Simpósio: Pesquisa revela a história da exploração do pau-brasil desde o Descobrimento

Pesquisa, da cartografia do Brasil, foi apresentada em evento na FAPESP

qui, 13/03/2003 - 17h44 | Do Portal do Governo

Repare a nota de 10 reais comemorativa aos 500 anos do Descobrimento do Brasil – a cédula nova, de plástico. Ela traz na sua face principal, ao lado da figura de Pedro Álvares Cabral, uma reprodução parcial do mapa de Lopo Homem-Reiméis, de 1519, ilustrado com desenhos revelando as técnicas de extração do pau-brasil desenvolvida pelos portugueses e executada pelos índios.

O desenho e a data da obra revelam como os portugueses desenvolveram rapidamente, com menos de duas décadas desde a chegada das caravelas portuguesas, as técnicas de extração da árvore encontrada em abundância na flora brasileira na época do descobrimento, com o corte de toras com cerca de 1,30 metro, para serem serradas e levadas à Europa para servirem de base na fabricação de tinturas.

Yuri Tavares Rocha ( foto acima ), pesquisador da Seção de Ecologia do Instituto de Botânica, decidiu ir a fundo na história do país e vem desenvolvendo uma pesquisa de doutoramento pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Em 2002, Rocha passou dois meses em Portugal estudando documentos iconográficos e cartográficos da história do Brasil para detectar os registros da exploração do pau-brasil desde a chegada de Cabral.

‘Os dados históricos ajudam na questão geográfica e permite estabelecer uma relação com a distribuição geográfica atual do pau-brasil. Com esta correlação será possível destacar, com base em documentos históricos, onde havia a incidência da árvore e de quais regiões elas foram extraídas em maior volume, servindo de base para projetos de reintrodução da espécie nessas áreas’, disse à Pesquisa FAPESP durante o simpósio ‘Pau-brasil: Ciência e Arte’, que acontece até esta sexta-feira, dia 14, no auditório da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo.

No arquivo histórico do Museu Ultramarino de Lisboa, em Portugal, o pesquisador encontrou registros cartográficos do fim do século XVII, como o mapa de Van Keulen (1683) que mostrava, por meio de ilustrações, a exploração da serragem do pau-brasil para se fazer tintura.

‘Com isso podemos perceber que, apesar do início do ciclo da cana-de-açúcar no final do século XVI, que era economicamente mais lucrativa para Portugal, não se abandonou a prática da extração do pau-brasil’, destacou Rocha.

Os mapas do século XVI e XVII estão reproduzidos no painel exposto no saguão da FAPESP durante a realização do simpósio, que traz detalhes da pesquisa de Rocha. Em nenhum deles se registra a presença da flor amarela, símbolo do pau-brasil.

Leia também:
Em busca da conservação

Paulo Guilherme –