Tecnologia: Material inovador poderá armazenar dados digitais em três dimensões

Pesquisa estuda armazenamento de grandes quantidades de dados digitais em um pequeno pedaço de vidro

qua, 08/06/2005 - 17h16 | Do Portal do Governo

Armazenar grandes quantidades de dados digitais em um pequeno pedaço de vidro é a nova possibilidade que se abre com as pesquisas do Grupo de Materiais Fotônicos do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Araraquara. Os pesquisadores conseguiram desenvolver um tipo de material vítreo, produzido com alta concentração de óxido de tungstênio, que poderá receber gravações em três dimensões, abrangendo a altura, o comprimento e a largura. Isso representa um avanço em relação aos principais meios eletrônicos que armazenam memória óptica em duas dimensões, como os CDs e os DVDs, capazes de acumular dados apenas na superfície do material.

Com a capacidade de armazenamento tridimensional do vidro de tungstênio, as aplicações podem avançar por vários campos da informática e da indústria eletro- eletrônica, na fabricação de chips e memórias para computadores e na produção de dispositivos de gravação audiovisual. Tudo isso, é claro, se as pesquisas ainda em andamento comprovarem a eficácia do novo material e as suas possibilidades de interação com os equipamentos eletrônicos. ‘Nos últimos três anos surgiram muitas pesquisas no mundo inteiro relacionadas a materiais com capacidade de gravação tridimensional, mas, até onde sabemos, nenhum outro grupo nacional ou estrangeiro chegou ao estágio em que nos encontramos’, diz o químico Younès Messaddeq, coordenador do Grupo de Materiais Fotônicos da Unesp.

A grande vantagem do novo material, que tem uma coloração amarelada em razão da presença de tungstênio em sua composição, é que ele poderá ultrapassar, de maneira significativa, a capacidade atual de armazenamento dos meios utilizados como memórias ópticas digitais. Um CD comum, por exemplo, pode armazenar 700 megabytes de informação, quantidade suficiente para uma hora e quinze minutos de música de alta qualidade ou mais de 300 mil páginas de um texto escrito em espaço duplo. Os DVDs mais avançados, por sua vez, contam com 20 gigabytes de memória e são capazes de armazenar filmes de longa metragem.

‘O vidro poderá ser usado como dispositivo para gravação ou transformado em um filme fino, com alguns nanômetros de espessura, similar às películas existentes hoje em CDs e DVDs’, diz o químico Gaël Poirier, aluno de pós-doutorado e um dos inventores do novo material. Esses discos compactos possuem um filme de polímero, de espessura também nanométrica, depositado sobre um vidro polido, onde as informações são gravadas. É uma camada fina de resina fotossensível (por exemplo, policarbonato ou poliéster) produzida a partir da evaporação de vidros ou polímeros especiais. ‘Vamos testar a gravação diretamente no vidro de tungstênio e no filme fino com o mesmo material para ver qual dos dois é mais eficiente’, diz o pesquisador.

Yuri Vasconcelos

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