A mostra cultural “Luxo do Lixo”, que se realiza em São Paulo até março de 2005 na unidade Interlagos do Sesc, conta com a participação do IPT através de dois projetos desenvolvidos por pesquisadores da instituição. O projeto de reuso de embalagens metálicas e o do plástico biodegradável podem ser vistos no espaço denominado Laboratório de Resíduos e Tecnologias. A exposição que ocupa 1200m2 é resultado da parceria estabelecida entre artistas, cientistas, educadores e da comunidade em geral com o objetivo de pensar em alternativas para o problema do lixo na sociedade atual.
O projeto de reuso das embalagens metálicas, denominado “Embmetal”, foi proposto pelo laboratório de embalagem para desenvolver alternativas para as latas de aço que são descartadas. O projeto capacitou estudantes de design para desenvolver novas embalagens e artefatos a partir de latas. Uma luminária é um dos exemplos dos trabalhos realizados e mostra o que é possível fazer quando a criatividade é posta em cena. O projeto foi criado em parceria com a Companhia Siderúrgica Nacional CSN, Centro Universitário de Belas Artes, Centro São Paulo Design e apoio da Finep.
O outro trabalho da mostra é o projeto do plástico biodegradável desenvolvido pelo Agrupamento de Biotecnologia desde 1992. O plástico biodegradável representa uma alternativa ao plástico convencional pelo rápido retorno ao meio ambiente (degradação de material processado em ambientes favoráveis, em torno de cinco anos.) Além das vantagens proporcionadas ao meio ambiente outros usos tem sido experimentados, por se tratar de material com característica biocompatível (matéria-prima orgânica) o plástico pode ser utilizado em microcápsulas para liberação controlada de medicamentos para tratamentos prolongados e produção de próteses, reduzindo o risco de rejeição.
Os dois projetos mostram alguns dos trabalhos que o IPT desenvolve, no sentido de tentar reduzir os impactos ambientais do lixo. A pesquisadora Mara Dantas, do Laboratório de Embalagens do Instituto, lembra que a primeira medida a ser tomada em favor do meio ambiente é a redução do consumo, posteriormente a reutilização e a reciclagem de materiais são alternativas que devem vir antes da incineração. Apenas em último caso o aterro sanitário dos resíduos deve ser pensado como alternativa.
No Brasil, a ordem recomendada para o descarte do lixo ainda está longe de alcançar o desejável: 76% do lixo produzido vai parar em lixões sem qualquer tratamento, segundo dados do IBGE referentes a 1991. Por isso iniciativas como a do Sesc são tão importantes. Um evento cultural como este, que tem como tema o lixo e envolve os mais diversos setores da comunidade, é uma forma de ampliar o debate e, através dele, propor mudanças de comportamento. (Priscila Santos-Bolsista Fapesp/Mídia Ciência)
