Tecnologia: Unicamp desenvolve mouse especial para deficientes

Aparelho contém dispositivo que permite leitura por meio do tato

sex, 05/12/2003 - 13h46 | Do Portal do Governo

Márcio Rogério Juliato e Daniel Ferber, alunos do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, desenvolveram o protótipo de um mouse para pessoas com problemas motores. O equipamento, além de oferecer mais funcionalidade, é mais simples de operar do que os modelos disponíveis no mercado. O trabalho conquistou o primeiro prêmio de um concurso de projetos promovido pelo Centro Acadêmico Bernardo Sayão, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec) da Unicamp.

Aluno do 5º ano do curso de Engenharia da Computação, Márcio conta que o mouse destinado a pessoas com necessidades especiais levou três meses para ser desenvolvido e já está sendo patenteado. O equipamento foi concebido em duas versões. A mais simples é composta por um painel com seis botões. Acionados pela pressão da mão, quatro deles fazem com que o cursor se movimente para cima, para baixo, para a esquerda e para a direita.

Qualquer computador

Os outros dois botões têm a função de “agarrar” e “soltar”, o que permite que o usuário arraste objetos (um ícone, por exemplo) de um ponto para o outro da tela. “Esse modelo é indicado para pessoas com maior comprometimento motor ou para crianças no estágio inicial de aprendizagem”, afirma.

A outra versão, mais completa, é composta por 12 botões. Tem as mesmas funções da anterior e também possibilita ao usuário movimentar o cursor nas diagonais, tanto para cima como para baixo. Dispõe, ainda, de dois comandos que reproduzem a função dos botões direito e esquerdo do mouse convencional.

Assegura, também, diz que o equipamento apresenta uma série de vantagens em comparação aos modelos comerciais: é mais robusto, suporta nível razoável de impacto e apresenta boa proteção contra umidade. Outra característica é que pode ser conectado a qualquer computador e programa, sem a necessidade de softwares específicos, como é exigido por outros fabricantes.

Menor custo

O principal diferencial da nova tecnologia, acredita o estudante, estará no custo final ao consumidor. Ele estima que, em breve, quando começar a produção em escala, o equipamento completo deverá sair por R$ 400, e o mais simples, por R$ 300, enquanto os modelos comerciais custam entre R$ 700 e R$ 1,2 mil.

“Esses aparelhos, além de não serem acessíveis às pessoas com necessidades especiais e nem às entidades do segmento, não oferecem tantas funcionalidades”, garante .

O estudante da Unicamp destaca que um mouse convencional pode ser acoplado ao mouse especial para dois usuários (aluno e professor, por exemplo) assumirem o controle da operação, mas não ao mesmo tempo. “Isso facilita a interação entre ambos durante as aulas”.

Preocupação com a exclusão

Márcio Juliato conta que há coletor de dados que permitem ao professor saber quais botões o aluno mais aciona. E esclarece que esse tipo de informação é essencial no momento de o educador analisar o comportamento dos estudantes durante a utilização do sistema.

“O mais importante no momento é fazer com que as pessoas com necessidades especiais tenham acesso ao mouse, e com ele possam chegar à informação. Se eu estivesse preocupado com o retorno financeiro, certamente teria me dedicado a um outro tipo de projeto”, assegura.

No ano passado, o quintanista de Engenharia da Computação criou um sistema de leitura para deficientes visuais capaz de transformar um texto na tela do computador em linguagem braile, sem necessidade de impressão. No protótipo, leds compõem uma placa de leitura e cumprem a função das células braile de alto e baixo relevo.

Reconhecimento

O dispositivo, que agora está sendo aperfeiçoado para permitir a leitura por meio do tato, conquistou o segundo lugar na olimpíada universitária promovida por empresa do segmento eletrônico, da qual participaram cerca de 500 estudantes de todo o País, divididos em 114 equipes. Esse invento também está sendo patenteado.

O problema deve ser resolvido com o uso de microestruturas ou algum tipo de material polimérico, que se contrairia ou se estenderia, permitindo a formação dos relevos característicos do alfabeto braile. Os dois projetos tiveram apoio dos professores Rodolfo Jardim de Azevedo e Paulo Cesar Centoducatte, ambos do IC da Unicamp.

Manuel Alves Filho Da Assessoria de Imprensa da Unicamp
Da Agência Imprensa Oficial

(AM)