Secretário da Segurança comenta, em coletiva, o final do seqüestro de Patrícia Abravanel

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ter, 28/08/2001 - 14h32 | Do Portal do Governo


‘A Delegacia Anti-Seqüestro, que já foi ampliada em 50 por cento, passará a contar com um helicóptero e um sistema integrado de inteligência. Além disso, será criada mais uma delegacia na Capital e os trabalhos também serão estendidos para as regiões de Campinas, São José dos Campos e Santos’, afirmou o secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, durante coletiva realizada nesta terça-feira, dia 28, na sede da Secretaria, durante a qual comentou o seqüestro de Patrícia Abravanel.

A seguir os principais trechos da coletiva:

‘Na madrugada de hoje, Patrícia Abravanel foi liberada após pagamento de resgate. A polícia esteve afastada do caso, a pedido da família. Mas, como é padrão nesses casos, mantivemos contatos com a família ou representantes dela durante todo o tempo. A postura que a polícia de São Paulo adota nesses casos é sempre a mesma: se há pedido da família, a polícia fica afastada do caso. E, assim que a vítima retorna à casa, à segurança, a polícia inicia sua ação, visando à prisão dos seqüestradores. Nesse caso, houve um pedido formal da família nesse sentido, e a polícia atendeu a essa solicitação. Em relação a detalhes sobre casos de seqüestro, vamos continuar agindo como sempre. Os senhores já cobriram vários casos aqui, sabem qual a postura da Secretaria. Nós não damos informações sobre casos em investigação. Primeiro, porque atrapalha a investigação e pode estimular outros criminosos a imitar o gesto; segundo, porque nós preferimos dar detalhes de todo o caso só quando ele é resolvido. Essa minha tese foi objeto de discussão numa reunião, em abril deste ano, com os diretores de Redação dos principais veículos de comunicação de São Paulo.

RETRATO FALADO

Ainda não existe um retrato pronto. Pessoas presentes no dia do seqüestro estão fornecendo à polícia informações sobre os suspeitos. O retrato, portanto, está em fase de elaboração. Dependendo da situação, ele será ou não divulgado. Durante uma investigação, o retrato-falado funciona melhor quando é exibido em locais pré-determinados.

INVESTIGAÇÕES

A vítima foi liberada nesta madrugada e provavelmente ainda se encontra traumatizada. Neste momento, apesar da urgência da investigação, temos de considerar a situação da vítima e também de sua família. Já existem alguns indícios que estão sendo analisados, algumas pessoas já foram presas, mas não podemos ainda tornar públicas essas informações. Posso adiantar que a investigação caminha bem, mas não posso fornecer outros detalhes. Nós esperamos e temos a convicção de que esses seqüestradores brevemente estarão prestando contas à justiça.

SEQÜESTROS EM SÃO PAULO

Somente neste ano, já foram presos pela Delegacia Anti-Sequestro, no Estado de São Paulo, 101 seqüestradores. Dezenove cativeiros foram estourados. Nos últimos dois anos, sete seqüestradores foram mortos em confronto com a polícia. Portanto, a polícia está agindo com extrema energia e rigor no combate a esse tipo de crime. No primeiro semestre deste ano, a Deas atendeu 102 casos de seqüestro no Estado. No momento, existem três casos em andamento. O seqüestro, diferentemente do homicídio, é praticado por grupos. Por isso, a Delegacia Anti-Seqüestro, que já foi ampliada em 50 por cento, passará a contar com um helicóptero e um sistema integrado de inteligência. Além disso, será criada mais uma delegacia na Capital e os trabalhos também serão estendidos para as regiões de Campinas, São José dos Campos e Santos. A polícia está sendo orientada para atuar firmemente nessa área. Essa estrutura estará em condições de operação dentro de cerca de vinte dias. O perfil das pessoas que praticam esse tipo de crime em São Paulo é diferenciado: são criminosos que migraram do roubo a banco e do roubo de carga, em decorrência de uma ação preventiva do Estado e, por isso, não têm experiência muito grande nessa modalidade de crime. Esse tipo de marginal passou a praticar seqüestros, diferentemente do que acontecia em outros Estados, onde há uma conexão entre esse tipo de crime e o tráfico de drogas. Em São Paulo, houve uma migração do crime contra o patrimônio para o seqüestro. O que explica o fato de em São Paulo todos os tipos de crimes estarem em queda, o que não está acontecendo com os seqüestros.

RIO DE JANEIRO

Não tenho nenhum prazer em comentar, mas os números de seqüestros divulgados no Rio não são os mais confiáveis. Quem diz isso não sou eu e sim autoridades que discutem essa questão. No Rio de Janeiro havia uma conexão evidente entre o seqüestro e o tráfico de drogas. Desde que assumi a Secretaria, percebi que há pessoas que gostam de fazer torneio entre São Paulo e Rio de Janeiro sobre criminalidade. Sempre tentei fugir disso. Só que há momentos em que isso não é possível devido à irresponsabilidade de certas autoridades, que exigem que você diga certas coisas e as deixe muito claras. A atitude do governador do Rio de oferecer, até num ato jocoso, seus policiais para vir resolver o problema do seqüestro em São Paulo, além de demonstrar despreparo, contribui para diminuir a auto-estima da polícia. Quando houve o seqüestro do ônibus, o assalto à sede da Secretaria da Segurança e a denúncia da aliança do governo do Rio com a banda podre da polícia, ninguém aqui de São Paulo fez qualquer comentário a respeito. Mas, agora, eu tenho de responder o que foi dito pelo governador do Rio de Janeiro. No Rio, houve uma leniência, que eu não sei se é dolosa ou não, em relação ao tráfico de entorpecentes. Isso gera, sobre certo tipo de criminalidade, uma espécie de pacto entre a polícia e os marginais. Essa não é a opção de São Paulo. Eu só tenho a lamentar esse tipo de comportamento e gostaria de dizer o seguinte: as polícias do mundo costumam trocar experiências positivas, pois isso contribui no combate ao crime. Essa sempre foi a postura de São Paulo. Tudo tem limite. O que o governador do Rio faz estava a merecer uma resposta.’