Termina neste sábado inscrição para o programa Escola da Juventude

Alunos com idade acima de 18 anos poderão cursar o Ensino Médio aos fins de semana

sex, 11/03/2005 - 9h08 | Do Portal do Governo

Acumular as funções de cuidar dos três filhos, administrar o lar e trabalhar fora, foram os motivos que impediram a dona-de-casa Lúcia Marinho Siqueira Martins de voltar a estudar. Ela, que cursou até o antigo ginasial, vai poder realizar seu sonho de uma maneira que não se sinta desestimulada. Aos 43 anos, Lúcia continua trabalhando, mas como os filhos estão maiores, ela vai poder optar por estudar apenas uma vez por semana: no sábado ou no domingo. Lúcia matriculou-se no programa Escola da Juventude, que visa incentivar jovens e adultos a cursarem o Ensino Médio (antigo colegial) gratuito em até um ano e meio.

Lançado em janeiro pelo Governo do Estado, o programa prorrogou as inscrições até este sábado, dia 12, na Capital, Grande São Paulo e algumas cidades do interior. As aulas terão início no próximo dia 19. Já nos municípios de Bauru, Franca e Marília o prazo de inscrição vai até o dia 2 de abril e a previsão das aulas é para a primeira semana de abril.

O Escola da Juventude é uma alternativa para quem parou de estudar pelos mais diversos fatores, como acumular empregos e chegar muito tarde em casa, após um longo dia de trabalho. O que, em alguns casos, desestimula algumas pessoas a estudarem à noite durante a semana, não conseguindo fazer o curso na idade indicada. Foi pensando neste público que a Secretaria de Estado da Educação criou o programa.

O programa é gerenciado pela Fundação Para o Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão vinculado à Secretaria. O diretor-executivo da instituição, Tirone Chahade, explica que o grande diferencial do Escola da Juventude está nas atividades de inclusão digital, com aulas em laboratórios de informática, salas de vídeos e um portal na internet. Além do aluno obter um certificado do Ensino Médio em um ano e meio, ele sairá capacitado para o mercado de trabalho ao aprender a lidar com as novas tecnologias. Todo o material didático será oferecido gratuitamente.

Para participar é necessário ter concluído o Ensino Fundamental (antigo ginasial) e efetuar a matrícula diretamente nas 300 escolas estaduais da Capital, em alguns municípios da Grande São Paulo e do Interior. Os documentos necessários são o histórico escolar e a apresentação da carteira de identidade ou da certidão de nascimento. Ao todo estão sendo oferecidas 30 mil vagas, sendo 100 por unidade.

O curso será dado em módulos e a avaliação será contínua, havendo provas bimestrais e, ao final do semestre, exame para a conclusão do módulo. As aulas aos sábados são realizadas no período da tarde e aos domingos, pela manhã. Mais informações podem se obtidas pelo telefone 0800-7700012.

Bolsa de R$ 60,00

Os alunos que tenham até 24 anos e preencham alguns requisitos, terão direito a uma bolsa de R$ 60,00, que será concedida pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, por meio do projeto Ação Jovem. A finalidade deste recurso, comenta Chahade, é ajudar as pessoas mais necessitadas, auxiliando-as no transporte e na alimentação.

O benefício será concedido durante 24 meses, mesmo após o aluno ter concluído os 18 meses do curso. “A finalidade é que com a soma de R$ 420,00 ele possa utilizar o valor para fazer sua matrícula numa faculdade, o que lhe permitirá ter acesso à bolsa do programa Escola da Família, dando seqüência aos seus estudos”, observa.

Mãe e filho estudarão juntos no programa Escola da Juventude

A volta ao banco escolar vai possibilitar que a dona-de-casa Lúcia Marinho Siqueira Martins, que trabalha como babá no período da manhã, estude na mesma escola onde estão matriculados seus dois filhos. Animada, ela incentivou o filho mais velho, William, de 24 anos, a tomar a mesma decisão. “Acho bárbara a idéia de poder estudar no fim de semana porque volto muito cansada do serviço. Não vejo a hora de começar”, diz a moradora do bairro Jardim São Luiz, zona sul da Capital, que vai estudar na Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga Pinto da Silva, localizada no mesmo bairro.

A idéia também é compartilhada pelo trabalhador autônomo Antonio Donizete, 33 anos, que parou de estudar por vários motivos, entre os quais profissional. Há um ano, ele pegou um serviço de pintura em um condomínio residencial na cidade de Jundiaí, onde ficou durante seis meses. Atualmente, Donizete lava estofados de carros e sofás em domicílio. Para ele, a volta às aulas é um caminho para arranjar uma colocação melhor no mercado de trabalho. “Estou animado com as aulas que terei no laboratório de informática. Meu sonho é trabalhar como técnico em manutenção de computador”, revela o morador do bairro de Guarapiranga, que também optou pelas aulas aos sábados à tarde.

Valéria Cintra