Segurança: Heliópolis, maior favela de SP, registra queda de assassinatos nos últimos quatro anos

Redução de 49% é atribuída ao trabalho integrado entre a polícia e a comunidade local

ter, 26/07/2005 - 9h57 | Do Portal do Governo

Redução de 49% é atribuída ao trabalho integrado entre a polícia e a comunidade local

O índice de assassinatos na favela Heliópolis caiu 49%, na comparação entre janeiro e maio deste ano e o mesmo período de 2001, informa a Secretaria de Estado da Segurança Pública. A favela, com aproximadamente cem mil pessoas, é considerada a maior de São Paulo e a segunda da América Latina, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A redução de crimes, de acordo com a avaliação da secretaria, não é fruto apenas da força policial, mas também da melhoria na qualidade de vida e do trabalho integrado entre autoridades de segurança e comunidade. O ano de 2001, em que foram notificados 80 homicídios (o maior número registrado pela secretaria) é utilizado como base de comparação para os períodos seguintes.

No primeiro trimestre de 2005, ocorreram 10 mortes, 26% a menos que em igual período do ano base. Também levando em consideração os três primeiros meses, em 2003 e 2004 os números de homicídios foram 16 e 12, respectivamente. O bairro surgiu em 1971 e hoje ocupa área de quase um milhão de metros quadrados, divididos em 14 glebas. Pelo menos oito dessas ainda estão irregulares e enfrentam carências de água, rede de esgoto, iluminação e espaços de lazer. A prefeitura da capital informa que, aproximadamente, 49% dos habitantes têm até 21 anos e cerca de 44% são analfabetos.

Comunidade unida – Na avaliação do pastor Carlos Altheman, a queda de assassinatos se deve à confiança nas autoridades e aos projetos sociais que integram comunidade e polícia. ‘Tenho contato diário com moradores daqui e sei que denunciam e procuram a polícia comunitária’, diz o pastor, que atua na favela desde 1997. Ele foi presidente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) e ainda hoje continua na entidade como conselheiro. O pastor destaca a atuação dos policiais militares que lá trabalham: ‘Quando a comunidade denuncia irregularidades como venda de drogas e bares com baderna, a PM atende prontamente’. A criação da 5a Companhia do 3o Batalhão, na região desde 2000, foi decisiva para a queda da criminalidade. A companhia tem efetivo superior a cem policiais e mais de dez viaturas. Em 2002, o 95º Distrito Policial, responsável pela área, foi reformado e passou a atender no modelo participativo.

A delegacia e a companhia funcionam no mesmo local, lado-a-lado. No dia 1º de março, o 95º DP inaugurou biblioteca e duas salas de aula para o ensino de informática e idiomas na carceragem desativada, beneficiando 600 alunos. Quatro professores voluntários trabalham no local. Foram construídos banheiros masculino, feminino e para deficientes. ‘Temos até fila de espera para os cursos’, ressalta Altheman. No terreno da delegacia funciona a quadra de futebol society, inaugurada em 2003. ‘Com apoio da iniciativa privada, construímos projeto de 1,6 mil metros quadrados, que hoje é usado por cerca de 590 crianças da favela’, aponta o pastor. As aulas são coordenadas por um professor de educação física.

Um ano sem chacina – O 95º DP abrange uma área na qual residem 400 mil pessoas, 30% delas moradoras da favela, informa Antônio Carlos Gomes, delegado-titular que assumiu o distrito em junho do ano passado. ‘Se levarmos em conta somente a população de Heliópolis (cem mil pessoas), constataremos que há média mensal baixa de ocorrências’, afirma o delegado. Enquanto em 2001 ocorriam cerca de sete mortes por mês, no ano seguinte o número caiu para quatro. Desde o ano passado não há chacinas no bairro, segundo o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga assassinatos múltiplos na capital. A diminuição de óbitos na favela Heliópolis também é constatada pelos índices da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), vinculada à Secretaria de Estado de Economia e Planejamento. Na comparação entre 2004 e 2001, a redução foi de 56%.

Melhorias também no Sacomã

Vizinho a Heliópolis, o bairro do Sacomã também apresenta dados significativos de queda na criminalidade, resultado do trabalho policial e das atividades organizadas pela comunidade. Na comparação entre 2002 e 2004, os casos de homicídios caíram 56% na região compreendida pelo 26º DP e a 3º Companhia do 3º Batalhão. Os dados atuais também indicam diminuição nesse tipo de crime. De janeiro a maio, comparado com o mesmo período de 2002, a queda foi de 40%. A base comunitária do Sacomã, na Vila das Mercês, presta serviços à comunidade. Os policiais participam das campanhas do agasalho e do dia da vacina. Orientam e realizam trabalhos de assistência social aos moradores. Às quartas-feiras, um advogado do Conseg da região atende gratuitamente, na base comunitária, prestando esclarecimentos jurídicos.

Da Secretaria da Segurança Pública