Sert: Programa de Auto-Emprego chega ao Serviço Franciscano de Solidariedade

Durante três meses a secretaria acompanhará o grupo do Sefras

qui, 22/07/2004 - 11h21 | Do Portal do Governo

Há um mês, no escritório central do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), teve início o curso de Gestão de Negócios para lideranças comunitárias.

Profissionais que trabalham no Centro Franciscano de Reinserção Social, representantes dos catadores de materiais recicláveis do Recifran e também do Albergue São Francisco do Sefras recebem aulas práticas e teóricas, focadas na metodologia de Capacitação Massiva do PAE, da Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho (Sert). O curso, fruto da parceria entre a secretaria e o Serviço Franciscano, braço social da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, terá duração de dois meses e objetiva capacitar essas lideranças para a elaboração de planos de negócios, que futuramente se transformarão em empreendimentos para geração de renda e trabalho.

Novos mercados – Henrique Lemos já tinha um histórico de trabalho comunitário quando resolveu atuar como técnico em desenvolvimento. Fez parte da primeira turma de formandos e, desde 1996, passou a exercer a atividade. Isso lhe conferiu vasta experiência e um currículo significativo dentro de sua área de atuação. Ao falar da importância do seu trabalho, ele explica estar exercendo, fundamentalmente, o papel de um facilitador, que auxilia as pessoas a trabalharem suas necessidades. “Sempre procuro incentivar e revisitar valores que promovam a boa convivência e o respeito mútuo entre os participantes do curso. No caso do Sefras, estou ajudando o grupo a identificar oportunidades de negócios, que gerem renda, auto-emprego e empreendedorismo.”

Henrique ressalta que o PAE faz com que eles vivenciem o trabalho cooperativo antes mesmo de constituírem uma cooperativa. Também existe abertura para se organizarem como uma associação, trabalhar em família ou individualmente. “O interessante é perceber que, mesmo escolhendo outras formas de gestão, as pessoas passam a agir como multiplicadoras – ensinando o que aprenderam à comunidade. Inclusive, começam a se ver como donas do processo e não como meras espectadoras. Essa é a idéia principal, tirar o beneficiário final da passividade e tranformá-lo em agente ativo da mudança”, conclui.

Ferramentas sociais – Antonio Augusto Telles Machado, coordenador do Centro Franciscano de Reinserção Social, projeto responsável pela realização da parceria com a Sert, acredita que o Programa de Auto-emprego vai auxiliar os profissionais do Sefras a identificar novos nichos de mercado, para formarem e organizarem empreendimentos cooperativos, associativos, individuais e/ou familiares.

“Precisávamos sistematizar e qualificar o nosso método de trabalho e a secretaria nos ajudará a formar, qualificar e treinar nosso pessoal e colaboradores, para utilizar as ferramentas sociais oferecidas pelo PAE, dentro do sistema de co-gestão.”
Na opinião de Telles Machado, o curso de gestão trará maior qualidade ao trabalho realizado pela instituição. “Nosso objetivo são os valores humanos, o resgate da auto-estima das pessoas em situação de exclusão social, incentivando sua organização para iniciativas viáveis de geração de renda e a partir dos princípios do cooperativismo. Isso é cidadania”, afirma.

Aprender Fazendo – Homero Leonel Vieira Filho, coordenador do programa, explica que o curso é dividido em três etapas: prospecção, capacitação e acompanhamento. Segundo ele, os profissionais do Sefras terão de fazer um estudo de mercado, pesquisando e coletando informações sobre clientes, fornecedores e concorrentes. “Esses dados facilitarão a elaboração de planos de negócios”, diz, destacando que “a idéia é fazer com que vivenciem o trabalho cooperativo, dentro do princípio do Aprender Fazendo, que os tornará aptos a estimular empreendimentos”.

Durante três meses a secretaria acompanhará o grupo do Sefras, por meio de seu técnico de desenvolvimento econômico, que fará a avaliação dos resultados do curso e acompanhamentos das propostas escolhidas por eles.

Na avaliação de Maria Ignez de Toledo Duarte, assistente social do Centro Franciscano, o acompanhamento posterior do técnico é muito importante. “Estamos vivendo uma experiência nova e queremos primar pela qualidade. A presença desse profissional nos ajudará a fixar as ferramentas que a Sert está oferecendo neste curso.”

Pão de mel franciscano – Depois de muita pesquisa e dinâmica de grupo, Henrique Lemos conta que os participantes decidiram desenvolver um plano de negócio de panificação e confeitaria como parte prática do curso, tendo como carro-chefe a produção e a comercialização do pão de mel. Também foi identificado no grupo o interesse em aplicar a técnica aprendida na estruturação de outros planos de negócios, como coleta seletiva e reciclagem (referente às atividades do Recifran) e a constituição de uma cooperativa de serviços. Segundo Josenilda Neto Nascimento, nutricionista do Centro Franciscano de Reinserção Social, o curso de gestão está ajudando no planejamento de todas as etapas do programa de geração de renda.

No caso da confeitaria, a escolha recaiu sobre a produção de um pão de mel que será vendido no Largo São Francisco. “Estamos aperfeiçoando a receita para comercializar o produto no centro da cidade, no comércio local e para os alunos do curso de direito do Largo São Francisco, inclusive os diretores da faculdade já se posicionaram a favor da iniciativa”, afirma a nutricionista.
Quanto à padaria comunitária, Henrique informa que a idéia é potencializar o uso do kit para padaria artesanal, doado pelo Fundo Social de Solidariedade (Fussesp). “Uma das propostas é produzir um pão integral e usar o nome da instituição como marca. Eles estão apostando nesse diferencial”, conclui.

Trabalho franciscano

A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil pertence à Ordem dos Frades Menores, conhecida também como Ordem Franciscana, com sede em Roma, Itália.

Entidade sem fins lucrativos, de caráter religioso, filantrópico e educativo, tem mais de 60 casas (fraternidades) nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. A entidade desenvolve dez projetos sociais:
– Albergue e Casa de Convivência São Francisco
– Grupo Franciscano de Apoio à Terceira Idade (Gfati)
– Educafro – curso pré-vestibular para negros, com aulas organizadas por professores voluntários para melhorar a condição acadêmica desses estudantes.
– Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem (Recifran) – promove a inserção social de catadores e seus familiares.
– Centro Franciscano de Luta contra a aids (Cefran) – para atendimento de pessoas soropositivas.
– Cefranzinho – espaço com instalações apropriadas para recreação, alimentação e atividades esportivas e culturais para os filhos dos assistidos pelo Cefras.
– Casa de Clara – para a melhoria da saúde da comunidade carente, por meio de trabalho preventivo, de encaminhamento e atendimento odontológico, pediátrico, psicológico e terapêutico.
– Centro Franciscano de Reinserção Social – presta assistência a jovens e adultos de baixa renda, promove junto a essa comunidade o resgate da cidadania e da auto-estima por meio do estímulo a iniciativas de geração de renda, formação profissionalizante, treinamento para a empregabilidade e trabalho socioeducativo.
– Centro Infantil Clara de Assis – creche para atendimento de crianças em situação de vulnerabilidade social.
– Morada Provisória – para pessoas em situação de rua
Além desses projetos, a Província Franciscana também realiza trabalho social com dependentes químicos e hansenianos, ex-presidiários e mães solteiras.

Marília Mestriner – Da Agência Imprensa Oficial