Segurança: Peritos do Instituto de Criminalística recebem maletas de papiloscopia

Serão entregues nesta sexta

qui, 25/08/2005 - 21h34 | Do Portal do Governo

Nesta sexta-feira, dia 26, às 16 horas, o superintendente da Polícia Técnico-Científica (SPTC), Celso Periolli, fará a entrega simbólica das maletas de papiloscopia para equipes de peritos da Capital e Macro São Paulo. As maletas foram adquiridas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), dando uma nova dinâmica ao trabalho desenvolvido pelos profissionais do Instituto de Criminalística (IC). O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, participa da cerimônia.

As 200 maletas de papiloscopia serão distribuídas entre as 40 equipes e 11 núcleos do Interior, da Capital, e da Macro São Paulo, além dos Núcleos de Crime Contra a Pessoa e Contra o Patrimônio, que integram o IC. O objetivo, de acordo com Periolli, é que cada equipe receba duas maletas e que cada núcleo tenha três delas.

Dominando a técnica

‘Não adianta só adquirir o material, tem que dar condições de uso da maleta, e fazer a experimentação porque o perito domina a técnica fazendo’, revela o perito criminal e professor da Academia de Polícia, Geraldo Evangelista de Almeida. Pensando nisso, o Instituto de Criminalística de São Paulo convidou Almeida para ministrar aulas para peritos e papiloscopistas da Capital e do Interior sobre como utilizar as 200 maletas de papiloscopia.

As maletas com material de criminalística, principalmente da área de papiloscopia (ciência que estuda as papilas – elevações e sulcos da pele -, responsáveis pelo nosso tato), possuem produtos de primeiro mundo para facilitar e até melhorar as impressões reveladas no local do crime.

Os peritos aprendem desde a localização e revelação até o levantamento de impressões papilares: ‘Para isso, utilizamos os pós comuns, os magnéticos com aplicadores, e os fluorescentes, acompanhados de luz forense (lanterna que torna visíveis as impressões reveladas pelo pó)’, relata o professor.

Fernando Pinto da Silva, perito criminal do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e aluno do curso, destaca que a maleta traz reagentes químicos fundamentais: ‘Quando vamos vistoriar um carro envolvido em crime, já é possível fazer um levantamento de qualquer resquício que haja, como saliva, sangue, esperma, e fazer uma coleta específica’, exemplifica.

Antes, se o perito suspeitasse de uma mancha de sangue não muito bem distinguível num banco de carro, era necessário tirar o assento ou recortá-lo para encaminhar à análise. ‘O material chegava no laboratório e diziam: ‘Não é sangue, é ferrugem’. Mas já tínhamos destruído o patrimônio de alguém devido a uma suspeita’, conta Silva.

Almeida afirma que o perito brasileiro é sempre muito versátil, mas ressalta a contribuição das maletas na realização da perícia: ‘Elas facilitam no transporte do material e fornecem uma grande variedade de recursos ao profissional’. Ele defende a idéia de que a perícia deve caminhar lado a lado com a investigação, pois esta reduz a população alvo e dá condição a uma pesquisa detalhada.

Na prática

Em uma brincadeira, o perito tentou provar que todas as pessoas possuem uma alma concreta; em outras palavras, a impressão digital – responsável pela nossa identificação.

Basta encostar a mão esquerda em uma folha em branco para que, em instantes, com o auxílio do pó magnético, todas as impressões papilares sejam reveladas no papel. ‘Viu, posso provar que sua alma não é espiritual, mas sim concreta, e quase pura’, satiriza o professor.

Curso no IC

No total, são quatro dias de curso: dois para peritos da Capital e dois para os profissionais do Interior do Estado. As 16 horas/aula são divididas em teoria e prática. Ao todo, são 42 alunos, entre peritos e papiloscopistas, que desde a última terça-feira integram a equipe de agentes multiplicadores de técnicas.

Atentos, os peritos sabem que terão a responsabilidade de multiplicar os conhecimentos adquiridos em seus ambientes de trabalho. Silva conta que ministrará palestras nas constantes reuniões que ocorrem no DHPP: ‘Como não vai dar para apresentar o conteúdo todo em uma reunião, vou dividir em duas partes’, explica.

No curso, os peritos aprendem a fazer revelação de impressões digitais em todos os tipos de superfície: ‘Até no frasco de dipirona’, brinca o professor. Há ainda a apresentação de problemas na área da datiloscopia (estudo das impressões digitais), quiroscopia (estudo das impressões palmares) e podoscopia (estudo das impressões da planta do pé).

Almeida diz que o perito deve compreender a papiloscopia como uma língua qualquer: ‘É preciso entender o comportamento das linhas obtidas na impressão, pois isto facilita muito o trabalho de localização e revelação’.

Joyce Ribeiro
da Secretaria de Segurança Pública