Segurança: São Paulo inicia a identificação de suspeito pela voz

Peritos estão sendo treinados para realizar a chamada 'Verificação de locutor'

qua, 17/08/2005 - 14h07 | Do Portal do Governo

‘As pessoas têm um estilo de falar que é inconsciente, assim como a escrita. E, ao tentar modificar o tom de voz, muitas vezes, é possível notar o padrão’, relata o perito criminal Claudemir Costa Santos, responsável pelo início da perícia denominada ‘Verificação de locutor’, no Instituto de Criminalística de São Paulo (IC). Santos tem dez anos de experiência na área e diz que a idéia é analisar gravações de áudio – fitas cassetes e vídeos – com o intuito de comparar se a voz retratada é a mesma do suspeito.

A verificação de locutor já é realizada em universidades e em alguns institutos de Criminalística do País. Agora, o IC de São Paulo inicia o preparo de peritos para desenvolverem habilidades relacionadas à informática, lingüística e física. ‘Não adianta só saber módulos destas três áreas, o perito tem que dominar: a fonologia, a matemática por trás do exame e o tratamento do som’, destaca Santos. Ele lembra que a Bahia é referência em laudos periciais.

Por ser ainda incipiente, o IC optou por solucionar apenas os casos urgentes, como seqüestros: ‘Às vezes, temos de nos apressar porque o suspeito está preso’, diz o perito. Só neste mês, três casos estão em apuração.

Para exemplificar, em um caso de tráfico de drogas o Instituto recebeu uma fita cassete com gravações de grampos telefônicos. Apesar de a Polícia saber que o suspeito está envolvido no crime, ele nega a autoria; por isso, o método comparativo de análise de voz poderá comprovar a suspeita da Polícia.

Santos conta que são necessárias 12 horas de trabalho intenso: ‘O intuito é que a análise seja feita em, no máximo, oito horas’. A grande dificuldade enfrentada é que as gravações recebidas são produzidas com métodos artesanais e com má digitalização. O perito afirma que uma fita pode ser utilizada como prova de um crime em qualquer circunstância, desde que esteja com uma qualidade razoável.

Análise pericial

São realizadas duas análises: a perceptual – um inventário das
características particulares do suspeito –; e a acústica, que é a análise estatística por conhecimentos físico-matemáticos. ‘De início, o perito deve acreditar que a voz a ser analisada é a mesma da fita. Pois, se não acreditar, não há análise, já que os nossos ouvidos não se enganam’, revela Santos.

Depois da constatação lingüística, parte-se para uma análise física da voz; que é muito semelhante ao exame grafotécnico, que faz a identificação de assinaturas, a partir de elementos semelhantes que se repetem: ‘Esta parte é tida como subjetiva’, diz.

Os gráficos são picos de energia. A análise da fonética forense trabalha com três tipos: o da freqüência fundamental (característica única do indivíduo), o de formantes (pontos em que a freqüência se intensifica e que dá o timbre da voz), e o espectrograma (manchas de freqüência na fala).

Da Secretaria da Segurança Pública

J.C.