Geralmente as falhas dos produtos metálicos ocasionam prejuízos financeiros muito superiores ao custo unitário do componente fraturado, além de, em alguns casos, colocar em risco vidas humanas. Foi o que aconteceu no apagão ocorrido na Região Sudeste em janeiro de 2002, devido à ruptura de um cabo condutor de alumínio. Investigar as causas dessas falhas e propor soluções para evitá-las é o que faz o Laboratório de Metalografia e Análise de Falhas do IPT.
O Instituto irá lançar o livro Metalografia e Análise de Falhas – Casos Selecionados (1933 – 2003), editado por pesquisadores do Laboratório de Metalografia. O livro traz 41 casos, selecionados da década de 30 até os dias de hoje. Casos estes os mais diversos, como problemas encontrados em trilhos, estrada de ferro, bonde, trator, tambor de revólver, asa de avião, roda de automóvel, cadeira giratória, bicicleta, implantes, entre outros.
Dentre os fatores que podem contribuir para a falha prematura de um componente metálico, pode-se listar: utilização de materiais inadequados, presença de defeitos de fabricação, falhas de projeto e erros de montagem, manutenção ou uso. Na maior parte dos casos, é possível identificar os agentes responsáveis pela falha, prevenindo futuras quebras. A análise de falhas, portanto, permite o aprimoramento dos níveis de exigência, qualidade e de segurança dos componentes de engenharia, além de fornecer subsídios sobre as relações técnico-comerciais entre setores produtivos e para pareceres jurídicos.
Esse tipo de trabalho oferece um importante ganho para a sociedade em segurança. Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso dos implantes cirúrgicos metálicos analisados pelo Instituto, que teve ampla repercussão na sociedade. Os estudos detectaram a má qualidade dos materiais que constituíam os implantes e alguns problemas quanto à regulamentação do setor. A divulgação do trabalho foi feita em 2001 e, desde então, a Anvisa fechou algumas fábricas que produziam implantes fora das corretas especificações e propôs análise e algumas alterações para a comercialização de implantes. A melhoria da qualidade dos implantes representa hoje mais segurança para os pacientes.
O livro busca mostrar que se pode descobrir a causa das falhas de um produto e evitar novas, além de se poder melhorá-lo. A difusão da Análise de Falhas é de grande importância para os usuários, que têm como se defender de empresários pouco cuidadosos quanto ao processo produtivo de suas empresas, e também para os empresários, que podem se diferenciar no mercado com um produto de melhor qualidade.
Não há publicação dessa natureza em língua portuguesa. Estará disponível a partir de julho, no IPT, nas livrarias Edusp e no site da Associação Brasileira de Metalurgia. Os editores da obra participarão do bate-papo do IPT na terça-feira.
Serviço
Data: Terça-feira, dia 22
Horário: das 11h00 às 11h50
Site: www.ipt.br/tecnologia/chat.
Metalografia e análise de falhas, casos selecionados (1933-2003)
Cesar R. Farias Azevedo – Responsável pelo Lab. Metalografia e Análise de Falhas do IPT, desde 1998. Membro do comitê editorial do periódico Engineering Failure Analysis (editora Elsevier Science Ltd.), desde 2003. Doutor em Ciência dos Materiais pelo Imperial College of Science, Technology and Medicine, University of London, engenheiro e mestre em Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da USP. Atua nas áreas de caracterização microestrutural, transformação de fases e análises de falhas.
Tibério Cescon – Engenheiro de Minas e Metalurgia e doutor em Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Chefe do Laboratório de Metalografia do IPT (1974-1989). Diretor Técnico do IPT (1989-1992). Professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da USP, desde 1988.
