Terras: Livro traça perfil do autoconsumo nos assentamentos

Pesquisa do Itesp revela que produção própria de assentados equivale a 58% do gasto com alimentação

ter, 27/07/2004 - 17h52 | Do Portal do Governo

A Fundação Instituto de Terras (Itesp), entidade vinculada à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, lança nesta quinta-feira, dia 29, o livro Da Terra Nua ao Prato Cheio. A publicação, feita em parceria com o Centro Universitário de Araraquara (Uniara), é resultado de uma ampla pesquisa do Itesp sobre o autoconsumo nos assentamentos paulistas, isto é, a utilização de produtos do próprio lote agrícola na alimentação dos assentados.

Feita com uma amostra de 70 famílias, a pesquisa revelou que o autoconsumo médio anual nos assentamentos do Estado representa um valor monetário de R$ 402,17 por pessoa, ou 419,86 kg de alimento. Além disso, o que é produzido no lote chega a representar 58% do gasto com alimentação da família. Esse resultado mostra a importância do autoconsumo para a segurança alimentar e estabilidade econômica dos produtores rurais assentados.

Para o diretor-executivo do Itesp, Jonas Villas Bôas, o livro comprova a tese de José Gomes da Silva, ex-secretário da Agricultura de São Paulo e patrono do Itesp, de que a reforma agrária é capaz de oferecer, no mínimo, casa, comida e trabalho. ‘Em todos os assentamentos, vemos que os produtores têm, pelo menos, uma horta, um pomar, porcos e galinhas. Com isso, muitos alimentos não precisam ser comprados’, conclui.

Diversificação

O diretor do Itesp destaca outra característica importante da produção dos assentamentos: a diversificação. Ele lembra que muitos produtores que se dedicam à monocultura não resistem às eventuais crises, como aconteceu na primeira metade da década de 90 com o algodão. Na época, a síndrome da vermelhidão do algodoeiro provocou grandes perdas na produção e muitos agricultores paulistas enfrentaram sérias dificuldades financeiras.

‘Como o agricultor familiar não depende de uma única cultura, é menos vulnerável economicamente às quebras de safra ou oscilações de preços. Isso é importante também para as economias locais, que se tornam mais estáveis’, analisa.

Villas Bôas também enfatiza que, embora a pesquisa tenha por objeto o autoconsumo, isso não significa que a produção dos assentados não seja comercializada. Segundo ele, os produtos da reforma agrária têm conquistado participação cada vez maior no mercado. ‘Na região do Pontal do Paranapanema, por exemplo, os assentamentos já respondem por 48% da produção de leite, 28,7% da produção de mandioca para a indústria e 27% do algodão’, cita.

Atualmente, existem 158 assentamentos rurais em 53 municípios paulistas, onde vivem 9.774 famílias. A maioria (97 assentamentos e 5.374 famílias) está concentrada na região do Pontal do Paranapanema, extremo-oeste do Estado.

Serviço

Lançamento do livro Da Terra Nua ao Prato Cheio
– Local: Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, Pátio do Colégio, 184.
– Data: Quinta-feira, dia 29, às 18h30