Transportes: Cresce número de usuários que utilizam trens e Metrô de São Paulo

No ano passado, o Metrô obteve R$ 794 milhões de receita

seg, 02/08/2004 - 18h36 | Do Portal do Governo

Com 5,5 milhões de veículos, mais do que Nova York e Tóquio, São Paulo é a cidade mais motorizada do mundo. E sempre teve no transporte coletivo um dos seus principais problemas. Problema que se estende para a região metropolitana.

O tempo que o paulistano perde parado no trânsito, seja em ônibus ou carro, representa também uma perda muito grande de dinheiro. Por isso, o caminho encontrado para melhorar a qualidade de vida da população e tornar a cidade menos onerosa foi direcionar investimentos para o transporte sobre trilhos. Nunca se investiu tanto em trens e Metrô como agora. É uma corrida na tentativa de recuperar o tempo perdido. Esses dois modais têm elevado, a cada dia, o número de passageiros transportados.

Juntos, o Metrô e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) transportam quase 4 milhões de passageiros por dia. Hoje, 1,3 milhão de pessoas usam diariamente os trens, enquanto 2,6 milhões são transportadas pelo Metrô. Em maio do ano passado, esse último conduziu 43,9 milhões de passageiros, cifra que pulou para 44,1 milhões neste ano, representando aumento de 200 mil passageiros transportados num único mês.

Nos trilhos da CPTM não foi diferente. No primeiro quadrimestre, a companhia apresentou resultados que reforçam a tendência de crescimento observada nos últimos anos. De janeiro a abril, 116,6 milhões de passageiros utilizaram os serviços, ante 113,3 milhões nos primeiros quatro meses de 2003, acréscimo de 3%. O aumento mais significativo ficou com a Linha C (Osasco-Jurubatuba), que registrou alta de quase 14%, seguida da Linha B (Júlio Prestes-Itapevi), com mais de 6%.

Demanda em pleno crescimento

Apesar dos recursos já direcionados para o setor de transporte urbano em São Paulo, essa tendência de crescimento verificada a cada ano vem estimulando o governo do Estado a procurar novas fontes de financiamentos, diante das dificuldades que o próprio Estado e o município têm para fazer investimentos dessa magnitude.

Para se ter uma idéia, somente a primeira etapa da expansão da Linha 2 (Paulista), com extensão de três quilômetros e duas estações, Chácara Klabin e Imigrantes, que deverá estar concluída em 2006, exigirá aplicações de R$ 590 milhões, dos quais 75% virão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o restante do governo de São Paulo, que já tem R$ 111 milhões assegurados para este ano.

Nessa etapa, a implantação da Linha 2 vai gerar 2,4 mil empregos diretos e 5 mil indiretos. Além de ampliar os trilhos do Metrô (caso da Linha 2 – Vila Mariana/Ipiranga, com 3 quilômetros, e do início das obras da Linha 4 – Estação da Luz/Vila Sônia, com 12,8 quilômetros e 11 estações), o governo vem revitalizando os 270 quilômetros de linhas de trens da CPTM que, hoje, somam 92 estações. Entre elas, a Linha F, em Engenheiro Goulart, na zona leste, que servirá de acesso para os alunos do novo câmpus da USP na região.

Foi dentro desse plano de revitalização de trens e estações da CPTM que surgiu o Expresso Leste, que, desde a sua inauguração, há quatro anos, transportou 213 milhões de passageiros entre as estações Brás e Guaianases, a chamada Linha E. A qualideade desse meio de transporte é elogiada pelos usuários, que o classificam moderno, rápido e seguro. Limpos e velozes, as composições são equipadas com ar-condicionado, bancos anatômicos e vidros com filtro solar, longe dos trens lentos, sujos, sem segurança e barulhentos que, no passado, faziam o mesmo trajeto. Desde outubro, o Expresso Leste passou a servir também as estações Luz, José Bonifácio, Dom Bosco, Itaquera e Tatuapé.

Ainda é pouco

O reconhecimento é das próprias autoridades do governo paulista. O transporte sobre trilhos em São Paulo ainda está aquém das necessidades. E o caso do Metrô chama mais a atenção. Em 30 anos, a serem completados no dia 14 de setembro, a malha avançou apenas 58,6 quilômetros de linhas (são 28 quilômetros subterrâneos, 15 quilômetros elevados e 15,5 quilômetros em superfície), num ritmo de 2 quilômetros por ano.

Se comparado com o Metrô da Cidade do México, cinco anos mais velho que o paulistano, vê-se o quanto São Paulo ficou para trás. Em 35 anos, as autoridades mexicanas construíram 201 quilômetros de linhas, um sistema 3,5 vezes superior ao da capital paulista. A diferença é que lá o Metrô tem recursos assegurados pelo governo federal, o que não é o caso de São Paulo, que depende exclusivamente de fonte estadual.

Outro diferencial é que a Cidade do México fica numa região sujeita a freqüentes abalos sísmicos, e isso dificulta a realização de obras em grandes profundidades, o que não é o caso da cidade de São Paulo. O problema de crescimento foi e continua sendo a escassez de recursos. No ano passado, o Metrô obteve R$ 794 milhões de receita, que foram utilizados para pagar despesas operacionais. São 70% com a folha de pagamento de 7,5 mil funcionários, 10% com energia elétrica e 20% para a manutenção do sistema.

Parceria pode ser a saída

É um desafio alavancar a rede contando apenas com recursos do Estado. Hoje, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Estado tem limites para contratar novos empréstimos, razão pela qual são necessárias soluções alternativas, para dar um novo ritmo na sua expansão, que possam atrair investimentos da iniciativa privada, tanto por meio de concessão como por meio de parcerias.

A questão é encontrar o ponto de equilíbrio que satisfaça os dois lados. É o caso, por exemplo, da Linha 4, na qual o Unibanco venceu concorrência pública com proposta para realizar o estudo comercial do novo empreendimento. É um negócio que pode atingir US$ 500 milhões. No momento, o governo de São Paulo estuda alternativas de concessão à iniciativa privada, por um período de 30 anos, ou por meio de Parcerias Público Privadas (PPP).

No dia 6 de julho, a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal aprovou o segundo empréstimo externo, no valor de US$ 209 milhões, para o Estado de São Paulo, destinado à construção da Linha 4. O novo investimento, já negociado pelo governo paulista, será realizado com um consórcio de bancos japoneses, garantido pelo Japan Bank for International Cooperation (JBIC).

O primeiro empréstimo, também para a Linha 4, no valor de US$ 209 milhões, foi assinado em 2002, pelo governo com o Banco Mundial (Bird). A obra vai exigir investimentos de R$ 3,1 bilhões, sendo R$ 1,9 bilhão na primeira fase e R$ 1,2 bilhão na etapa posterior. Neste ano, o governo paulista investiu na Linha 4 cerca de R$ 155,3 milhões, sendo R$ 65,7 milhões de recursos do Tesouro e R$ 89,6 milhões de financiamento do Bird. A expectativa é que o novo empreendimento gere, nos próximos quatro anos, cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos em diversas áreas.

Da Agência Imprensa Oficial/Hamilton Nascimento/L.S.