Os problemas mais freqüentes dos jovens que procuram a Casa do Adolescente são odontológicos. De todos os que passam pela unidade,42% utilizam o serviço. Entre o público feminino, 47% passam pela ginecologia e 20% pelo pré-natal. A maioria reclama de falta de acesso a atividades esportivas e culturais. A queixa atinge 85% dos atendidos.
Juliana Batista de Oliveira, 16 anos, foi atraída pelo dentista gratuito e hoje participa de algumas atividades. ‘Aqui tenho liberdade para me expressar. Eles têm exatamente o que necessito. Não é como um hospital, que nos deixa com vergonha, nos reprime’, afirma.
‘Todos os nossos profissionais são capacitados para criar vínculo com os adolescentes. Essa é a melhor forma de descobrir características e trabalhar conflitos’, explica a coordenadora do programa, Albertina Duarte Takiuti. Em oito anos, foram realizados mais de 10 mil cursos de treinamento para os profissionais que atuam na unidade.
Para que a Casa do Adolescente tenha sempre muitos profissionais e de diversas áreas, são mantidas parcerias com faculdades e entidades de saúde.
A fonoaudióloga Cíntia Ortegosa Cordeiro, de 23 anos, começou a trabalhar com os adolescentes em março deste ano. Ela foi levada à unidade pelo Programa de Aprimoramento do Hospital das Clínicas, para o qual prestou concurso.
‘Uma vez por semana venho aqui para atender os adolescentes encaminhados para fonoaudiologia e também para o ‘Grupo de Comunicação’, onde procuramos discutir assuntos ligados ao universo adolescente e trabalhar para melhorar o discurso dos jovens’, expõe.
Albertina Takiuti orgulha-se por ter excesso de profissionais. ‘Em muitos lugares, a queixa é a falta de profissionais. Aqui, não. Temos sempre excedente. Quem vem para cá não quer ir embora. Nem os profissionais, nem os jovens. Quando tentamos dar alta a algum paciente, ele chora e diz que quer ficar. Então, transformamos nossos jovens em multiplicadores’, afirmou.
Embora o Estado de São Paulo tenha outras Casas do Adolescente, a unidade de Pinheiros virou parada obrigatória de profissionais da Saúde voltados a essa faixa etária de diversas regiões do País e do mundo. Fato que tem rendido diversos prêmios e menções honrosas em praticamente todos os congressos nacionais e internacionais voltados ao tema ‘adolescente’.
Além da Casa de Pinheiros, o Programa de Saúde do Adolescente conta com unidades municipalizadas nas cidade de Jacareí, Araraquara, Itapetininga, Votuporanga, Mirassol e Várzea Paulista.
Também disponibiliza o disque-adolescente, que é grátis e funciona de segunda a sexta-feira, das 11 às 14 horas. Pelo telefone (11) 3819-2022, os jovens podem obter orientações sobre assuntos ligados a faixa etária, como sexualidade, menstruação, gravidez, identidade sexual e problemas físicos, entre outros. Não é necessário identificar-se.
A Casa do Adolescente fica na Rua Ferreira de Araújo, 789, atrás do Posto de Saúde Pinheiros, na Zona Oeste da Capital.
Cíntia Cury
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