Tecnologia: IPT inaugura primeiro laboratório de camada limite atmosférica do país

Túnel de vento será o representante das Américas na elaboração de padrão internacional de velocidade do ar

seg, 03/06/2002 - 17h46 | Do Portal do Governo

Com aplicações em setores como engenharia, químico, aeronáutico e automobilístico, o túnel de vento de camada limite atmosférica permitirá novos ensaios ao IPT

O deslocamento da poluição emitida, por exemplo, de uma chaminé de fábrica poderá ser monitorado com precisão, em três dimensões, no primeiro túnel de vento de camada limite atmosférica do Brasil, que será inaugurado na próxima quinta-feira, 6 de junho, às 11 horas, no campus do IPT, zona oeste da capital. Um feixe de laser permite a visualização do deslocamento da fumaça em torno dos edifícios, tornando mais ágeis possíveis intervenções.

O projeto foi desenvolvido por técnicos do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas, vinculado à Secretaria da Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo – com apoio da Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Com 40 metros de comprimento e uma hélice gigante em uma de suas extremidades, o túnel é feito de madeira com estruturas metálicas. Possui janelas de vidro para tornar algumas seções visíveis. Versátil, o equipamento é ferramenta para a indústria, para monitorar as oscilações de grandes estruturas civis e de eventos atmosféricos naturais. No seu interior podem ser produzidas correntes de vento que chegam à velocidade de 90 km/h.

Segundo Marcos Tadeu Pereira, chefe do Agrupamento de Vazão do Instituto, existem menos de 15 túneis como este no mundo. Ele explica que cada equipamento tem a sua particularidade. ‘A característica mais interessante deste túnel é que ele tem duas seções de testes’.

A primeira seção é a de testes atmosféricos, que realiza ensaios utilizando modelos em escalas reduzidas. O túnel permite o estudo dos efeitos de cargas de vento em soluções modernas de arquitetura; coberturas e estruturas de edifícios; torres de energia, telefonia e de alta tensão; pontes; navios e plataformas off-shore para exploração de petróleo. Outra aplicação é no controle da poluição industrial, causada por automóveis em centros urbanos ou produto de queimadas na agricultura. Além disso, o túnel pode auxiliar a manutenção de estradas à beira-mar, que sofrem com a areia carregada pelo vento.

A seção de anemometria industrial é utilizada para estudo da aerodinâmica nos corpos. No caso da indústria automobilística, pode-se observar o comportamento da potência do motor de um automóvel quando do uso do ar-condicionado sob insolação. A seção também realiza calibrações de instrumentos e simulações de escoamentos ao redor de corpos, para as indústrias química e aeronáutica.

A construção do túnel, uma parceria com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e o Instituto de Astronomia, e Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, com apoio da Fapesp, teve início em dezembro de 2001. O projeto da construção já tem, no entanto, dois anos. A inspiração foi buscada na Universidade do Colorado, EUA. Para trocas de experiências técnicas, foi firmado um convênio com a Universidade da República do Uruguai e o IPT pretende também estreitar laços com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Lisboa (LNEC). O IAG usará o túnel para validar modelos matemáticos.

O túnel de vento consolida a competência do IPT numa área tecnológica de ponta. Por isso ele foi escolhido pelo Comitê Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) – órgão do Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) – para ser o laboratório representante das Américas na elaboração de um padrão internacional de velocidade do ar.

João Garcia
Do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas

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