Delegacia de Campos Elísios, na Capital.
Os presos transferidos das delegacias estão sendo realocados dentro do sistema
Até o fim de 2004 todas as celas de delegacias da Capital serão desativadas. Nesta terça-feira, será a vez do DP de Santa Ifigênia
Balanço divulgado pela Secretaria da Segurança Pública mostra que em todo o Estado 10.836 presos foram transferidos de distritos policiais para o sistema penitenciário, desde o ano de 1995 até fevereiro de 2003. Deste total, 4.438 estavam em carceragens da Capital, 1.352 na Grande São Paulo e 5.046 no Interior. Atualmente, 9.650 presos ainda ocupam celas de delegacias na cidade de São Paulo, mas até o fim de 2004 todas estas carceragens serão desativadas.
Os números apresentados revelam que 85 delegacias paulistas não possuem mais celas, ou seja, não recebem mais os presos que diariamente são capturados pela Polícia. Nesta terça-feira, dia 25, será a vez da derrubada das grades do 3º Distrito Policial, localizado no bairro de Santa Ifigênia, região central da Capital.
O DP de Santa Ifigênia possui capacidade para 24 presos, mas já chegou a abrigar 220 e era considerado pela comunidade um verdadeiro barril de pólvora. Segundo o delegado titular da 1ª seccional da Capital que atende catorze delegacias da região central, Mario Jordão Toledo Leme, esta desativação era uma luta de anos da sociedade. ‘Toda a força policial tinha de ficar voltada para vigiar a carceragem, o que prejudicava o atendimento’, afirmou. Várias rebeliões ocorreriam com freqüência no local, que realiza cerca de 400 atendimentos por dia à população.
Além da desativação da carceragem, o prédio da 3ª delegacia foi todo reformado pela comunidade. De acordo com o delegado titular, nesta terça-feira será feita a inauguração das novas instalações. ‘A unidade estava em precárias condições. Com a reforma, ficará nos moldes de uma delegacia participativa, com sala vip com televisão e sala para o delegado’, observou.
Presos vão para Centros de Detenção Provisória
Os presos transferidos das delegacias estão sendo realocados dentro do sistema penitenciário. Esta iniciativa permitiu que os policiais civis que estavam tendo de tomar conta das carceragens pudessem voltar à função investigativa. Além disso, as pessoas detidas que aguardam julgamento passaram a ser separadas dos condenados, em Centros de Detenção Provisória (CDP).
O Estado de São Paulo possui 19 CDPs em atividade. No mês de março será inaugurada a 20ª unidade, no município de Suzano. Estão em construção outros três na Grande São Paulo, nas cidades de São Bernardo do Campo, Mauá e Diadema. No Interior, será iniciada a implantação de uma unidade em Caiuá, região de Presidente Prudente. Também está em estudo a construção de um CDP no município de Bauru.
Delegacias Participativas
As unidades com carceragens desativadas estão sendo transformadas em delegacias participativas, nas quais a comunidade recebe um atendimento ‘padrão poupatempo’. O objetivo é modernizar o atendimento nas delegacias e fortalecer a eficácia da Polícia e a relação com a comunidade. As delegacias participativas não têm carceragem, possuem entrada separada para vítima e presos e contam com sistema informatizado.
Seis delegacias participativas já estão em funcionamento na Capital. São elas: 24º DP, em Ermelino Matarazzo; 15º em Itaim Bibi; 96º do Brooklin; 95º em Heliópolis; 36º no Paraíso; e o 93º no bairro do Jaguaré. Na Grande São Paulo foram transformadas em delegacias participativas duas unidades em São Bernardo do Campo e uma em Santo André. Os municípios de Campinas e Sorocaba também possuem unidades neste padrão. As próximas cidades a receber este modelo de distrito policial serão São José dos Campos, Jundiaí e Piracicaba.
Rogério Vaquero
