Terras: Assentados discutem rede de agentes da cidadania

Proposta foi apresentada em encontro regional de jovens em Jaboticabal

ter, 14/09/2004 - 20h47 | Do Portal do Governo

A criação de uma rede de agentes da cidadania pode ser uma alternativa para o fortalecimento da organização de jovens assentados no Estado de São Paulo. Esse foi um dos temas discutidos durante encontro regional de jovens realizado no último final de semana no assentamento Córrego Rico, em Jaboticabal.

Representantes de movimentos sociais e organizações não-governamentais que trabalham com jovens na capital paulista levaram a proposta ao encontro. A articulação entre esses movimentos e os assentados é fruto do curso Diálogos com a Juventude, promovido em julho pela Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.

“O papel da rede é promover a troca de experiências e, acima de tudo, entender que os problemas do outro são muito parecidos com os meus”, explicou Roberto Almeida de Oliveira, assessor da Secretaria da Justiça. “E, a partir daí, pensar em conjunto alternativas de mudança”, completou.

Danilo Angelucci de Amorim, coordenador regional do Itesp, também enfatizou a união. “É assim que conquistamos nossos direitos, como vocês estão fazendo há dois anos, se reunindo, discutindo e se conhecendo.”

Incentivados pelo programa Jovem Rural do Itesp desde 2002, os encontros regionais vêm possibilitando, a integração de moradores dos assentamentos da região de Ribeirão Preto. Neste último encontro, estiveram presentes cerca de 200 jovens de Jaboticabal, Pitangueiras, Pradópolis e Franca.

Pronaf
Durante o evento, os assentados também elaboraram um documento que será enviado ao Ministério do Desenvolvimento Agrário com reivindicações relacionadas à linha de crédito do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) voltada ao Jovem Rural. Eles argumentam que algumas das exigências do programa inviabilizam o acesso ao financiamento.

“O Pronaf exige que o jovem freqüente um curso técnico agrícola, mas são poucas as oportunidades que os assentados têm de entrar numa escola dessas”, exemplificou Adélia Oliveira de Faria, presidente da Organização das Mulheres Assentadas e Quilombolas do Estado de São Paulo (Omaquesp).

Outro problema é a dificuldade de acesso às universidade públicas, segundo destacou Tânia Mara Baldão, representante do assentamento Córrego Rico. ‘Apenas um assentado está cursando a universidade em Jaboticabal, apesar de termos pelo menos 15 jovens no assentamento que poderiam estar lá, com muita capacidade e experiência”, disse.
Além da educação, as discussões também giraram em torno de temas como cultura, lazer, sexualidade e preconceito. Pelo menos uma conclusão foi consensual: união e organização são as estratégias fundamentais para a conquista dos direitos ainda ausentes nos assentamentos.

Segundo o técnico do Itesp José Amarante, responsável pelo programa Jovem Rural na região de Ribeirão Preto, o próximo encontro de jovens foi marcado para o dia 24 de outubro no assentamento Ibitiúva, em Pradópolis.

Da assessoria da Secretaria da Justiça
C.A.