Tecnologia: Incubadora da Unicamp desenvolve tecnologia que evita fuga de presos

Equipamento já está em uso em quatro presídios no estado de Sergipe

ter, 21/01/2003 - 12h12 | Do Portal do Governo

Tecnologia desenvolvida pela Griaule Reconhecimento de Impressões Digitais, empresa abrigada na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), chega ao mercado com a promessa de conferir mais eficiência e agilidade ao sistema de controle de acesso e ponto de organizações privadas, repartições públicas e até unidades prisionais.

Diferente do modelo convencional atualmente em uso, que faz apenas a verificação das impressões digitais, o novo equipamento, único no mundo segundo seu idealizador, realiza a identificação desses sinais. Batizado de Rex2, o aparelho representa um marco para a Incamp, já que se trata do primeiro projeto concebido pelas incubadas a ser produzido em escala industrial.

Um impulso importante à produção do Rex2 veio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), agência de fomento do Ministério de Ciência e Tecno-logia (MCT). Em dezembro de 2002, a Finep liberou R$ 168 mil para serem investidos na divulgação e no aperfeiçoamento do produto, especificamente quanto à sua apresentação. Segundo o proprietário da Griaule, Iron Daher, a caixa de metal do coletor de impressões digitais será substituída por plástico. Os recursos obtidos pela empresa são do Fundo Setorial para Tecnologia da Informação (CT-Info).

De acordo com Daher, a tecnologia desenvolvida pela sua empresa apresenta uma série de vantagens sobre os sistemas de controle de acesso e ponto convencionais. Estes, afirma, fazem apenas a verificação dos sinais. Atualmente, quando um funcionário chega em seu local de trabalho, ele é obrigado a digitar uma senha antes de colocar o dedo indicador direito diante de um sensor. Somente depois dos dois procedimentos é que o trabalhador tem a entrada permitida e o ponto, registrado. O Rex2, afirma Daher, dispensa a senha. ‘Assim que a pessoa coloca o dedo no coletor, o equipamento identifica imediatamente a quem pertence aquela impressão digital e mostra no display o nome dela e o número da sua matrícula. Paralelamente, o sistema libera o acesso e marca o ponto’, explica. O tempo gasto, nesse caso, é três vezes menor, o que evita filas nos horários de entrada e saída do trabalho.

Outra vantagem do Rex2, conforme o empresário, é que o equipamento emprega o mesmo protocolo de comunicação da internet, o TCP/IP. Ou seja, a empresa que já possui uma rede não precisará fazer qualquer adaptação para poder receber a nova tecnologia. Uma multinacional instalada no Japão poderá controlar a freqüência de seus colaboradores no Brasil, por exemplo. ‘Isso reduz muito os custos. Nosso produto é 30% mais barato do que os do mercado atualmente, embora seja tecnologicamente mais avançado’, diz Daher. Além disso, o controle de acesso e de ponto poderá ser feito por intermédio de um simples computador pessoal, que estará conectado aos coletores. Esse PC registrará todos os dados e armazenará o cadastro das impressões digitais.

De acordo com Daher, a aplicação do Rex2 não está restrita apenas a pequenas, médias e grandes empresas e repartições públicas. O equipamento já está em operação em quatro presídios de Sergipe, há cerca de quatro meses. Uma das funções da tecnologia, de acordo com o diretor da Griaule, é impedir que haja fugas em horários de visita. Assim, quando um visitante chega à unidade carcerária, ele tem a impressão digital cadastrada. Ao sair, ele é obrigado a se identificar novamente. Isso evita que o detento troque de lugar com um parente ou amigo e ganhe a liberdade de forma ilegal. ‘O Rex2 também pode ser usado em salas de aula. Hoje, os professores perdem cerca de 5% do seu tempo com a chamada dos estudantes e o preenchimento de listas. Com o coletor de impressão digital, bastará que o aluno coloque o dedo no sensor, para que ele tenha a presença registrada automaticamente’, destaca Daher.

Conforme o empresário, a Griaule mantém parceria com dois integradores, que detêm cerca de 60% do mercado de coletores de impressão digital no Brasil. A previsão é que sejam comercializadas perto de 3 mil unidades ao longo de 2003. No início do próximo ano, a empresa promoverá um road-show em seis capitais brasileiras para apresentar o Rex2 a grandes empresas. Paralelamente, Daher estará iniciando entendimentos para colocar a nova tecnologia no mercado internacional.

Por Manuel Alves Filho
Do Jornal da Unicamp
Mais informações podem ser obtidas no site www.unicamp.br

V.C.