Tecnologia: Reator anaeróbio desenvolvido na USP São Carlos trata esgotos sanitários e efluentes ind

Equipamento é resultado de projeto de pesquisa que conta com o apoio da Fapesp

sex, 27/06/2003 - 11h30 | Do Portal do Governo

Por Antonio Carlos Quinto, da Agência USP


O Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia da USP de São Carlos acaba de desenvolver seu mais novo modelo de reator anaeróbio para tratamento de esgotos sanitários e efluentes industriais. Se for construído numa escala maior, o Reator Anaeróbio Seqüencial em Batelada de Leito Fixo, como é chamado o equipamento, pode ser instalado numa cidade com cerca de 10 mil habitantes a um custo aproximado de R$ 500 mil, podendo tratar até 2.100 metros cúbicos de efluentes por dia. Para tanto, a instalação completa ocuparia uma área de apenas 300 metros quadrados.

Os pesquisadores da USP de São Carlos estão em busca de parcerias com pequenos municípios e indústrias para que o equipamento seja testado em situações reais de operação. De acordo com o professor Eugênio Foresti, que coordena o projeto, há cerca de dois anos está em operação no campus da USP de São Carlos um protótipo do novo reator. ‘Apesar de construído numa escala muito pequena, o modelo funciona satisfatoriamente. Além disso, o custo de implantação numa cidade de pequeno porte seria menor em relação aos sistemas convencionais de tratamento’, garante o professor.

O projeto conta com apoio da Fapesp e tem a participação da Escola de Engenharia Mauá, em cujo laboratório foram feitos os primeiros testes, e da Universidade Federal de São Carlos. Iniciado em agosto de 2001, tem seu término previsto para 2005. Este protótipo, segundo Foresti, é conseqüência de iniciativas anteriores no desenvolvimento de novas configurações de reatores anaeróbios, principalmente do Reator Anaeróbio Horizontal de Leito Fixo desenvolvido no mesmo Departamento na década de 90.

Tratamento por etapas

Neste novo reator, os efluentes são tratados por batelada, ou seja, de forma descontínua. ‘Utilizamos o mesmo
princípio dos reatores horizontais, mas não há um sistema de alimentação e saída contínuos’, explica Foresti. O Reator Seqüencial é composto de um tanque – onde são depositados os efluentes – que possui um cesto com pequenos cubos de poliuretano, colocados de acordo com a quantidade necessária. ‘O cesto é imerso no tanque e o fluido é agitado no compartimento utilizando-se equipamentos eletro-mecânicos do tipo agitadores ou por meio de recirculação do líquido’, descreve o professor.

O processo de tratamento se dá quando a matéria orgânica dissolvida é assimilada pelos microorganismos e convertida em produtos finais. Efetuada a descarga do líquido tratado, o reator está pronto a ser novamente preenchido de efluente, iniciando-se a nova batelada.

A partir daí, o líquido deverá ser encaminhado a novas etapas de tratamento para retirada de outros resíduos químicos como nitrogênio, fósforo, enxofre e uma pequena fração residual de matéria orgânica. ‘Nada impede, porém, que esta água seja utilizada na irrigação de algumas culturas. À exceção de verduras e legumes, o líquido poderá irrigar plantações de café por exemplo’, diz o professor. Até 2005, o objetivo é tornar o Reator Seqüencial capaz de realizar o tratamento de todas as etapas subseqüentes.

Diversas foram as iniciativas anteriores ao Reator Seqüencial em Batelada. Há mais de 20 anos, os pesquisadores vêm elaborando projetos em escala piloto para compreender o processo anaeróbio de tratamento. Foresti lembra que num deles, em que foram tratados elementos como o fenol e o PCP, os pesquisadores passaram a dominar etapas importantes no tratamento de esgotos domésticos e industriais. ‘O novo Reator Seqüencial também pode ser muito bem utilizado pela indústria em geral’, garante o professor.

(LRK)