Tecnologia: Equipamento reduz perdas na produção do tomate

Máquina desenvolvida na Feagri preserva fruto e elimina quatro etapas da cadeia produtiva

seg, 26/05/2003 - 19h17 | Do Portal do Governo

Danos físicos causados pelo manejo inadequado causam a perda de cerca de 30% da produção de tomate. A incidência é considerada alta e, segundo pesquisa de opinião realizada com consumidores em pontos de venda, 95% dos compradores não estão satisfeitos com o produto.

Estes dados levaram uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) a projetar uma Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac). Financiado pela Fapesp, o projeto intitulado ‘Proposta de um novo sistema visando à melhoria da qualidade e diminuição das perdas pós-colheita em tomate de mesa’ deverá eliminar pelo menos quatro etapas da cadeia produtiva do fruto, desde a colheita até sua venda no mercado varejista.

Pela proposta, o tomate pós-colhido seria colocado ainda no campo em uma máquina, de onde sairia já embalado. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Marcos David Ferreira, este processo evitaria o intenso manuseio do produto, além de agilizar o sistema. Isto possibilitaria menos perda, melhoria na qualidade e menor custo médio do tomate.

Por enquanto, o equipamento em desenvolvimento pela equipe, composta pelos professores Oscar Antonio Braunbeck, Sylvio L. Honório e Luís Augusto Barbosa Cortez, está na etapa inicial, com a realização de simulações para conseguir um rendimento adequado. São avaliadas as operações das unidades pilotos por meio de testes em laboratório e no campo. De acordo com estimativas, o protótipo final deverá estar concluído em três anos e terá um custo de R$100 mil, valor considerado baixo para a atividade. Ferreira explica, por exemplo, que somente o equipamento de classificação e beneficiamento nacional pode atingir valores de R$ 50 mil.

No sistema tradicional, os tomates são colocados em cestas pelo colhedor. Para o envio do produto até o local de classificação, o tomate é transferido para caixas plásticas e transportado por trator. Quando o produtor possui a classificadora, os tomates são novamente manuseados para a colocação no equipamento e só nesta fase são embalados. Já nos casos de classificação manual, o contato é ainda maior. ‘Por isso é importante um sistema apropriado que promova o correto manuseio dos produtos’.

O pesquisador explica também que a concepção da Unimac não prevê a exclusão de de pessoas envolvidas na produção. Em geral, cerca de 20 indivíduos irão trabalhar no processo, em melhores condições. Os funcionários receberão ainda treinamento adequado. Ele esclarece que este foi um dos aspectos sociais que pesou na elaboração do projeto. ‘O envolvimento do homem na cadeia produtiva é importante e não será alterado, mas o contato manual, sim’.

Pesquisa de mercado – Cerca de 95% dos consumidores entrevistados nos pontos de venda, não estão satisfeitos com a qualidade do tomate por causa dos danos físicos, pela aparência manchada e por estarem verdes na hora da compra. A pesquisa de opinião foi realizada, em Campinas, pela equipe da Unicamp. O levantamento revelou que 55% dos consumidores querem o tomate com melhor qualidade e não se importam em pagar um pouco mais pelo produto – 70% fizeram esta afirmação. Pela pesquisa, Ferreira também percebeu que o principal motivo da compra é para o consumo na forma de salada. Por isso, a dona-de-casa dá muita importância aos padrões de aparência e de cor. Outro dado interessante é que 58% preferem comprar o produto em supermercados por causa da comodidade.

Se os consumidores não estão satisfeitos com o produto, os atacadistas também demonstram uma certa insatisfação. ‘A pesquisa identificou que 54% dos principais atacadistas de tomate da Ceagesp estão insatisfeitos com a qualidade do tomate, pois o produto tem que ser reclassificado por falta de padronização’, explica Ferreira.

Segundo o pesquisador, a Ceagesp foi escolhida por ter um grande volume de circulação do produto. A pesquisa identificou que 24 permissionários realizam sozinhos 75% do volume de comercialização do tomate, sendo que 33% delas comercializam em média 10 mil toneladas em um ano.

Mais informações podem ser obtidas no site www.unicamp.br

Do Portal da Unicamp
Por Raquel do Carmo Santos

V.C