Secretaria da Saúde cria ranking da tuberculose

Municípios mais atingidos receberão acompanhamento integral

qui, 20/03/2003 - 14h51 | Do Portal do Governo

A tuberculose é uma velha doença que ainda assusta. O Estado de São Paulo recebe, em média, duas notificações por hora de novos casos. São cerca de 19 mil notificações por ano. Segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), quase cinco pessoas morrem todos os dias por conta da doença, por volta de 1.600 ao ano. Mas se a doença já foi exaustivamente pesquisada, possui tratamento simples com drogas descobertas ainda na década de 60, então por que pessoas ainda morrem por tuberculose? Diagnóstico tardio e abandono do tratamento são as principais causas.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) enfrentou o problema implantando nos serviços ambulatoriais o tratamento supervisionado onde um profissional acompanha a ingestão do medicamento pelo doente para que aconteça em dia e horário certos. Esse procedimento fez com que, dos 49 municípios paulistas com maior incidência da doença, Itanhaem e Presidente Prudente superassem a meta preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 85% de cura e atingissem índices de 85,5% e 87,1%, respectivamente. Outros nove municípios conquistaram taxas superiores a 80%.

A partir de agora, a Secretaria Estadual da Saúde passa a divulgar anualmente, no Dia Mundial da Tuberculose, um ranking dos dez municípios com melhores e piores índices de cura para a doença. Técnicos serão enviados aos municípios com baixos índices para acompanhamento das ações de saúde até que os números melhorem.

Estas questões e outras ligadas à situação da doença no Estado serão discutidas pela Divisão de Tuberculose, do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), no próximo dia 24 de março (segunda-feira), Dia Mundial da Tuberculose. A proposta de trabalho do CVE para este ano prevê o envolvimento de outras Secretarias de Estado. Por exemplo, a Secretaria de Estado da Cultura poderá incluir em suas atividades a divulgação de artistas mortos por tuberculose, como Noel Rosa. Na área da Educação, será realizado no próximo dia 22 um treinamento dos monitores da saúde integrantes do Programa Parceiros do Futuro para que informações sobre a doença sejam transmitidas aos alunos nas escolas. A Secretaria da Administração Penitenciária fará busca ativa de casos nos presídios, após seus agentes passarem por treinamento dado por técnicos da SES.

O Brasil é um dos 22 países onde a tuberculose tem maior incidência. E a doença resiste através dos tempos. ‘O diagnóstico simples, muitas vezes não é fechado pelo fato dos primeiros sintomas serem confundidos com os de uma gripe forte. Mas a orientação é que toda tosse que persistir por mais de três semanas deve ser pesquisada. Além disso, há muito tempo as faculdades deixaram de dar a devida importância à questão da tuberculose na formação dos novos médicos’, esclarece Vera Galesi, diretora da Divisão de Tuberculose do CVE.

Outro problema considerado crônico é a abandono do tratamento que dura no mínimo seis meses. ‘As pessoas vão até o serviço de saúde, são diagnosticadas, recebem o medicamento gratuitamente, iniciam o tratamento, mas não dão continuidade a ele. Isso acontece porque muitas vezes no primeiro mês os sintomas desaparecem. Isso é gravíssimo porque essas pessoas continuam doentes, transmitindo a tuberculose e ainda desenvolvem cepas resistentes, ou seja, já não vão responder mais aos medicamentos tradicionais’, completa Vera Galesi.

Para a saúde pública a questão também se traduz em números. O tratamento tradicional completo custa para o Sistema Único de Saúde (SUS) cerca de U$22 por doente. Já o tratamento dos multi-resistentes salta para US$4 mil e dura no mínimo 18 meses.

A estrutura de atendimento no Estado para tuberculose é de cerca de 700 serviços ambulatoriais e 134 laboratórios para baciloscopia. Os medicamentos específicos estão distribuídos para atender 100% da demanda. Para que esses doentes cheguem ao serviço de saúde, sejam diagnosticados e tomem corretamente a medicação é necessária uma ampla divulgação da doença que atinja profissionais de saúde e a população em geral. ‘A informação ainda é o melhor remédio para conter a tuberculose’, conclui Galesi.

Da Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Saúde

C.C.