Teatro: Artistas organizam peça na Estação Ciência

Objetivo é mostrar ao público as origens do Universo e da Humanidade

ter, 20/05/2003 - 18h47 | Do Portal do Governo

‘Cada mudança vem num silêncio, a coisa nova é um estrondo. Ouçamos o silêncio a preparar a pergunta e a compreensão de novas coisas.’ Amélia Império Hamburger, física.

Grupo de artistas organizam peça na Estação Ciência com o objetivo de mostrar ao público, em uma linguagem simples, lúdica e interativa, as origens do Universo e da Humanidade, a transitoriedade da vida e as múltiplas possibilidades para o futuro, transformando o complexo e, muitas vezes, difícil contato com determinados conceitos científicos em uma prazerosa aventura.

No começo era o nada, o vazio, onde nem tempo, espaço, luz ou matéria existiam. Apenas o Caos, onde eventualmente pequenos pontos com energia e temperatura infinitas surgiam e desapareciam a uma velocidade muito superior a da luz, que é de 300 mil quilômetros por segundo. Até que um desses pequenos pontos surgiu e conseguiu atingir certas condições que o levaram a iniciar um processo de expansão que ainda hoje, cerca de 15 bilhões de anos depois, continua. O referido ponto é a origem do nosso Universo e, por extensão, de nós mesmos, e o início dessa expansão, a qual deu origem a tudo que conhecemos atualmente, é o famoso Big-Bang, a grande explosão primordial que, instantaneamente, levou com que o pequeno ponto, muito menor que um quark – cuja união forma prótons, nêutrons e elétrons, estruturas que,
unidas, constituem os átomos – ficasse do tamanho de uma bola de futebol.

Apesar da violência inicial, ainda hoje o Universo de expande a uma velocidade de cerca de 20 quilômetros por segundo, para todos os lados, constituindo-se em uma esfera que aparenta ser infinita mas cujas últimas
pesquisas indicam exatamente o contrário. Esses e outros detalhes da formação e maturação do Universo, incluindo o surgimento da nossa galáxia, a Via Láctea, nosso sistema solar, a Terra, a vida e nossa espécie podem ser vistos, de uma maneira lúdica, rica e descontraída, por meio da peça Conexões Cósmicas.

Criada pelo Núcleo de Artes Cênicas da Estação Ciência (EC), Centro de Difusão Científica, Tecnológica e Cultural da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Cooperativa Paulista de Teatro, a montagem tem como meta o ensino para o público de conceitos científicos complexos, de forma informal, contribuindo para o processo de educação científica e tecnológica da população – fundamental em tempos de globalização, onde as exigências para ingressar no mercado de trabalho e para o exercício da cidadania só tendem a crescer e para o despertar de vocações científicas nos jovens.

‘Na prática, o nascimento do próprio Núcleo de Artes Cênicas da Estação Ciência é fruto dessa demanda social por conhecimento e da idéia de que podemos utilizar, cada vez mais, a arte nesse processo’, explica Cauê Matos, produtor cultural da EC e membro do elenco. ‘Além da peça, pretendemos organizar, em breve, um ciclo de debates e depoimentos de experiências sobre ciência e arte, que será publicado na forma de um livro, além de criarmos um novo texto para outra peça, ainda em gestação, mas intitulado O Pequeno
Cientista.’

A inspiração para o trabalho surgiu a partir da leitura da poesia Vivendo o Big-Bang, da autoria de Amélia Império Hamburger, professora do Instituto de Física (IF) da USP e irmã do famoso diretor e autor teatral, já falecido, Flávio Império, e do texto Evolução, de Augusto Damineli Neto, professor do Instituto Astronômico e Geofísico (IAG), também da Universidade, especialista em estrelas e um dos mais importantes astrônomos da
atualidade.

‘A poesia também serviu de inspiração para a criação da peça anterior do grupo, A Estrela da Manhã, enquanto o texto de Damineli foi criado originalmente para a exposição homônima Conexões Cósmicas, que faz parte do acervo fixo da Estação Ciência e conta a história das origens do Universo até os dias atuais, destacando as grandes descobertas da ciência, como o
DNA’, conta Matos.

Com texto de Wilson Amorim, a peça, que está com a estréia prevista para o dia 7 de junho, sábado, às 16 horas, tem um elenco de seis artistas, além de uma equipe de mais de 20 técnicos de apoio. Os personagens Méson Pi, Partícula, Quark, Axion, Spin e Ano-Luz dividem o palco e travam um debate sobre as origens do Universo.

Em sua viagem pelos Cosmos entram em contato com outros personagens, Pangu, Romeiros, Alunos, Planc, Fóton, Discípulos, Herdeiro, DNA, Genoma, Tecedeira, Red, Blue, Professor, Tecelã, Elo, Pessoas, Lux, Rei e Gigante, representantes dos povos e das forças do Universo, que lhes dão suas versões para o início de todas as coisas.

É Ano-Luz, com sua velocidade e conhecimento de todas as línguas, que dá a união para o grupo, o qual, no final, descobre ser parte de um todo indissociável, ainda que cada indivíduo tenha uma explicação para a
natureza dos astros, do Cosmos, da vida e do seu destino, fadado ao fim e ao renascimento.

O projeto conta com o apoio da Sociedade Científica de Estudos da Arte (Cesa), Santista Têxtil, Piolin – Cantina D´Amico, Associação Amigos da Estação Ciência e Fundo de Cultura da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP.

A Estação Ciência já está com o cadastro aberto para agendamento de grupos escolares. São dois horários, de terça a quintas-feiras, às 10h e às 15 horas. Aos sábados há sessões às 16 horas. Preço: R$ 10,00. Estudantes e professores pagam R$ 5,00.


Serviço
– A Estação Ciência fica r. Guaicurus, 1274, Lapa, São Paulo, SP – Acesso pela Estação Lapa da CPTM, que faz conexão com o Terminal Barra Funda e por diversas linhas de ônibus que param no local.
– Mais informações: (011) 3675-8828 ou e-mail caue@eciencia.usp.br, com Cauê Matos.