Transporte: Ampliação da calha do Tietê deverá possibilitar uso de hidrovia

Utilização do leito do rio vai permitir transporte de cargas e passageiros

qui, 05/06/2003 - 10h24 | Do Portal do Governo

O governo paulista deverá finalizar em julho de 2004 o processo de ampliação da calha do leito do Rio Tietê na região metropolitana da capital. Até o término das obras, a Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos já terá decidido qual sistema de transporte de passageiros e de cargas irá adotar na nascente hidrovia.

O ponto inicial será a Barragem da Penha, na zona leste, e o ponto final será na Barragem Móvel do Cebolão, próximo ao município de Osasco, na região oeste. Os barcos percorrerão o trajeto de 35 km nos dois sentidos. Com a ampliação, a distância entre as margens do Tietê passará de 20 a 25 m em média, para 41 a 46 m. A profundidade média também será aumentada em 2,5 m na extensão navegável do Tietê.

Um dos objetivos da hidrovia é melhorar o transporte na região metropolitana. A utilização do leito do rio permite a transferência do tráfego de cargas e passageiros para um sistema mais eficiente e barato. A navegação fluvial economiza gastos com tempo, combustível e reduz a emissão de poluentes na atmosfera.

Estudo das opções

A empresa Básico Engenharia e Construção elaborou para a Secretaria dos Transportes Metropolitanos um estudo de viabilidade da hidrovia. A análise aponta alternativas para questões como fiscalização do sistema, concessão de linhas e criação de terminais multimodais. Prevê também determinar qual sistema de transporte fluvial é mais adequado, de acordo com a dimensão dos barcos e estrutura das pontes.

Segundo Jurandir Fernandes, secretário dos Transportes Metropolitanos, o estudo já chamou a atenção de empresas interessadas em explorar o transporte fluvial. ‘Podemos optar entre barcos de menor velocidades, capazes de transportar tripulações de até 600 passageiros, ou embarcações menores e mais rápidas, como as voadeiras, que atingem velocidades de até 40 quilômetros por hora’, explica o secretário.

A exploração e a construção da hidrovia serão realizadas por meio de parceria entre a administração estadual e a iniciativa privada. Uma das questões pendentes é definir o percentual de recursos a serem aplicados pelos empresários e quanto o governo paulista necessitará captar em órgãos como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco Mundial entre outros.

Demandas da sociedade

Serão analisadas ao longo do trajeto as necessidades de transporte da população paulistana. Desde 1967, o Metrô-SP pesquisa os trajetos de origem e destino da comunidade da região metropolitana para se deslocar de suas residências. A partir destes dados, serão projetados os terminais de embarque de carga e passageiros, passarelas de pedestres e viadutos.

O secretário ressalta porém que a construção será realizada de acordo com o dinheiro disponível. ‘Vamos aproveitar os recursos de engenharia já disponíveis. Na Europa existem pontes que servem para o trânsito de pedestres e que também são utilizadas como embarcadouro. A meta é repassar à Empresa Metropolitana de Transporte Urbano (EMTU) o gerenciamento desses terminais’.

Um desafio futuro, segundo Fernandes, será manter a navegação fluvial atraente para a iniciativa privada e ao mesmo tempo cobrar pelo serviço uma tarifa que a sociedade possa pagar.

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos pretende chamar a atenção das pessoas da região metropolitana por meio de passeios turísticos com roteiros culturais nos finais de semana. ‘A população vai perceber que o rio não é mais depósito de lixo e de pneus e não oferece riscos à saúde das pessoas. Os barcos novos contém filtros para não despejar óleo e fumaça preta na atmosfera’.

As embarcações também vão contribuir para ressuscitar a vida no Tietê. O movimento das hélices revolve o fundo do rio e auxilia a oxigenação da água. A aeração melhora o ciclo de vida e reprodução de peixes e fauna fluvial. A água não será potável, porém limpa.

Fim das enchentes

A finalização das obras de rebaixamento da calha do rio, em julho de 2004, deverá solucionar para os próximos 100 anos os problemas causados pelas enchentes na Marginal Tietê. A ampliação da calha não é uma simples retirada de terra das margens. O Projeto Pomar do governo do Estado está também plantando árvores nas margens do rio para evitar o assoreamento e enxurradas. Além disso, a prevenção contra os alagamentos será garantida com a construção de muros de concreto construídos em diagonal (taludes) nas duas margens.

Não há perigo de recontaminação do Tietê depois de limpo. O conjunto de obras inclui a canalização paralela dos afluentes que desaguam no Tietê. O sistema de drenagem de esgotos será direcionado para tubulação própria, sendo encaminhado para tratamento.

‘O aspecto ruim da paisagem já vem sendo modificado. A idéia é transportar os dejetos existentes por meio de barcaças. Se terminada a obra, o Tietê for novamente esquecido em termos de utilização, perde o sentido a iniciativa. O objetivo é transformar o rio que banha a região metropolitana, num pedaço da existência dela’, finaliza.

Rogério Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

C.C.