Tecnologia: Novo teste facilita detecção de parasitose intestinal

Trabalho é fruto da parceria entre Fapesp, instituições de pesquisa e iniciativa privada

seg, 14/10/2002 - 11h00 | Do Portal do Governo

O número de casos de parasitoses intestinais ou enteroparasitoses humanas ainda é muito grande em todo o mundo, especialmente nos países tropicais. Só a amebíase atinge cerca de 10% da população mundial, com índice de mortalidade entre 40 mil e 110 mil pessoas. Porém, a grande vilã das doenças intestinais continua sendo a esquistossomose, responsável por óbitos que variam de 500 mil a 1 milhão de pessoas.

Estima-se que 450 milhões estão doentes, sendo na maioria crianças vivendo em áreas tropicais e em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Esses dados fazem parte do banco de dados de um projeto desenvolvido pela iniciativa privada e instituições de pesquisa, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Esta parceria resultou na criação de um kit denominado TF-Test®. Trata-se de um teste capaz de detectar um número muito maior de parasitos em material fecal de pacientes por meio de tríplice coleta, técnica inédita em todo mundo. Constituído por três tubos coletores-usuário, um tubo de centrifugação e um conjunto de filtros contendo duas telas, o TF-Test® possui, entre inúmeras vantagens operacionais, em especial o não manuseio do material fecal.

Vantagens do novo teste

De acordo com Jancarlo Ferreira Gomes, gerente de Novos Projetos e Produtos da Immunoassay, empresa que viabilizou a manufatura do kit, o sistema de clique e batoque para fechamento e vedação do conjunto processador é diferente do sistema de rosca utilizado. ‘O sistema convencional apresenta microvazamentos de líquidos e gazes e que também inviabiliza a eficiência dos resultados’, explica.

A coordenadora geral do projeto FapespPipe (Programa de Inovações Tecnológicas em Pequenas Empresas) professora doutora Sumie Hoshino Shimizu, explica que os exames convencionais de apenas uma coleta revelam resultados falsos negativos, que variam de 40% a 60%. Com a nova técnica, a médica acredita que esses números caiam consideravelmente, significando melhora de sensibilidade diagnóstica, especialmente em parasitoses de média e baixa intensidade.

‘A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda três coletas alternadas num período máximo de 10 dias, com intervalos no mínimo de um dia entre as coletas. Obedecida esta conduta teremos aumentado em aproximadamente 20% a chance de detectar alguma forma parasitária’, afirma Shimizu.

Foram realizados testes com mais de mil pacientes infectados dentro do quadro de parasitoses de média e baixa intensidade e os resultados apresentados com grande sucesso durante o 36º Congresso da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, no mês de setembro, em São Paulo. O estudo foi realizado em quatro laboratórios comparando o TF-Test® com as técnicas comumente utilizadas no mercado mundial (Lutz/Hoffman, Faust, Rugai, Kato-Katz e Coprotest). A sensibilidade do teste variou de 97,8% a 84,4%, estatiscamente mais elevada que as demais técnicas. O lançamento mundial do TF-Test® será em novembro durante a ‘Medica-Dusseldorf’, na Alemanha, uma das feiras mais importantes do setor de saúde.