Seade: Fundação divulga hoje pesquisa sobre atividade econômica paulista

Levantamento foi realizado entre julho de 2002 e junho de 2003

ter, 15/06/2004 - 11h16 | Do Portal do Governo

A Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) está divulgando nesta terça-feira, dia 15, os primeiros resultados da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (Paep). As informações coletadas nessa 2ª edição da Paep, entre julho de 2002 e junho de 2003, permitem a análise de diversos segmentos da atividade econômica paulista durante 2001. A 1ª edição foi a campo entre 1997 e 1998, levantando dados referentes a 1996. A pesquisa completa está no site www.seade.gov.br.

O ano de 2001 não registrou intensa atividade econômica. Embora tenha ocorrido algum crescimento no primeiro semestre, a partir de junho o país teve que lidar com a obrigatoriedade de diminuição de consumo de energia elétrica, na crise conhecida como “apagão”. Assim, todas as comparações a serem feitas com 1996 (que, ao contrário, foi um ano de intensa atividade econômica) devem considerar o fato de uma base econômica próspera, para 1996, e uma deprimida, para 2001. Os dados mostram que, apesar do avanço do setor terciário, em todas as regiões do Estado, a indústria ainda é a maior responsável pela adição de valor da economia paulista – maior que a soma dos setores comércio e de serviços. No entanto, a indústria paulista não conseguiu acrescentar novos postos de trabalho: o total de pessoal ocupado neste setor diminui de 2,18 milhões, em 1996, para 1,92 milhão, em 2001.

A crise econômica teve reflexos diretos no nível de emprego e, com o aumento do número de desempregados, ocorreu uma sensível redução da massa salarial, o que acarretou retração também do poder de compra dos trabalhadores brasileiros. Como a indústria paulista abastece grande parte do mercado nacional, é também a que mais sofre em períodos recessivos, sendo os setores produtores de artigos direcionados ao consumo os mais afetados.

O comércio, embora com um total de pessoal ocupado pouco superior ao da indústria, também perdeu postos de trabalho em relação a 1996: de 2,07 milhões, o pessoal ocupado decresceu para 1,92 milhão em 2001, ocasionado em grande parte pela retração da atividade econômica, queda da renda e elevação das taxas de juros, que incidiram negativamente sobre a atividade. Exemplo disso é o comércio de alimentos realizado em pequenos estabelecimentos, que encontrou, além da conjuntura difícil proveniente da queda da renda para o consumo, uma concorrência mais acirrada imposta pelos hiper e supermercados, que aumentaram sua participação do market share do varejo.

Notável é a participação dos serviços no emprego, já que esse setor responde por quase metade do pessoal ocupado do conjunto dos três setores (indústria, comércio e serviços), além de seu valor adicionado, embora inferior ao da indústria, ser bastante significativo, representando pouco mais de 38% desse total.

No Estado de São Paulo, os dados da Paep mostram que os segmentos mais importantes se conectam ao processo de terceirização de atividades rotineiras ou cumprem papel importante na gestão da atividade empresarial. Os serviços auxiliares às empresas e os
serviços técnicos representam, juntos, cerca de 27% do emprego e do valor adicionado gerado pelas atividades de serviços no Estado.

O setor bancário, em que pese o número reduzido de empresas, mostra uma das características mais marcantes da economia paulista e que é exacerbada neste setor: a concentração econômica. No Estado de São Paulo, 90 bancos empregam cerca de 170 mil pessoas, quase a metade do contingente ocupado nas cerca de 8 mil empresas da construção civil. Além disso, observa-se grande concentração dentro do próprio setor.

Além da concentração, outra característica da economia paulista é a interdependência dos setores, que se integram e se complementam. Exemplo disso é a grande complementaridade do setor de serviços com a indústria, já que o segmento de serviços auxiliares às empresas é o maior do setor, em termos tanto de pessoal ocupado quanto de valor adicionado. O segundo segmento deste setor é o de transporte, seguido por serviços técnicos às empresas, saúde e telecomunicações. Ou seja, os dados do setor de serviços mostram que a integração é a marca da economia paulista.

Vista pela ótica regional, essa afirmação é mais verdadeira à medida que se aproxima da Região Metropolitana de São Paulo, em especial de seu núcleo, a capital. O grau de concentração econômica não é somente nas empresas de grande porte (com exceção do comércio), mas também regional. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) responde por 52,6% do valor adicionado pela indústria estadual, por 70,1% dos serviços e por 55,9% do comércio. A indústria metropolitana representava, em 1996, 60% do valor adicionado estadual, o que significa que sua redução na participação do Estado é significativa, no período 1996-01 (e que se estende às suas sub- regiões: diminui a participação da capital, mas também a do ABC e dos demais municípios da RMSP). Deve- se lembrar, no entanto, que as regiões que mais aumentaram sua participação no período foram aquelas que compõem o chamado “entorno metropolitano”, formado pelas Regiões Administrativas de Campinas, São José dos Campos, Sorocaba e Região Metropolitana da Baixada Santista. Esse espaço produtivo, que em 1996 respondia por 88,2% da produção industrial paulista, aumentou para 90,1%, em 2001.

Além de recursos próprios do Seade, a Paep foi financiada pela Secretaria de Economia e
Planejamento do Estado de São Paulo, pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Finep, e do Ministério da Educação. Para sua realização contou com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Associação Comercial de São Paulo, Conselho Regional dos Contabilistas do Estado de São Paulo, Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo, Federação dos Serviços do Estado de São Paulo, Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo, Sebrae-SP, além dos apoios institucionais do IBGE e da Febraban.

Da Assessoria de Imprensa do Seade

(AM)