Tecnologia: IPT realiza debate sobre transgênicos

Pesquisador da Open University debateu no IPT regulamentação de transgênicos na Europa

qua, 28/08/2002 - 20h06 | Do Portal do Governo

A entrada dos transgênicos no mercado mundial vem causando intensa polêmica. Bem aceitos nos Estados Unidos, a sorte desse tipo de produto agrícola não é a mesma na Europa, onde repetidos protestos populares procuram impedir o avanço do setor.

Com o objetivo de estudar a regulamentação dos transgênicos na Europa, um grupo de pesquisadores da Open University, na Inglaterra, iniciou uma série de pesquisas em 1989. No último dia 23, o tema ‘Qual sustentabilidade? Dilemas das políticas européias sobre os transgênicos’ foi debatido pelo pesquisador Les Levidow, que propõe a regulamentação dos transgênicos antes de sua entrada no mercado europeu.

Segundo ele, a resistência popular européia aos produtos geneticamente modificados é motivada pela grande quantidade de informações sobre o assunto veiculada por ONG’s e meios de comunicação.

Três diferentes linhas de concepção do problema da sustentabilidade serviram de base para o trabalho de pesquisa. A chamada Neoliberal é representada por empresas multinacionais.

Elas vêem a natureza como um capital a ser investido, de maneira a integrar proteção ambiental e desenvolvimento. O meio usado é o desenvolvimento de produtos agrícolas geneticamente modificados que reduzam o uso de agroquímicos. Seu objetivo final é lucrar com a venda de ‘green commodities‘.

Outra concepção de sustentabilidade é a da Comunidade, representada por pequenos agricultores, ONG’s e intelectuais. Eles encaram o desenvolvimento como uma ameaça à natureza, vista como um harmonioso equilíbrio que proporciona o uso de bens a serem compartilhados.

A mediação entre essas duas concepções é feita pelo grupo da Gestão Ambiental, que tem as agências de regulamentação como principais expoentes. Inicialmente, esse grupo diz que os transgênicos são seguros, mas apontam para a possibilidade de que as pestes desenvolvam resistência a essas soluções. Sua principal preocupação é evitar barreiras comerciais utilizando padrões ambientais comuns. Para isso, defendem uma regulamentação preventiva e a conservação da biodiversidade.

Segundo Levidow, os conflitos regulatórios são causados por essas visões divergentes de sustentabilidade. Grande parte dessa divergência tem como causa os protestos populares contra os transgênicos. O rumo que as discussões em torno do tema tomarem decidirá o sucesso dos transgênicos no mercado europeu. De certo modo – acredita – o futuro dos produtos geneticamente modificados no mercado brasileiro também depende da decisão que será tomada na Europa.

Mais informações sobre o assunto no site www-tec.open.ac.uk/cts/bpg.htm ou pelo e-mail: L.Levidow@open.ac.uk