter: Esse contingente está atuando na fiscalização?

Alckmin: Esse contingente fica à disposição da Prefeitura exatamente para esse tipo de trabalho.

Repórter: No caso desse líder, Laércio Ezequiel dos Santos, que disse que vai jogar mil litros de sangue animal em patrimônio público, fechar a avenida 23 de maio com mulheres e crianças de perueiros, esse é caso de polícia ou não?

Alckmin: Mas é claro que sim. É evidente que é questão de segurança pública.

Repórter: O que vai ser feito então, já que ele alertou que fará isso?

Alckmin: Na hora que fizer vai ser preso.

Produção nas Penitenciárias

Repórter: Governador, as cadeias de outros Estados vão fabricar material esportivo. Por que as de São Paulo não, já que os CDPs vão dar condições dos presos trabalharem?

Alckmin: São Paulo já fabrica material esportivo. Aliás, no informativo ali diz que quem vai fornecer o material esportivo necessário não só serão as cadeias como até as unidades da Febem de São Paulo. Nós já fabricamos bolas de futebol, inclusive bolas de qualidade, tanto em penitenciárias quanto em unidades para menores infratores da Febem. Nós compramos material esportivo das nossas penitenciárias e da Febem. Da mesma forma ocorre neste convênio, cuja a metade do dinheiro é do Governo Federal e a metade do Governo do Estado, mas quem acaba aplicando é o Estado.