Segurança: Seminário marca um ano do Projeto Caminho de Volta

Encontro foi realizado nesta quarta-feira, dia 19, na Faculdade de Medicina da USP

qua, 19/10/2005 - 18h36 | Do Portal do Governo

Após pouco mais de um ano de implantação, o Projeto Caminho de Volta vira tema de Seminário e aborda temas relacionados com o desaparecimento de crianças, o bom desempenho, as propostas e os novos desafios, e debates das políticas públicas direcionadas para combater problemas familiares. “Este projeto disponibiliza tecnologia e conhecimento aos menores de idade, num momento em que os valores morais e familiares estão colocados à margem”, ressalta o secretário-adjunto da Segurança Pública, Marcelo Martins de Oliveira, que participou da abertura do evento.

O seminário foi realizado nesta quarta-feira, dia 19, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na rua Doutor Arnaldo, 455, Cerqueira César, na Zona Oeste da Capital.

“O Caminho de Volta tem uma grande importância para a Instituição, além do papel social desenvolvido. A universidade é um veículo de aproximação e diálogo com a sociedade, contribuindo com o bem-estar da comunidade”, afirma o diretor da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni Guido Cerri.

Resultados

A coordenadora do Projeto Caminho de Volta, Gilka Gattás, apresentou a história do Caminho de Volta e alguns resultados obtidos neste ano de atuação. Foi constatado que 76% das crianças e adolescentes que foram considerados desaparecidos, na verdade, fugiram. As razões da fuga, em sua maioria, são por maus-tratos (35%); logo depois vem o alcoolismo, com 24%; e as drogas, com 15%. Constatou-se que 9% escaparam de abuso sexual e incesto, 7% pela negligência dos pais e 2% pela violência doméstica.

Em relação ao desaparecimento, as estatísticas mostram que 54% dos menores de idade desapareceram pela primeira vez e os outros 46% já sumiram várias vezes. Para a coordenadora, essa criança que fugiu várias vezes, possivelmente está solicitando auxílio. “Talvez ela esteja querendo dizer: “Eu preciso de ajuda, eu fujo, mas eu volto””, explica.

As famílias atendidas uma única vez (65%) acabaram aderindo ao projeto. Elas têm acompanhamento psicológico.

Portaria para DNA

O DHPP é responsável por 89% das ocorrências; já 11% vieram dos departamentos do Interior, segundo estatísticas fornecidas por Gilka. Para José Carlos de Melo, delegado titular do DHPP, a maioria dos casos é conseqüência da desestruturação social. “Muitas crianças fogem porque enfrentam problemas em casa. Elas preferem viver com outras crianças na rua”, explica.

Outro ponto abordado é a portaria assinada para a retirada do DNA de menores de idade assassinados violentamente, para que seja feita uma identificação. Segundo Melo, é mais prático reconhecer e encontrar alguém pelo DNA. “As informações são transmitidas pelos hospitais e instituições públicas. Temos tudo informatizado, mas com o DNA será muito mais fácil. Hoje utilizamos apenas as características das pessoas, o que leva um certo tempo para reconhecermos e chegarmos a identidade delas”, esclarece.

A solenidade contou com a participação dos secretários estaduais Maria Helena Guimarães de Castro (Assistência e Desenvolvimento Social), e Hédio Silva Júnior (Justiça e da Defesa da Cidadania); do delegado-geral da Polícia, Marco Antônio Desgualdo; do pró-reitor de Pesquisa da USP, Luís Nunes de Oliveira; do coordenador da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Alexandre Reis; do diretor da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni Guido Cerri, além dos diretores dos oito Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinters), que já fazem parte do projeto.

Renata de Salvi
Secretaria da Segurança Pública