Segurança: Denarc apreende 400 comprimidos de ecstasy em favela da Capital

Blitz foi realizada na noite desta quinta-feira, na Zona Norte da Capital

sex, 07/10/2005 - 16h33 | Do Portal do Governo

Negócio de alta lucratividade, o tráfico de drogas sintéticas, antes atividade exclusiva da classe média, chegou às favelas. Na noite desta quinta-feira, dia 6, policiais do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos) apreenderam 400 comprimidos de ecstasy, droga de traficantes da favela Divinéia, na avenida Inajar de Souza, Cachoeirinha, Zona Norte da Capital. É a Conexão-Boy na favela, expressão desses traficantes.

Desta vez não foram presos universitários ou jovens freqüentadores de baladas. Ao contrário, um dos presos, o tecelão Severiano Pedro de Barros, tem 60 anos, duas passagens por tráfico de drogas e já esteve na cadeia. “Fui preso com maconha”, disse o acusado, de apelido Véio.

O outro é o pizzaiolo e servente desempregado Alexandre Kobasew, de 45 anos, o Russo, morador na favela Divinéia. Apesar do apelido, ele disse que o pai era iugoslavo. Russo alegou ser inocente, mas já possuía passagens pela Polícia. “Tinha coisas simples, como vadiagem e furto.”

O ecstasy vendido pelos acusados era da melhor grife: pastilhas de “marcas” da moda, como Diesel, Tundercats e Orbital, das cores azul e bege. A droga, trazida da Europa, pertencia ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

Os dois foram presos por investigadores da 5ª Dise (Delegacia da Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes), do Denarc, e autuados por tráfico de drogas pelo delegado divisionário Cosmo Stikovics. “Os traficantes de favela perceberam que o mercado para o ecstasy é muito grande e começaram a diversificar”, disse Cosmo.

Essa mudança trouxe outro problema para os investigadores. Traficantes de favela, os acusados tinham seguranças para evitar surpresas. “No momento da prisão, três seguranças começaram a atirar de uma Brasília bege”, contou o diretor do Denarc, Emílio Françolin. “Essa é uma preocupação à mais para os policiais, pois até então não tínhamos caso de flagrante de droga sintética com bandidos na segurança e tiroteio.”

Os investigadores reagiram, mas os seguranças conseguiram escapar. Alexandre foi o primeiro a ser preso. Severiano ainda correu e, apesar de ter platina na perna, subiu no telhado de uma casa e se escondeu em um matagal, onde foi detido. De ônibus, ele veio de Cerquilho, na região de Sorocaba (interior do Estado), para acompanhar a venda dos comprimidos.

Na favela, além do ecstasy, o LSD já pode ser encontrado, sendo o primeiro, encomendado na boca como redondo e, o ácido, como quadrado. Esse tipo de venda, para usuários diferenciados, ganhou na favela o nome de Conexão-Boy.

Antônio Carlos Silveira
Da Assessoria de Imprensa do Denarc