Transgênicos: Estudos apontam para novas tecnologias

Com isso agricultores e a produção nacional podem ficar sob controle das grandes empresas transnacionais

sex, 13/12/2002 - 15h20 | Do Portal do Governo

Em 1954, em nome da fome os EUA iniciaram o programa de vendas subsidiadas de produtos alimentares denominado Alimentação para a Paz (Food for Peace).

Difundido para combater a fome no mundo inteiro, o objetivo central estava vinculado aos interesses econômicos dos EUA: aliviar os excedentes agrícolas e desenvolver mercados de exportação para as mercadorias norte-americanas.

Entre 1954 e 1964, a ‘ajuda alimentar’ constituiu 34% do total das exportações de cereais deste país e 57% das importações totais de cereais pelos países do 3º mundo. Boaventura de Souza Santos, que tece estes comentários, lembra que antes de 1945 os países pobres exportavam cereais e, nos anos 50, eram auto-suficientes em produtos alimentares, apesar de a seca e outros fatores produzirem períodos de fome principalmente na Índia e na África.

Os resultados principais de tal programa foram o aumento do desemprego nos países pobres e a desestruturação da produção agrícola – o que refletiu na maior dependência da importação de cereais.

Também em nome do combate à fome veio, na década de 70, a designada ‘revolução verde’, em cujos resultados baseou-se Jean-Pierre Leroy para se referir à recente utilização de sementes transgênicas como a nova revolução verde em curso.

Na ‘revolução verde’, ocorreu o surgimento de sementes com elevada resposta à utilização de agroquímicos, o que deslocou parte da centralidade do processo agrícola para as empresas fornecedoras de sementes e insumos externos e limitou a importância do pequeno produtor ao transformá-lo em simples fornecedor de matérias-primas.

Agora, a pretendida ‘nova revolução’ colocaria, através da transgenia, mais ainda os agricultores e a produção nacional sob controle das grandes empresas transnacionais, reforçando as exclusões econômicas, culturais, ambientais, sociais e políticas.

Leia a matéria completa no site do Instituto de Economia Agrícola.

José Eduardo Rodrigues Veiga
Pesquisador do IEA

C.A