Tecnologia: IPT realiza bate-papo sobre gás natural na próxima terça-feira, dia 18

As iniciativas do Governo paulista para incentivar o uso do gás natural encontram IPT com tecnologia em desenvolvimento para estocagem

ter, 11/05/2004 - 15h48 | Do Portal do Governo

O IPT desenvolve, há três anos, estudos geológicos e de pré-viabilidade econômica para estocagem subterrânea de gás natural em São Paulo, em parceria com a Petrobras, no Programa Tecnológico de Novas Fronteiras Exploratórias (Profex), coordenado por Ciro Appi.

Pioneiro na América Latina, o projeto foi concebido por motivos estratégicos de soberania nacional quando o gasoduto Bolívia-Brasil, com capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia, parecia ser a única fonte para fornecer o produto ao Sudeste. Estimou-se a necessidade de estocar 800 milhões de metros cúbicos de gás utilizável, para atender a demanda da região metropolitana por cem dias. Com as descobertas recentes de jazidas na Bacia de Santos, com cerca de 400 bilhões de metros cúbicos de gás natural, a necessidade da estocagem, com menor volume de gás utilizável, passou a ser outra: a de manter o fornecimento contínuo aos usuários, mesmo durante os períodos de serviços de manutenção. Com a decisão do governo paulista de incentivar o uso do gás como combustível e a iminência de aumentar significativamente sua produção, especialmente no estado de São Paulo, a questão de onde estocar o produto assumiu nova proporção.

Segundo o pesquisador Wilson Iyomasa, chefe do Agrupamento de Geologia Aplicada a Obras do IPT e coordenador do projeto no Instituto, embora relativamente próximas, as jazidas de Santos encontram-se 140 quilômetros mar adentro, o que torna indispensável disponibilizar o produto perto dos grandes centros consumidores.

A tecnologia utilizada para criar imensos reservatórios subterrâneos é em parte semelhante à utilizada em países da Europa e Estados Unidos. É feito um estudo procurando-se estruturas geológicas favoráveis à estocagem, similares àquelas que armazenam naturalmente gás e petróleo. A única diferença é a existência de água na camada arenosa do reservatório, o que é fundamental para manter o gás aprisionado. Ao ser injetado, o gás expulsa um pouco do líquido e fica depositado sob pressão naquela estrutura, formando imensos depósitos subterrâneos.

A partir deste ponto, a tecnologia brasileira deve encontrar caminhos próprios. Na Europa e Estados Unidos, a estocagem do gás é feita nos períodos de menor consumo, como no verão, e retira-se o gás no inverno rigoroso para aquecimento das casas. Aqui, a estocagem subterrânea deverá obedecer a outro critério, segundo Iyomasa. A sugestão, tanto do coordenador do IPT, quanto do coordenador técnico do projeto, Cláudio Goraieb, é que no Estado de São Paulo, onde poderão ser instaladas as primeiras estocagens, o gás seja utilizado para complementar a matriz energética. Hoje, sua participação na matriz é inferior a 3%, quando a média mundial é de 20%. A armazenagem do gás no depósito subterrâneo pode ser feita durante os finais de semana, sendo retirado para uso, como na geração de energia elétrica e abastecimento da cidade, durante a semana.

A primeira etapa da pesquisa, patrocinada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), deverá estar concluída ainda no primeiro semestre deste ano. As etapas seguintes deverão privilegiar estudos ambientais, como os de impacto ambiental, desenvolvimento de legislação específica, tipo de monitoramento dos depósitos e equipamentos.

Serviço

Bate-papo na próxima terça-feira, dia 18, das 11h às 11h50, no site do IPT.

Estocagem subterrânea de gás natural

Wilson Iyomasa – Geólogo pelo IGUSP (1976); pesquisador do IPT desde 1977; Mestre em Geociências e Meio Ambiente pela UNESP – Rio Claro; Doutor em Geotécnica pela EESC/USP, São Carlos; Gerente e Coordenador de projetos de investigação geológica; Coordenador de Convênio IPT/Eletropaulo. Atualmente, coordenador do projeto sobre estocagem subterrânea de gás natural no âmbito do CTPetro-Finep e chefe do Agrupamento de Geologia Aplicada a Obras da Divisão de Geologia do IPT.