Segurança: A influência das faixas estreitas na segurança do trânsito

Apesar da sensação de desconforto, faixas estreitas podem aumentar segurança

qua, 11/12/2002 - 20h25 | Do Portal do Governo

A utilização de faixas de tráfego de veículos estreitas (com menos de três metros de largura), que permite a inclusão de uma faixa adicional para circulação, é um método usado para aumentar o fluxo do trânsito nos centros urbanos. Porém, a pouca largura das faixas pode gerar uma sensação de insegurança nos usuários da via. A falta de um estudo brasileiro sobre essa sensação foi a motivação principal para a realização da dissertação de mestrado Análise de segurança do uso de faixas de tráfego estreitas em vias arteriais urbanas, defendida pelo engenheiro Olímpio Mendes de Barros na Escola Politécnica (Poli) da USP.

Pesquisas anteriores constataram que as faixas menores, com 2,5 metros de largura, comportam apenas 90% do tráfego das faixas com 3,5 metros. ‘Essa redução se deve à alteração no comportamento dos condutores ao passar por uma via com faixas estreitas’, aponta o engenheiro. Ainda assim, Barros destaca que a inclusão de mais uma via através da utilização das faixas estreitas acarreta um aumento no número total de veículos.

Uma referência para o trabalho do engenheiro foi uma pesquisa qualitativa realizada em 2001 pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo que analisou as sensações sentidas pelos usuários das faixas estreitas. Nela, constatou-se a insatisfação dos motoristas: ‘os motociclistas reclamam da falta de espaço. Já os condutores de carro de passeio sentem-se inseguros ao lado das motos’, comenta Barros.

Segurança

Para o engenheiro, a pesquisa da CET serviu para fomentar um dos componentes do ‘tripé’ em que se baseia sua dissertação. ‘Busquei verificar a eficácia das faixas estreitas baseando-me em três itens: conforto, capacidade e segurança’. Com base no levantamento da CET, que apontou desconforto dos usuários, e nos dados pré-existentes sobre o impacto na capacidade, o estudo procurou focar a segurança.

A análise ficou então sobre duas avenidas em São Paulo: Rebouças (Zona Oeste) e Interlagos (Zona Sul). Em ambas, há trechos significativos com faixas de até 2,5 metros de largura, que somam cerca de 14% do total implantado no município de São Paulo. Nessas avenidas há um grande número de carros de passeio, veículos pesados e de motos.

O aspecto da segurança foi analisado por meio do estudo de 750 boletins de ocorrência de acidentes com vítimas nas duas avenidas, de janeiro de 2000 a novembro de 2001. O resultado surpreendeu o engenheiro: foram encontrados menos acidentes nos trechos das faixas estreitas do que nos demais da avenida, e o dado se repetiu quando o estudo recaiu apenas sobre os acidentes envolvendo motos. ‘Este fato sugere que, apesar do desconforto gerado, as faixas estreitas podem colaborar na segurança, talvez por exigir mais cautela dos motoristas’, comenta.

Mesmo com esses resultados positivos, Barros afirma que sua pesquisa não é suficiente para afirmar que as faixas estreitas não influem negativamente na segurança dos condutores de São Paulo. ‘Precisamos seguir nesta análise, verificando também o ocorrido em outros pontos da cidade. A idéia é, com base nestes estudos, sugerir uma norma para a implementação deste tipo de faixa nas vias públicas urbanas’, complementa.

Mais informações: (11) 3742-9303, ramal 223