Segurança: Maior favela de SP registra queda no índice de criminalidade

Entre janeiro e maio deste ano, em comparação ao mesmo período de 2001, índice caiu 49%

seg, 18/07/2005 - 17h19 | Do Portal do Governo

Queda nos homicídios na maior favela de SP deve-se ao combate à impunidade, melhoria na qualidade de vida e integração entre polícia e comunidade

Considerada a maior favela de São Paulo e a segunda da América Latina, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Heliópolis tem, atualmente, cerca de 100 mil habitantes. E, entre janeiro e maio deste ano, em comparação ao mesmo período de 2001, a criminalidade no local caiu 49%. De acordo com o secretário de Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho, “a queda dos homicídios em Heliópolis não se deve essencialmente à repressão policial, mas, sim, ao combate à impunidade, à melhoria na qualidade de vida e ao trabalho integrado entre polícias e comunidade”.

A favela surgiu em 1971 e, atualmente, ocupa uma área de cerca de um milhão de metros quadrados, divididos em 14 glebas. Pelo menos oito dessas unidades ainda são irregulares e enfrentam problemas com a distribuição de água, rede de esgoto, iluminação e espaços de lazer para a comunidade. De acordo com a prefeitura da Capital, cerca de 49% da comunidade de Heliópolis têm entre zero e 21 anos. E pelo menos 44% de todos os moradores da favela são analfabetos. Em 2001, Heliópolis registrou a maior alta de homicídios: 80 casos. Foi a partir de 2002 que as mortes violentas, tendo como base o período de 2000 a 2005, tiveram uma significativa redução naquela região.

No primeiro trimestre de 2005, repetiu-se a queda em comparação com os dois anos anteriores. Em 2003, foram registrados 16 casos; em 2004 baixou para 12; e este ano, foram dez. Em relação a 2001, a queda foi de 26%. Dados atuais, obtidos pelo Infocrim, mostram que os homicídios na região de Heliópolis, em 2005, continuam caindo. Na comparação entre janeiro e maio deste ano com o mesmo período em 2001, a queda foi de 49%.

Na avaliação do pastor Carlos Altheman, de 63 anos, a queda na criminalidade se deve ao aumento na confiança do trabalho policial e aos projetos sociais que integram a comunidade com a polícia. “Como tenho contato diário com as pessoas que moram aqui, sei que a comunidade passou a denunciar mais, procurar a polícia comunitária”, disse o pastor, que atuou na favela desde 1997 como presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg). Por causa do estatuto, Altheman deixou o cargo, mas continua na entidade como Conselheiro de Ética.

Além de ressaltar o trabalho do capitão Juliano Campos de Azevedo, da 5ª Cia. do 3º Batalhão, Altheman destacou a atuação firme de todos os policiais que lá trabalham. “Quando a comunidade denuncia qualquer irregularidade, de venda de drogas a bares fazendo baderna, a PM atende prontamente”, afirmou. “Olha, só gente boa (da polícia) vem trabalhar nessa região”, comentou.

A criação da 5ª Cia., que atua na região desde 2000, também foi decisiva na queda da criminalidade, e hoje tem um efetivo superior a 100 policiais e mais de dez viaturas. A polícia vem contribuindo para melhorar a favela e a qualidade de vida da comunidade. Em de 2002, o 95° DP foi reformado e passou a atender no modelo participativo. A delegacia e a companhia funcionam no mesmo local, uma unidade ao lado da outra.

Em 1º de março deste ano, o 95º Distrito Policial inaugurou o Espaço Cultural na carceragem desativada, que traz uma biblioteca e duas salas para aulas de Informática e Idiomas, beneficiando cerca de 600 alunos. Quatro professores voluntários atuam no ensino. Além das salas de aula, foram construídos um banheiro masculino, um feminino e um para deficientes. “Temos fila de espera para os cursos”, lembra o pastor.

Informática e idiomas

No terreno da Delegacia também funciona uma quadra de futebol society, inaugurada em 2003 após a polícia ceder o terreno para a realização das obras. “Com o apoio da iniciativa privada, construímos um projeto de 1.600 m2, que hoje é usado por cerca de 590 crianças que moram na favela”, apontou Altheman.

As aulas são coordenadas por um professor de Educação Física. “O esporte tira as crianças da rua e estimula uma série de coisas positivas. Os garotos, inclusive, participam com times de alguns campeonatos locais”, lembra.

Combate ao crime

A favela possui uma área intensamente povoada, com cerca de 100 mil habitantes – quase 30% da população total da área abrangida pelo 95º DP –, que totaliza aproximadamente 400 mil pessoas, segundo Antonio Carlos Gomes, delegado titular que assumiu o Distrito em junho do ano passado. “Se levarmos em conta somente a população da favela (120 mil pessoas) com os índices, constataremos que existe uma média mensal baixa de ocorrências”, argumenta.

Enquanto em 2001 ocorriam em média sete mortes por mês, esse número caiu para quatro ocorrências desde 2002. Desde o ano passado, não há chacinas no bairro, segundo o DHPP, que atua no esclarecimento de homicídios múltiplos na Capital.

Homicídios

No primeiro trimestre de 2005, mais uma vez os homicídios apresentaram queda na comparação com os dois anos anteriores. Em 2003, foram registrados 16 casos; em 2004, 12; e neste ano, dez.

Foi a partir de 2002 que as mortes violentas tiveram uma significativa redução na região da Favela Heliópolis, tendo como base o período de 2000 a 2005. Também foi em 2001 que Heliópolis registrou a maior alta de homicídios; por este motivo, as comparações são sempre relativas àquele ano, quando ocorreram 80 casos. No primeiro ano do secretário Saulo de Castro à frente da pasta, a diminuição em relação a 2001 foi de 26%. Desde então, os homicídios têm seguido a tendência de queda. Na comparação entre 2004 e 2001, o crime caiu quase pela metade: 49%.

Seade

A diminuição de mortes na região de Heliópolis também é constatada pelos números do Seade – Sistema Estadual de Análise de Dados. Na comparação entre 2004 e 2001, ano em que ocorreu o maior número de homicídios, a diminuição foi de 56%. De 2001 para 2002 a queda foi de 29%.

Sacomã

Vizinho a Heliópolis, o bairro do Sacomã também apresenta dados significativos de queda na criminalidade. O trabalho policial, junto com as atividades desenvolvidas pela comunidade local, é apontado como o principal fator responsável por essa diminuição. Na comparação entre 2002 e 2004, os casos de homicídios caíram 56% na região, compreendida pelo 26º DP e 3ª Cia. do 3º Batalhão.

Os dados atuais também apresentam uma relevante diminuição nesse tipo de crime. De janeiro a maio deste ano, comparado com o mesmo período de 2002, a queda no número de homicídios foi de 40%.

Base Comunitária

A Base Comunitária do bairro, localizada na Vila das Mercês, realiza inúmeros serviços à comunidade. Os policiais da Base participam das campanhas do agasalho e do dia da vacina. Também orientam e prestam serviços de assistência social aos moradores da região.

Todas as 4ª feiras, um advogado do Conseg da região atende na base comunitária os membros da comunidade prestando esclarecimentos jurídicos. O atendimento é gratuito.

Da Secretaria da Segurança Pública