Segurança: Denarc descobre rede de tráfico e exportação de mulheres

Garotas eram levadas como dançarinas para Camarões.

seg, 31/10/2005 - 14h05 | Do Portal do Governo

Tráfico de drogas e “exportação” de brasileiras para a prostituição. Esses eram os negócios do empresário português Ademar Moura Pinto da Silva, de 53 anos, preso pelo Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos), na praça da República, região central de São Paulo.

Os policiais do Denarc, que investigavam o português havia dois meses, apreenderam dez quilos de cocaína, dentro de uma mala, em um hotel da rua Basílio da Gama, 101, na República. Além disso, encontraram documentos de mulheres de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e outros Estados. As garotas eram levadas como dançarinas para Camarões.

O português foi preso com o consultor Mauro Fernandes de Andrade, de 43 anos, e o pescador João Carlos Wanderley, ambos moradores em Pernambuco. Segundo investigações da 1ª Delegacia do Nape (Núcleo de Apoio e Proteção às Escolas), a cocaína era armazenada em Recife (PE), depois, trazida para São Paulo.

Cocaína no peixe

De São Paulo, a droga seguia para a Europa. Em um dos principais esquemas de tráfico internacional da quadrilha do português, a cocaína era “exportada” em peixes e frutos do mar. Documentos apreendidos revelam que ele exportava robalos, tainhas, garoupas e outros. “Sabemos que eles escondiam a cocaína nos peixes que depois eram exportados à Europa, em containeres”, disse o delegado Fábio Guimarães, titular do Nape.

Segundo o delegado, o português usava as exportações para disfarçar o tráfico de drogas. “Estamos investigando uma exportação de 20 toneladas de madeira, em junho, feita a partir da Bolívia”, contou Guimarães.

Morador na cidade do Porto, em Portugal, o empresário disse ter uma empresa com o nome dele naquela cidade. O Denarc, contudo, apreendeu documento em nome de outra empresa, a Luda – Comércio e Representações Ltda., que Ademar afirma ser de um amigo. “Vamos pedir a colaboração da Polícia portuguesa e investigar as operações do acusado, em Portugal”, avisou o diretor do Denarc, Emílio Françolin.

Exportação de mulheres

O diretor do Denarc disse ainda ter ficado surpreso com a exportação de mulheres brasileiras. “Estamos procurando essas mulheres para saber como funcionava o esquema”, afirmou. O português tinha passaportes das mulheres para obter visto de entrada para que trabalhassem na África. “Elas iam para dançar”, disse Ademar. “Se por acaso saíssem com algum cliente, era problema delas: não faço tráfico internacional de mulheres”, completou. Porém, em e-mails da conta Hotmail do português, ele escreveu que o bando ficava com 50% do dinheiro ganho por elas.

Para os policiais, as mulheres eram usadas no tráfico e na prostituição. “Acreditamos que elas viajavam do Brasil como mulas, levando as drogas. Depois, eram colocadas em uma casa de prostituição para atender clientes selecionados”, afirmou o Guimarães.

Antônio Carlos Silveira, da Assessoria de Imprensa do Denarc