Solidariedade: Reduzir as desigualdades sociais é a meta que move o Fundo Social

Todos os 645 municípios do Estado são atendidos pelo Fussesp

seg, 06/05/2002 - 10h04 | Do Portal do Governo

Todos os 645 municípios do Estado de São Paulo estão sendo beneficiados com 2,6 mil kits de padarias artesanais que são distribuídos pelo Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp). Os multiplicadores, mais de cinco mil, estão treinando funcionários, assistidos – crianças, idosos e portadores de deficiência -, e mães de crianças que freqüentam instituições assistenciais. A primeira-dama do Estado e presidente do Fundo se emociona ao falar do projeto e afirma: ‘Nunca mais quero ouvir alguém falar que está com fome’.

O brilho no olhar e um sorriso de satisfação iluminam o rosto da primeira-dama do Estado de São Paulo, Maria Lúcia Alckmin, quando fala das realizações do Fussesp, instituição que preside desde março de 2001. Órgão do governo paulista, o Fundo, como é carinhosamente chamado pelos que estão engajados em suas atividades, tem por principal objetivo contribuir para a redução das desigualdades sociais.

A serviço da causa do Fundo Social desde 1997, quando ia pedir parcerias com a iniciativa privada como ‘esposa do vice-governador’, a primeira-dama garante que sua vida não mudou depois que ocupou o lugar deixado por sua ‘mestra Lila Covas’. ‘Sou igual a inúmeras mulheres que têm família e trabalham fora’. Ter se tornado primeira-dama não afetou sua dedicação aos eternos postos de esposa, mãe, amiga e dona de casa. Algumas horas de sono a menos permitem definir os cardápios do almoço e jantar, verificar se a casa está ordem ou se há algo que necessita de cuidados. ‘Dá tempo para tudo.’

Nos momentos dedicados à família está ‘proibida’ de falar em Fundo Social. ‘Porque se começo a falar do meu trabalho me entusiasmo e deixo de dar atenção a eles. Quando estou com meus filhos não faço outra coisa senão dedicar-me a eles’. E garante que as horas que passam juntos são da maior qualidade. ‘Conversamos muito, assistimos a filmes e me arrisco até no videogame quando meu filho menor pede’, mas confessa a falta de destreza com os controles do brinquedo.

‘Cada vez que eu chego em casa e vejo que tenho três filhos saudáveis eu me pergunto: o que posso fazer em agradecimento a Deus por ter sido beneficiada dessa forma?’ É essa inquietude que a faz correr em busca de meios para oferecer uma qualidade de vida melhor à população carente do Estado.

Ensinar a pescar

Convicta de que ‘é mais importante ensinar a pescar, do que dar o peixe’, a atual presidente do Fussesp investiu em projetos de geração de renda. ‘Queremos que as pessoas menos favorecidas adquiram e exerçam sua cidadania.’ Para transformar esse desejo em realidade, o Fundo Social criou o projeto Padarias Artesanais em parceria com a iniciativa privada e repassou R$ 2 milhões da instituição a 250 municípios paulistas para investirem em projetos de geração de renda.

A idéia das padarias artesanais surgiu em meados no ano passado. O Fundo Social tinha como meta para 2001 a entrega de mil kits, compostos por forno a gás, batedeira e liqüidificador domésticos, balança mecânica e assadeira. Até dezembro, 1,2 mil instituições já haviam recebido suas padarias e até o final de abril terão sido entregues 2,6 mil kits, doados pela iniciativa privada, em todos os 645 municípios do Estado.

Para cada padaria artesanal entregue o Fussesp treina duas pessoas que serão multiplicadores nas instituições em que atuam. É uma norma do Fundo Social que todos os funcionários dessas entidades façam o curso de panificação. Em maio, todas essas padarias estarão funcionando e capacitando as pessoas. Os mais de 5 mil multiplicadores estarão treinando um sem número de funcionários, assistidos – crianças, idosos e portadores de deficiência -, e mães de crianças que freqüentam essas instituições. Vai ser uma ‘infinidade de gente’ capacitada a preparar diversas receitas de pão. A primeira-dama se emociona ao falar do projeto. ‘Nunca mais quero ouvir alguém falar que está com fome.’

Sem medo de por, literalmente, as mãos na massa, a primeira-dama vai participar do curso para fazer uma das receitas em um programa de culinária da tv. Nos treinamentos os multiplicadores aprendem a aproveitar alimentos nutritivos e de uso comum, como cebola, batata, alho, ervas, cenoura para enriquecer os pães. ‘As receitas são muito econômicas e os pães, deliciosos’, afirma ela.

Pão quentinho no lanche

Portadores de deficiências leves também aprendem a fazer pães no Lar do Divino Amor, que possui abrigo e escola e faz cerca de 1.500 atendimentos mensais a crianças e jovens portadores de deficiência. Ao saírem do forno, os pãezinhos vão direto para a mesa do lanche dos assistidos. ‘É muito gratificante ver a satisfação no rostinho das nossas crianças ao saborearam aquilo que elas mesmas produziram’, conta a coordenadora pedagógica da entidade, Gladis Torrecilha de Oliveira. ‘Quando sobra, eles levam pães para casa.’ A entidade estendeu o curso para as mães dos assistidos. Cerca de 30 mulheres fizeram o curso enquanto esperavam os filhos serem tratados. Algumas começaram a produzir em casa e já estão vendendo. ‘É o projeto de geração de renda dando certo’, comemora a primeira-dama.

No Espaço Gente Jovem Santa Marcelina, são realizados dois treinamentos por semana e toda a produção é destinada às 480 crianças da creche administrada pelas irmãs marcelinas. Funcionários, adolescente e mães de crianças da creche participam dos treinamentos. Um dos objetivos da entidade é preparar os 15 jovens que estão participando do curso – e outros que venham a fazer o treinamento – para, futuramente, trabalharem nas lanchonetes do complexo onde está instalado o Hospital Santa Marcelina, na zona leste da capital.

Embora normalmente o objetivo principal seja suprir as necessidades internas, muitas entidades abriram os cursos de panificação artesanal à comunidade. A Associação Esperança e Vida, que atende adultos e crianças portadores de HIV em regime de internato, já treinou cerca de 40 pessoas desempregadas da região. Segundo a presidente da entidade, Maria Aparecida Cordeiro, muitos deles estão fazendo os pães em casa e vendem o que produzem. ‘Começam a sair da situação difícil em que viviam’.

Preocupada em levar esse projeto a um outro grupo de ‘excluídos’, a primeira-dama entregou padarias artesanais a 56 presídios e 54 unidades da Febem. Moradores de 45 conjuntos habitacionais da CDHU também foram beneficiados com os kits. ‘Vamos ensinar toda essa gente a fazer pão’, anuncia a presidente do Fussesp.

‘Tudo isso sem gastar um tostão do Fundo’, conta a primeira-dama. O Fussesp capacita pessoal, seleciona as entidades ou municípios que irão receber os kits e verificar se o equipamento está sendo usado para a finalidade original. As empresas compram os kits e fazem a doação diretamente para as instituições, num processo de absoluta transparência. ‘Acho que as pessoas estão mais conscientes de sua responsabilidade social. Muitos me procuram porque querem ajudar’.

Sirlaine Aiala
Da Agência Imprensa Oficial